terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O LIVRO QUE DESMASCAROU A IMPRENSA, por Kotscho


Do Blog “Balaio do Kotscho”

O ANO EM QUE UM LIVRO DESMASCAROU A IMPRENSA

"Se a ‘Gazeta Esportiva’ não deu, ninguém sabe o que aconteceu".

(Slogan de um antigo jornal de São Paulo, nos tempos pré-internet, que ainda inspira muitos jornalistas brasileiros).

Daqui a cem anos, quando os historiadores do futuro contarem a história da velha mídia brasileira, certamente vão reservar um capítulo especial para o que aconteceu em 2011.

Foi o ano em que um livro desmascarou o que ainda restava de importância e influência da chamada “grande imprensa” na formação da opinião pública brasileira.

O suicídio coletivo foi provocado pelo lançamento de um livro polêmico, “A Privataria Tucana”, do premiado repórter Amaury Ribeiro Júnior, com denúncias sobre o destino dado a bilhões de reais na época do processo de privatização promovido nos anos FHC.

Como envolve personagens do alto tucanato em nebulosas viagens de dinheiro pelo mundo, o livro foi primeiro ignorado pelos principais veículos do país, com exceção da revista "Carta Capital" e dos telejornais da Rede Record.

Nos dias seguintes, os poucos que se atreveram a tocar no assunto se limitaram a detonar o livro e o seu autor. Sem entrar no mérito da obra, o fato é que, em poucos dias, “A Privataria Tucana” alcançou o topo dos livros mais vendidos do país e invadiu as redes sociais, tornando-se tema dominante nas rodas de conversa do Brasil que têm acesso à internet. .

No final de semana, o fenômeno editorial apareceu nas listas de jornais e revistas, mas não mereceu qualquer resenha ou reportagem sobre o seu conteúdo.

Em 47 anos de trabalho nas principais redações da imprensa brasileira, com exceção da revista "Veja", nunca tinha visto nada igual, nem mesmo na época da ditadura militar, quando a gente não era proibido de escrever, apenas os censores não deixavam publicar.

Foi como se todos houvessem combinado que o livro simplesmente não existiria. Esqueceram-se que há alguns anos o mundo foi revolucionado por um negócio chamado internet, em que todos nos tornamos emissores e receptores de informações, tornando-se impossível esconder qualquer notícia.

O que mais me espantou foi o silêncio dos principais colunistas e blogueiros do país -falo dos profissionais considerados sérios-, muitos deles meus amigos e mestres no ofício, que sempre preservaram sua independência, mesmo quando discordavam da posição editorial da empresa onde estão trabalhando. Nenhum deles ousou escrever, nem bem nem mal, sobre “A Privataria Tucana”, com a honrosa exceção de José Simão.

Alguns ainda tentaram dar alguma desculpa esfarrapada, como falta de tempo para ler e investigar os documentos publicados no livro, mas a grande maioria simplesmente saiu por aí assobiando e mudando de assunto.

O que aconteceu? Faz algum tempo, as entidades representativas da velha mídia criaram o “Instituto Millenium”, uma instituição voltada à defesa dos seus interesses e negócios, o que é muito justo.

Sob a bandeira da "defesa da liberdade de expressão" [o mais correto seria “libertinagem de expressão], segundo eles sempre ameaçada por malfeitores do PT e de setores do governo federal, os barões da mídia promoveram vários saraus para denunciar os perigos que enfrentavam. O principal deles, claro, era "a volta da censura".

Pois a censura voltou a imperar escandalosamente na semana passada, só que, desta vez, não promovida por órgãos do Estado, mas pelas próprias empresas jornalísticas abrigadas no “Millenium”, que decidiram apagar do mapa, não uma reportagem ou uma foto, mas um livro.

O episódio certamente será um divisor de águas no relacionamento entre a grande imprensa e seus clientes. Por mais que cada vez menos gente acreditasse nessa conversa, seus porta-vozes sempre insistiam em garantir que a mídia grande era “independente, apartidária, isenta, preocupada apenas em contar o que está acontecendo e denunciar os malfeitos do governo, em defesa do interesse nacional e da felicidade de todos”.

Agora, caiu definitivamente a máscara. Neste final de semana, ouvi de várias pessoas, em diferentes ambientes, que vão cancelar assinaturas de publicações em que não confiam mais.

Como jornalista ainda apaixonado pela profissão, fico triste com tudo isso, mas não posso brigar com os fatos. Foi vergonhoso ver o que aconteceu e não deu para esconder. Graças à internet, todo mundo ficou sabendo.

E agora? O que vão dizer aos seus ouvintes, leitores e telespectadores?”

FONTE: blog “Balaio do Kotsho”. Transcrito no portal de Luis Nassif  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-livro-que-desmascarou-a-imprensa-por-kotscho#more). [trecho entre colchetes adicionado por este blog 'democracia&política']

2 comentários:

  1. 20 de dezembro de 2011

    Privataria Tucana disputado a tapa: 120 mil exemplares

    por Conceição Lemes

    A Geração Editorial acaba de mandar uma ordem para a gráfica para imprimir mais cópias do livro "A Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr.

    Tiragem total até o momento: 120 mil exemplares.

    “O trabalho está insano por aqui”, contou-nos há pouco por e-mail Willian Novaes, assessor de imprensa da Geração.

    “Ontem um vendedor ’surtou’, foi embora porque não aguentava mais os clientes [livrarias] brigar pelos ‘poucos’ exemplares.”

    No sábado teve “tumulto” até na porta de uma das gráficas que estão rodando "A Privataria", foi entre duas distribuidoras (uma de Minas Gerais), disputando o reparte disponível. Hoje, o “problema” foi resolvido. Cada uma levou metade.

    “Eu já perdi a conta de ligações de clientes [clientes e distribuidoras] ‘xingando’ a gente, porque querem o livro”, diz Fernanda Emediato, sócia da editora, num misto de surpresa e felicidade pelo sucesso estrondoso.

    “O livro está sendo disputado a tapa.”

    http://www.viomundo.com.br/humor/privataria-tucana-disputado-a-tapa-120-mil-exemplares.html

    P.S. Como um livro pode vender 120 mil exemplares em 10 dias??? Os "escritores" da ABL devem estar morrendo de inveja do Amaury...
    Pois é, cá com meus botões: AMAURY RIBEIRO JUNIOR para a ABL, afinal, ele já é IMORTAL.

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  2. Probus,
    Muito boa e justa a sua proposição. Com certeza, o Amaury Ribeiro Jr já demonstrou mais méritos que o Merval Pereira.
    Maria Tereza

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