quinta-feira, 24 de novembro de 2011
CONSTRUTORAS BRASILEIRAS FOCAM A ÁFRICA
REGIÃO É PRIORITÁRIA PARA CONSTRUTORAS BRASILEIRAS
Por Virgínia Silveira, para o jornal “Valor”
“As dificuldades de logística, os problemas de infraestrutura e as barreiras culturais não foram suficientes para impedir a retomada dos investimentos das grandes construtoras brasileiras no continente africano nos últimos dois anos. Em 2010, a África foi responsável por receita de R$ 2 bilhões para a Odebrecht, o que representou 11,5% de toda a receita da área de Engenharia & Construção do grupo.
A empresa mantém hoje cerca de 28.500 empregados no continente, mas tem atuação mais expressiva em Angola. "Com o preço do petróleo mais estável, nós estamos prevendo reforço de caixa do governo deste país para novos investimentos em infraestrutura", comenta o presidente da Odebrecht para América Latina e Angola, Luis Antônio Mameri.
Sobre o ritmo de expansão dos negócios da Odebrecht no referido país, o executivo estima que, em 2012, o grupo terá incremento de receita entre 7% e 10% acima do nível de 2010. "Hoje, temos cerca de 14 mil empregados em Angola e somos a empresa privada que mais emprega no país. A nossa expectativa é que esse número suba para 18 mil em 2012", disse. Mameri ressalta que 95% da mão de obra contratada é local. Ao longo dos 27 anos em que está presente em Angola, segundo Mameri, a Odebrecht contabiliza a capacitação e a formação de mais de 40 mil pessoas para trabalhar em diversos segmentos: construção de estradas, portos, mercado imobiliário residencial e empresarial, agronegócios, mineração, energia, transporte, entre outros. Cerca de 70% dessa mão de obra, encontrou na Odebrecht seu primeiro emprego.
A Andrade Gutierrez (AG) também prevê ampliar seus investimentos na África e, para 2012, aumentará sua presença em mais três países: Gana, Nigéria e Tanzânia. "Hoje, temos 7 mil funcionários na África e atuamos em 11 países do continente, com foco em projetos que criam valores para essas nações, onde existe pouca infraestrutura e falta quase tudo", comenta o presidente da ‘AG Engenharia e Construção’, Leandro Aguiar.
Cerca de 89% da mão de obra contratada, segundo ele, é local e os demais são expatriados do Brasil e de Portugal. Em Angola, onde a AG está há cinco anos, a empresa precisou disponibilizar dois mil equipamentos para executar uma obra, pois não existiam meios locais e nem a possibilidade de terceirizar serviços.
A AG possui hoje 30 empreendimentos em operação na África e conta com o apoio de financiamento de bancos como o BNDES, Bancos Árabes, agências francesas e do Banco Mundial. "Em Angola, 60% dos projetos contam com financiamento do governo brasileiro, através do BNDES". A barragem de Muamba, em Moçambique, segundo Aguiar, tem 80% de financiamento do BNDES e a construção de uma estrada em Gana foi viabilizada com 70% de apoio do banco".
Aguiar considera a concorrência com os chineses um desafio, pois eles contam com linhas de crédito extremamente favoráveis e levam mão de obra barata para trabalhar nos projetos. "A nossa vantagem é que os chineses têm muita dificuldade de tocar projetos de forma contínua, além da falta de planejamento e de conhecimento adequado para obras mais complexas", diz.
Os investimentos da Odebrecht em Angola são expressivos. Atualmente, segundo Mameri, a Odebrecht tem projetos em execução avaliados em US$ 1 bilhão, mas os investimentos no país totalizam US$ 2,5 bilhões, sendo US$ 1 bilhão somente no setor imobiliário. "A decisão do governo brasileiro de manter a África dentro da sua visão geopolítica é importante para as empresas brasileiras que atuam no continente, pois sabemos que isso significa mais crédito à exportação de bens e serviços", afirma.
Entre os projetos mais importantes, o executivo destaca a construção da primeira usina de açúcar de Angola, que está sendo desenvolvida em parceria com empresários locais. O projeto, avaliado em US$ 320 milhões, tem previsão de ser concluído em 2013.
Também em parceria com empresas internacionais e com a estatal de petróleo Sonangol, de Angola, a Odebrecht está trabalhando para conseguir a concessão do bloco de exploração de petróleo 16, na costa angolana. Os projetos do grupo brasileiro no país incluem, ainda, empreendimentos imobiliários, estradas, reabilitação de duas hidrelétricas (Cambambe e Gove), saneamento e urbanização e construção de casas econômicas em Luanda. A Odebrecht também está avaliando participar do processo de privatização da rede de supermercados "Nosso Super", com 30 lojas no país. "Nós já atuávamos como operadores dessa rede, mas ainda não sabemos se vamos prosseguir. A decisão sai em fevereiro", diz Mameri.
A Camargo Corrêa atua em Angola desde 2005 e já investiu US$ 100 milhões em obras de infraestrutura urbana no país, segundo informou a assessoria de imprensa da empresa. O grupo está na fase final do projeto de uma linha de transmissão de 220 kV, obra considerada fundamental para o desenvolvimento do interior angolano.
A empresa, de acordo com a assessoria de imprensa, está investindo US$ 4 bilhões em um projeto hidrelétrico em Moçambique, que se encontra na fase de licenciamento ambiental e de engenharia financeira. O início da operação da hidrelétrica, que terá capacidade para gerar 2.400 MW em sua fase final, está previsto para o fim de 2012. Em Moçambique, a empresa participa também do consórcio de construção das instalações da mina carbonífera de Moatize, que será explorada pela ‘Vale do Rio Doce’.
A Queiroz Galvão, que está há seis anos na África, relata que o continente está abrindo novo leque de investimentos para as empresas brasileiras nas áreas de energia, abastecimento de água e saneamento básico nas principais cidades de Angola. O segmento de imóveis também se apresenta como mais um item de ampliação dos negócios do grupo no país.
"A expectativa da Queiroz Galvão em relação à África é a melhor possível. A maioria dos países africanos precisa renovar ou implantar seus setores de infraestrutura para alavancar o desenvolvimento", comunica a empresa. A Queiroz Galvão conta hoje com 2400 funcionários na África, dos quais 2 mil angolanos e 400 brasileiros.”
FONTE: reportagem de Virgínia Silveira, para o jornal “Valor”. Transcrita no portal de Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/construtoras-brasileiras-focam-a-africa#more) [imagem do google adicionada por este blog ‘democracia&política’]
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