sábado, 17 de dezembro de 2011

A SITUAÇÃO DO POVO PALESTINO É AFRONTA À HUMANIDADE

“Participei, com a deputada Marina Sant´Anna (PT/GO), de 20 a 25 de novembro, de grande delegação de parlamentares de várias partes do mundo com o objetivo de testemunhar o sofrimento contínuo da população de Gaza, a convite do “Council for European Palestinian Relations”. E, a partir dessa visita, pressionar as autoridades de Israel para acabar com o bloqueio ilegal da Faixa de Gaza e com as punições coletivas contra a população desse território.

Por Chico Alencar, no “Congresso em Foco

A situação do povo palestino é afronta à humanidade e à paz mundial.

Mais de três anos e meio após o início do bloqueio à Gaza, e passados dois anos da operação “Chumbo Derretido” do governo israelense, condenada internacionalmente, a situação humanitária e econômica de 1,5 milhões de habitantes de Gaza continua dramática, apesar da suposta “diminuição” do bloqueio. Oito em cada dez pessoas dependem da ajuda internacional e 39% estão desempregados! O governo de Israel segue desafiando as leis internacionais e as resoluções da ONU. A “Agência das Nações Unidas para Refugiados” (UNRWA, na sigla em inglês), que fornece educação básica, saúde e cobre as necessidades de habitação aos refugiados palestinos, tem apenas 7% dos seus projetos de construção aprovados por Israel. Desde a “diminuição” do bloqueio, apenas pequena fração dos materiais necessários para a realização desses 7% de obras aprovadas consegue realmente entrar no território.

Grande parte dos projetos do UNRWA decorrem da necessidade de reconstruir a infraestrutura básica, destruída durante ataques israelenses contra a população de Gaza, [principalmente] em janeiro de 2009. Há, hoje, necessidade de muitas novas moradias por lá.

Além disso, embarga-se o aumento no fornecimento de combustível para o funcionamento da usina elétrica de Gaza. Isso resulta em severa escassez de eletricidade e cortes de energia elétrica, inclusive em hospitais. Muitas das passagens em Gaza continuam fechadas, apesar das promessas de Israel de reabri-las. Nenhum tipo de exportação é autorizada a deixar Gaza. Um terço das terras agrícolas e 85% de suas águas territoriais palestinas permanecem inacessíveis para os civis: são parte da “zona tampão” de Israel, mantida pela política de ‘atirar a olho nu’ por soldados israelenses. Vinte e dois membros do parlamento palestino estão detidos em prisões israelenses, e nos inserimos em campanha internacional pela sua imediata soltura.

[A Faixa de Gaza sofre frequentes ataques da aviação israelense]

Apesar disso tudo, o povo palestino resiste, pulsa, se recupera, afirma e reconstrói. Pudemos constatar o empenho de idosos, adultos, jovens e crianças, mulheres e homens, gente simples e autoridades, na construção de sua soberania, identidade e direito à pátria.

A Palestina é uma terra histórica onde vivem, há séculos, mulçumanos, hebreus, cristãos e ateus. Não é justo que ali só exista um Estado, não laico, em detrimento dos árabes e da diversidade de costumes e crenças. O reconhecimento do Estado Palestino, cuja criação foi determinada pela ONU em 1947, é processo irreversível, apesar da reação dos governos dos EUA e Israel, cada vez mais isolados nesse intento antidemocrático.

Todas as correntes políticas palestinas, coincidindo com nossa visita, fizeram acordo para realizar eleições nacionais em maio do próximo ano. A luta avança, portanto. Os 78 parlamentares europeus e sul americanos lá presentes firmaram, em comovente ato público, a “Resolução de Gaza”, que reproduzo:

O tempo dos discursos acabou. Governos e Organizações de Direitos Humanos de todo o mundo precisam empregar todos os poderes pacíficos à sua disposição para forçar um fim ao bloqueio. Essas ações devem incluir sanções econômicas, boicotes culturais e ações diplomáticas como a convocação dos embaixadores para retornarem aos seus países.

A Delegação Internacional convoca todos os governos e ONGs para usar esses meios e exigir:

- Fim às proibições de exportação;

- Fim a todas as proibições de importação e restrições relacionadas aos bens de consumo, saúde e indústria/negócios;

- Suspensão de todo controle sobre as águas territoriais de Gaza;

- Abertura da “Zona Tampão” ao longo da fronteira de Gaza com Israel;

- Trânsito livre de pessoas dentro e fora de Gaza, limitada apenas por verificações razoáveis de segurança e requerimentos de documentação;

- Aceitação internacional das escolhas democráticas do povo palestino nas próximas eleições, e compromisso de se relacionar construtivamente com os representantes eleitos.

Os membros da Delegação irão trabalhar através de suas próprias redes para pressionar pela implementação desta Resolução”.

[Para a mídia internacional e brasileira, as Forças Armadas israelenses sempre agem “em resposta” a ataques palestinos “terroristas” (assim são classificados os que se opõem à invasão e ocupação de suas terras por Israel). Na foto, Israel “responde” a ataque com pedras de "terrorista" palestino]

FONTE: escrito por Chico Alencar, deputado federal (PSOL-RJ). Publicado no “Congresso em Foco” e transcrito no portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=171203&id_secao=9) [imagens do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’]

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