quinta-feira, 20 de outubro de 2011
ARMAS NUCLEARES, CIDADES E O BRASIL
Mais que simples objetos de status [de poder], armas nucleares têm objetivo de destruição que indiscrimina inocentes e que pode dizimar cidades inteiras
Por João Coser, Pol Heanna Dhuyvetter e Takashi Morita
“Armas nucleares podem parecer irrelevantes ao Brasil contemporâneo, mas não por acaso a presidente Dilma Rousseff levantou o tema novamente perante a ONU, em 22 de setembro último.
Em suas palavras, "temos, sim, de avançar na reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ele tem sido o baluarte da lógica do privilégio nuclear".
De fato, as estimadas 20 mil bombas restantes perpetuam um modelo de poder que o Brasil, como único país do BRIC a não possuí-las, incansavelmente busca modificar. Mais do que simples objetos de status, armas nucleares têm um objetivo de destruição que indiscrimina inocentes.
Além disso, podem aniquilar toda uma cidade, pondo fim a tudo o que gerações de prefeitos e cidadãos construíram.
Nas palavras do secretário-geral da ONU, "enquanto essas armas existirem, ninguém está seguro".
Cientistas alertam que a incineração de apenas 20 delas teria impacto catastrófico no clima, levando à fome em escala global. Armas nucleares e mudança climática vêm sendo reconhecidas como os dois maiores desafios à segurança da sobrevivência humana.
Tendo presenciado a devastação de suas cidades [OBS deste 'democracia&política': pelos maiores ataques terroristas/genocidas da história da Humanidade, perpetrados pelos EUA contra o já vencido Japão, matando mais de 200.000 civis de imediato e muitos outros milhares com as horríveis consequências das bombas], os prefeitos de Hiroshima e Nagasaki criaram em 1982 uma rede internacional, levando a voz ativa dos governos locais em temas de paz e desarmamento, a “Prefeitos pela Paz”.
A rede opera sob lógica simples: em temas que afetam diretamente a sobrevivência das cidades, nada mais justo que essas recebam o direito de serem ouvidas e influenciarem decisões internacionais.
O tema, que nasceu nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, é hoje compartilhado internacionalmente por mais de 5.000 cidades, incluindo 66 no Brasil.
Com crescente interação com governos federais, para promover o início das negociações de desarmamento nuclear, a organização recebe o apoio integral de Ban Ki-moon e do representante da ONU para desarmamento, Sergio Duarte.
Numa época em que a crise financeira assola o mundo, é de se questionar os US$ 104,9 bilhões anualmente gastos em armas nucleares, em detrimento de esforços para prover necessidades humanas básicas.
Como entes governamentais mais próximos da população, os prefeitos têm ciência de que a paz é condição necessária para o desenvolvimento, e de que é preciso lutar para garantir a sobrevivência de nossas cidades.
Acreditamos que o Brasil e a presidente Dilma possam e devam fazer a diferença para avançar o desarmamento nuclear, liderando a campanha internacional proposta por “Prefeitos pela Paz” para a realização de uma conferência especial de desarmamento.
Com o apoio de prefeitos e parlamentares de países que ainda apoiam a manutenção dos arsenais nucleares, é possível virar o debate, superando a paralisação que vem regendo a ONU nas últimas décadas. O Brasil, como potência mundial emergente, e nós, como cidadãos e seres humanos, só temos a ganhar com isso.
Acreditando na importância de seu envolvimento em temas globais, a “Frente Nacional de Prefeitos” oficialmente se tornará parte da liderança de “Prefeitos pela Paz “durante encontro que se iniciou segunda-feira (17) em Foz de Iguaçu.
Dessa forma, endossamos as palavras da presidente para que "redobremos nossos esforços em prol do desarmamento geral e completo das armas nucleares sob controle internacional estrito e efetivo", lembrando a comunidade global que cidades não podem ser alvos.
FONTE: escrito por João Coser, prefeito de Vitória e presidente de Frente Nacional de Prefeitos; Pol Heanna Dhuyvetter, assessor-executivo do prefeito de Hiroshima e diretor internacional de desenvolvimento de “Prefeitos pela Paz”; e por Takashi Morita, presidente da “Associação de Sobreviventes da Bomba Atômica” no Brasil. Publicado na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1710201107.htm) [imagem do google e trecho entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
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