Por Amilton Aquino [trechos entre colchetes adicionados por este blog democracia&politica]
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“Vamos ver os gráficos da evolução dos PIBs de cada região econômica do planeta para entender o que aconteceu nos últimos anos. Vamos começar pela América do Sul.
Sem dúvida, o detalhe que mais chama a atenção nesse gráfico [acima] sobre a América do Sul é o rápido crescimento entre os anos de 2003 e 2008, o que ressalta ainda mais o contraste com os difíceis anos que marcaram o final da década de 90 e início dos anos 2000 [anos ‘neoliberais’ de FHC/PSDB/DEM no Brasil e Menem na Argentina, especialmente].
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Ou seja, em apenas seis anos [entre 2003 e 2008, principalmente com o governo Lula, no Brasil, e kirchner na Argentina], o PIB do continente foi multiplicado por duas vezes e meia.
Agora vejamos o gráfico do continente mais pobre:
Observe que, ao contrário da América Latina, que sofreu bastante com as crises de 1997 a 2001, o continente africano permaneceu quase indiferente. No entanto, o crescimento africano, a partir de 2003, é bem parecido com o verificado entre os latino-americanos.
Somente a título de curiosidade, foi na África, mais precisamente em Angola, que aconteceu o crescimento mais rápido da história. Em apenas um ano, em 2006, Angola cresceu absurdos 19,4%!
Agora, observemos o gráfico do continente asiático:
Também fica claro o forte impacto [porém menor que na América do Sul] da série de crises [‘neoliberais’] do final da década de 90 e início dos anos 2000. Apesar de revelar a forte aceleração do crescimento já verificado na África e na América Latina, entre 2003 e 2008, o gráfico do continente asiático reúne países muito heterogêneos, o que atenua a curva de crescimento dos últimos anos.
Vejamos então o gráfico do sul da Ásia, região que concentra os novos emergentes:
Mesmo sem contar o vertiginoso crescimento da economia chinesa, a curva de ascensão dos últimos anos do sul asiático é semelhante ao fantástico crescimento africano e latino-americano.
Agora, vamos observar o gráfico da evolução do PIB dos países do leste europeu:
Os países pós-comunistas do leste europeu foram os que mais sofreram na década de 90. Aliás, a derrocada iniciou bem antes da queda do muro de Berlim. Após o recorde do PIB de US$ 1,2 trilhão em 1983, as economias do leste europeu iniciaram vertiginosa queda que demorou uma década e meia, reduzindo seus PIBs pela metade em 1999. Felizmente, a partir da década de 2000 tais países iniciaram uma fantástica recuperação que multiplicou seus PIBs por cinco entre 2000 a 2008!
Agora, vamos ver o que ocorreu com o mundo rico no mesmo período:
O que mais chama atenção nesse gráfico é a quase [óbvia] indiferença das economias norte-americana e canadense às crises [‘neoliberais’] que atingiram os continentes mais pobres. Apesar do crescimento linear, o rápido crescimento verificado nos demais continentes a partir de 2003 não é tão perceptível. De 2003 a 2008, o PIB da América do Norte cresceu pouco mais de 30%. Sem dúvida, um bom crescimento, porém insignificante quando comparado aos 300% de crescimento dos países do leste europeu; 270% da África; 250% da América do Sul; dos quase 100% da Oceania; e até mesmo dos 60% da raquítica América Central.
Mas, e a Europa ocidental? Como se comportou o velho continente neste novo mundo? Vejamos:
Observe que a curva ascendente da economia da Europa ocidental é semelhante à da América do Norte, com a diferença que a Europa sentiu as crises dos anos 80 e do início dos anos 2000. Outra pequena diferença: o PIB da Europa Ocidental cresceu 50% entre 2003 e 2008, um resultado um pouco melhor que os 30% da América do Norte, mas igualmente insignificante quando comparado ao crescimento dos demais continentes. Se considerarmos, no entanto, que parte desse crescimento decorre da demanda reprimida nas crises do início da década, concluímos, então, que o crescimento da economia européia segue no mesmo ritmo do norte-americano: acomodado, com sinais cada vez mais evidentes de esgotamento do potencial de crescimento.
Pior que o desempenho norte-americano e europeu só mesmo da economia japonesa, que permaneceu estagnada desde meados dos anos 90.
Agora vejamos o gráfico da Oceania:
Mais uma vez, o que chama mais atenção é o rápido crescimento a partir de 2003, com um leve retrocesso no início dos anos 2000. A Oceania, portanto, aparece como exceção no mundo rico, pois cresceu num ritmo mais acelerado a partir de 2003, pegando carona no crescimento da China, já que a Austrália é uma das grandes exportadoras de minérios do mundo, assim como o Brasil.
COMENTÁRIO: (ter, 21/06/2011, de João Bosco Rocha, no portal de Luis Nassif):
“A conclusão óbvia [...] que se pode deduzir claramente dos gráficos é a de que a ‘globalização’, que coincide com o início do governo FHC no Brasil, foi um desastre para os emergentes e resto do mundo. Só foi boa para Estados Unidos, Canadá, Europa e tigres asiáticos juntamente com a China.
Quando os países prejudicados por essa ‘maravilhosa corrente’ (o termo é apropriados, onde está implícito o elo em cadeia), que se chamou de ‘globalização’ [e ‘neoliberalismo’] viram o atoleiro a que foram levados, acordaram, mudaram seus governos (como no Brasil e América Latina), mudaram sua orientação política e econômica, e deram a volta por cima. A curva de crescimento é acentuada, justamente porque saíram de forte queda para alta.
Portanto, a ‘globalização’ serviu aos países desenvolvidos, foi um instrumento de dominação, sem dúvida, através do domínio financeiro dos demais países. Felizmente, o mundo acordou para essa falácia.”
FONTE: artigo do “Visão Panorâmica”, por Amilton Aquino, transcrito no portal de Luis Nassif. Comentário de João Bosco Rocha, no portal de Luis Nassif. (Fonte dos gráficos: http://unstats.un.org).
(http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/evolucao-do-pib-nos-paises-emergentes#more) [trechos entre colchetes adicionados por este blog democracia&politica].
Maria Tereza
ResponderExcluirMuito interessante! Parabéns!
Iurikorolev,
ResponderExcluirMuito obrigada! Sei que você conhece bem o assunto. Por isso, sua apreciação é importante.
Maria Tereza
Acha mesmo que a globalçização foi a responsável pelo desastre nos países pobre? O senhor, não sendo europeu ou norte-americano não percebeu a enorme transferência de riqueza que foi efectuada pelo nossos países para os outros? Sabe quem financia ~50% do crédito mundial? A Europa. Sabe quem iniciou a transferência de capitais para esses países? Os países chamados ricos e neoliberais, permitindo uma revitalização dessas economias e uma desindustrialização que provoca um atoladeiro de desemprego para os povos que financiaram o resto do Mundo. Basta observar a progressão dos níveis de emprego nestes países e verá como se associam à perda de indústria. O neoliberalismo é a razão pela qual os países em desenvolvimento estão a progredir neste momento. Imaginem que os países europeus e norte-americanos impunham barreira aos vossos produtos tal como vocês aplicam aos produtos europeus ou norte-americanos...
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