segunda-feira, 25 de julho de 2011
INTERESSE DOS EUA EM BLOQUEAR 'EX-QUASE COMPRA' DO CARREFOUR
[OBS deste blog ‘democracia&política’: como sempre, a nossa grande mídia e a oposição por ela pautada trabalharam na defesa de interesse de grande grupo econômico estrangeiro. No caso, o Walmart, a maior empresa do mundo. Parabéns. Tiveram sucesso. Os norte-americanos agradecem. Ruim para os brasileiros.]
PARA REFLETIR SOBRE A EX-COMPRA DO CARREFOUR
Por Brizola Neto
“Sei que muitas pessoas se opuseram, de boa-fé, à operação do BNDES que visava abocanhar, com a associação ao Pão de Açúcar, um naco da rede francesa Carrefour, a segunda maior do mundo.
Também a mim, como à grande maioria das pessoas, donos de supermercados não são exatamente as pessoas mais simpáticas do planeta.
E houve uma falha gravíssima de comunicação [do governo e BNDES] que fez com que muitos entendessem [como capciosamente plantaram com sucesso a grande mídia e a oposição] que isso era “uma ajuda” a Abílio Diniz e “um desperdício” de recursos do BNDES que, muitos pensam, devem ser aplicados apenas onde a iniciativa privada não quer por dinheiro. E não em oportunidades de negócio que afirmem o país e abram, senão diretamente mercados, as portas para os mercados no exterior [para produtos brasileiros].
Tinha tudo para ser um negócio altamente lucrativo para a subsidiária do BNDES que opera as participações acionárias do banco, captando dinheiro no mercado e reinjetando seus lucros no próprio BNDES, até para financiar seus empréstimos a baixo custo para aqueles setores menos ou nada lucrativos.
Agora, não vai passar muito tempo até que o Walmart [dos EUA] compre a rede francesa, ficando com 25% do mercado [brasileiro], além dos 18% do Pão de Açúcar ficarem com os franceses do grupo Casino, que deve expelir Diniz do comando da empresa ano que vem [com isso, a entrada no Brasil de produtos americanos e franceses será ainda maior].
Com toda a humildade e sem querer ser dono da verdade, transcrevo um trecho da coluna de Patrícia Campos Mello, da ‘Folha’, especialista em política e economia internacional e estudiosa dos fenômenos da China e da Índia, publicada sexta-feira.
E reflitam sobre aquela frustrada operação à luz do que ela informa. Chineses e hindus não chegaram aonde chegaram rezando na cartilha do liberalismo econômico, onde o Estado não entra senão em maus negócios.
“Tal como a UE (União Europeia), os EUA encaram o Brasil como alvo prioritário no programa “exportar para sair da crise”. Quando veio ao Brasil, em março, o presidente Barack Obama deixou claro que aumentar as vendas de produtos americanos para o Brasil era um dos principais objetivos dos EUA. Autoridades americanas chegaram a ser pouco diplomáticas ao declarar que a viagem era “fundamentalmente a respeito da recuperação econômica e exportações americanas”, como disse o vice-conselheiro de segurança nacional Mike Froman, responsável por assuntos econômicos internacionais".
“As exportações para o Brasil geram 250 mil empregos nos EUA; metade da população do Brasil é hoje considerada classe média e isso cria grande oportunidade".
Enquanto as duas combalidas velhas potências lutam por um naco do saboroso mercado interno brasileiro, o Brasil vai às compras na UE em liquidação. A Comissão Europeia acaba de aprovar a compra de quatros empresas espanholas e uma alemã pela CSN. A CSN comprou a siderúrgica alemã ‘Stahlwerk Thüringen GmbH’ e quatro companhias que pertencem ao grupo espanhol ‘Alfonso Gallardo’: ‘Cementos Balboa’, ‘Corrigados Azpeiti’a e ‘Corrugados Lasao’.
O BNDES financiou a aquisição da CSN, perdeu dinheiro no processo de descruzamento de ações que a tirou da também financiada compra da Vale, tudo no luminoso governo neoliberal de Fernando Henrique. E muitos dos que achavam “imoral” o negócio da compra de parte do Carrefour na França acharam bonito usar o mesmo dinheiro para os doar as estatais [em grande parte para estrangeiros, e até estatais].
Os “anjinhos” não são sempre tão angelicais, não.”
FONTE: escrito por Brizola Neto e publicado em seu blog “Tijolaço” (http://www.tijolaco.com/para-refletir-sobre-a-ex-compra-do-carrefour/) [trechos entre colchetes adicionados por este blog].
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