Ataque da OTAN na Líbia
QUEM VENCE NA LÍBIA? O “POVO”? OS “REBELDES”?
E o vencedor é…?
Por Antonio Luiz M. C. Costa, na "CartaCapital"
“Repete-se há seis meses que “a queda de Kaddafi é iminente”, mas com grande parte de Trípoli nas mãos dos revoltosos, inclusive o complexo de governo, pode-se finalmente acreditar nessa frase sem correr o sério risco de superestimar a competência dos rebeldes. Demonstrada, mais uma vez, na noite de 22 de agosto. Todas as mídias anunciaram a captura de Saif al-Islam, filho e principal porta-voz de Kaddafi, supostamente confirmada pelo Tribunal Penal Internacional, mas ele apareceu num hotel cheio de jornalistas, dirigindo seu próprio carro, para assegurar que controlava a cidade e “escorraçaria as ratazanas”. Muhammad, o filho mais velho também “capturado”, escapou à prisão, segundo os rebeldes. Faz lembrar a frase feita sobre pessoas a quem não se deve dar duas tartarugas para cuidar ao mesmo tempo.
Em todo caso, o regime que dominou a Líbia por 42 anos foi derrotado. Menos pela “primavera árabe”, neste caso pouco mais que pretexto, do que pela intervenção direta dos EUA e seus aliados sob a folha de figueira do mandato da ONU para “proteger os civis” por meio de uma zona de exclusão aérea.
Foram decisivos não só os ataques diretos dos aviões e navios da OTAN às tropas e instalações civis e militares de Kaddafi, como também a participação discreta, em terra, de conselheiros e instrutores militares da SAS (Special Air Service, força especial secreta do exército britânico) e de espiões do MI-6 no planejamento das ofensivas militares. Sem isso, a rebelião, ao que tudo indica, teria sido destroçada há meses.
Mas quem venceu? “Os rebeldes” é uma resposta que, além de ingênua, não quer dizer muita coisa. A oposição a Kaddafi é um saco de gatos que inclui monarquistas pró-ocidentais do antigo regime, islamistas originados da Al-Qaeda (como reconhece a própria OTAN), socialistas e empresários, além de muitas figuras importantes do regime teoricamente deposto. Os conflitos internos foram brutais mesmo durante a luta, como mostrou o assassinato do ex-ministro do Interior de Kaddafi e comandante militar rebelde Abdul Fatah Younis em 28 de julho, supostamente por rebeldes islamistas. Deixados a si mesmos, os rebeldes estariam prontos para outra rodada de guerra civil.
A vitória, por enquanto, pertence aos norte-americanos e europeus, que tentarão colher os louros na forma de petróleo. Os rebeldes já deram várias indicações de que os premiarão com contratos e concessões e punirão as estatais da Rússia, China e Brasil, países que se recusaram a apoiá-los e romper com Trípoli.
Assim, uma leitura possível é que as velhas potências do Atlântico Norte tenham vencido a primeira batalha de uma nova guerra fria, que as opõe aos BRICS. Se consolidarão essa vitória, só o tempo dirá: o Afeganistão e o Iraque mostraram que uma invasão bem-sucedida é apenas o começo de uma longa dor de cabeça.”
PS do Viomundo: Não subestimemos o fato de que, pelo menos no Brasil, a mídia joga no time da OTAN. Quase em uníssono.”
FONTE: escrito por Antonio Luiz M.C.Costa, editor de “internacional” da revista “CartaCapital”; também escreve sobre ciência e ficção científica. Transcrito no portal “Viomundo” (http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/antonio-luiz-costa-na-libia-otan-faz-1-a-0-nos-brics.html)
[imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
Oi Maria Tereza, a íntegra já está postada no Portal da Carta Capital, é sensacional.
ResponderExcluirQuem ganha a Líbia?
Antonio Luiz M. C. Costa
30 de agosto de 2011
http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/quem-ganha-a-libia-2
Probus,
ResponderExcluirObrigada pela indicação. Excelente artigo. Já selecionei para também postá-lo.
Maria Tereza