quinta-feira, 13 de outubro de 2011
QUEM FALA PELA ARGENTINA: A MÍDIA OU AS URNAS?
“Pesquisas indicam que Cristina Kirchner pode ter a maior votação da história da Argentina desde o retorno do país à democracia, em 1983. As enquetes divulgadas esta semana apontam sua vitória no 1º turno do pleito de domingo, dia 23,quatro dias antes do primeiro aniversário da morte de seu marido, Nestor Kirchner, que a antecedeu na Presidência, de 2003 a 2007.
Superior ao desempenho previsto para Cristina (53% a 57%) só há três registros na história argentina: Perón , em 52 e 73 e, antes dele, Hipólito Yrigoyen, em 28.
Para quem é informado exclusivamente pelos veículos da grande imprensa brasileira, o panorama na reta final desconcerta pelo fosso entre o que se noticia aqui e as evidências em sentido contrário vindas de lá.
Se o governo Cristina é descrito como uma espécie de Olaria Futebol Clube, como então essa goleada no que nos é vendido como sendo o “Barcelona da pampa”? Como um governante de um ciclo carimbado como “um dos mais ineptos e corruptos”; que declarou moratória de US$ 145 bilhões, impondo aos credores o maior desconto da história mundial (70%); julgou e prendeu militares e torturadores; taxou e confiscou receita do agronegócio; estatizou o papel de imprensa e bateu de frente com a mídia conservadora chegou a esse desempenho, após oito anos “desastrosos”?
Iniciado em 2003, o ciclo Kirchner herdou uma taxa de pobreza produzida pelo extremismo neoliberal que afetava 60% dos 37 milhões de argentinos.Hoje, a economia cresce a 8% ao ano. Sim, beneficiada pelo ciclo de alta das ‘commodites’; se a China desacelerar, os flancos do modelo primário-exportador emergirão lá, cá e nos demais 70% do planeta atados à demanda chinesa.
Em contrapartida, desdenha-se que a pobreza agora, segundo o INDE (oficial), abrange menos de 10% da população (2,5 milhões de pessoas). Com um porém, retrucam os oposicionistas. Sendo o dobro do índice oficial, a inflação efetiva distorce todas as referências de renda real. Pode ser uma parte da verdade. Não toda ela. Dia 23, as urnas anunciarão o saldo político dessa tabulação histórica que a mídia sempre sonegou.”
FONTE: cabeçalho do site “Carta Maior” em 12/10/2011 (http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm) [imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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