sábado, 21 de janeiro de 2012
ARGENTINA: DECLARAÇÕES DO REINO UNIDO SOBRE MALVINAS SÃO OFENSIVAS
“O governo da Argentina classificou, na quarta-feira (18), como “absolutamente ofensivas” as declarações do primeiro ministro britânico, David Cameron, que acusou o país do sul de “colonialismo” por sua reclamação de soberania das ilhas Malvinas, objeto de uma guerra entre ambas as nações em 1982.
“São absolutamente ofensivos, sobretudo se tratando do Reino Unido. A história mostra claramente qual foi sua atitude [colonialista] frente ao mundo”, manifestou o ministro do Interior Florencio Randazzo, como registrou a agência [espanhola de notícias] EFE.
O ministro indicou que o governo da presidente Cristina Kirchner, aspira que o Reino Unido “aceite a resolução das Nações Unidas (ONU) e negocie a soberania do arquipélago localizado no Atlântico Sul”.
O chanceler argentino, Oscar Laborde, disse que os últimos acontecimentos na América Latina demonstram o isolamento da Grã Bretanha em torno da questão das Malvinas.
Ele esclareceu ao jornal argentino “Página/12” que as nações da América Latina expressam, cada vez mais, respaldo à causa argentina, na demanda pela soberania sobre a ilha.
Como exemplo, Laborde citou o apoio recebido por parte do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), a União de Nações Sul Americanas (UNASUL) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).
“Há, evidentemente, avanço que vai terminar fazendo o império britânico sentar e negociar, como foi resolvido pelas Nações Unidas”, assegurou o representante da chancelaria argentina.
HISTÓRICO
Em 1965, o “Comitê de Descolonização” da ONU decidiu que, nas Malvinas, há uma situação colonial que deve ser resolvida por meio de negociações entre a Argentina e o Reino Unido.
A Grã Bretanha enviou, em 1833, uma navio de guerra que invadiu as ilhas e desalojou a população argentina que se encontrava nesse território.
Cameron anunciou que convocou o “Conselho Nacional de Segurança” britânico para abordar a questão da situação nas ilhas.
Com base nas declarações da ONU, a Argentina sustenta que os malvinenses não têm direito à autodeterminação por se tratar de descendentes de colonos ingleses.
[OBS deste blog ‘democracia&política’: Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido, ofendeu e debochou da inteligência dos argentinos e do resto do mundo ao dizer que “deve ser respeitada a autodeterminação dos habitantes das Malvinas, que querem continuar integrando o Reino Unido”. A gozação de David William Donald Cameron é o fato de que os malvinenses, desde a expulsão dos argentinos, são funcionários civis e militares ingleses e seus familiares e descendentes. Logicamente, não querem mudar de cidadania].
O governo argentino também reclama que o Reino Unido retome as negociações de soberania interrompidas desde a guerra travada em 1982, na qual triunfaram as tropas britânicas.
Complentação deste blog 'democracia&política':
DOCUMENTÁRIO SOBRE A GUERRA DAS MALVINAS:
FONTE: Alto Vale Notícias (AVN). Traduzido e transcrito pelo portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=173626&id_secao=7) [imagens do Google,. trechos entre colchetes e vídeo adicionados por este blog ‘democracia&política’].
Las Malvinas son Argentina!!!!!!
ResponderExcluirMalvinas: Ofensiva colonialista ameaça a América Latina
Por Gilson Caroni Filho
Cameron reedita as táticas sujas de Margareth Tatcher
A decisão da União Européia de reconhecer o arquipélago das Malvinas como seu território, endossando as posições belicistas do premier britânico, David Cameron, que aprovou um plano para aumentar o contingente militar nas ilhas, serve para reacender um dado histórico que nunca deve ser esquecido: a tragédia dos países da América Latina, com seu fundo aberrante de exploração, miséria e desculturalização é uma só e com os mesmos inimigos: o neocolonialismo europeu e o imperialismo estadunidense.
Uma atualização política do “currency board“, sistema inventado pelo império inglês para controlar seus domínios. Se nele, a colônia não tem autonomia nenhuma e a economia flutua ao sabor do déficit comercial, na geopolítica, que se afigura ameaçadora, os países periféricos voltam a orbitar em torno dos ditames das grandes potências. Cameron tira as gravatas de seda e os ternos alinhados para, três décadas depois, reafirmar a retórica de Margareth Thatcher.
Do convés do destróier Antrim, atravessado por uma bomba que não explodiu, Thatcher pronunciou o último discurso no seu giro de cinco dias pelas Malvinas: “Uma coisa tem que ficar clara: estas ilhas são britânicas, seus habitantes são súditos da rainha Elisabeth II e querem permanecer como tais“.
Dirigindo-se aos jornalistas que acompanhavam, ela reiterou que ”não se pode negociar a soberania com os argentinos. Estendemos as mãos à Argentina. Não responderam. Confiamos em que eles o farão um dia. Mas não negociaremos a respeito de nossa posição soberana”.
Cameron deve ignorar que o tempo histórico tem suas razões, que devem ser levadas em conta. A aventura do regime militar de Leopoldo Galtieri tinha como objetivo a permanência indefinida no governo, todo o tempo que fosse possível. Em 2012, Cristina Kirchner representa um modelo político em andamento na região há algum tempo, mais democrático de fato, humanizado e com ênfase nas reformas estruturais necessárias após o desmonte promovido pelo neoliberalismo. Ao contrário do “reel“, dança típica inglesa, o tango se dança em silêncio, não contam tanto as palavras, mas os movimentos e os gestos.
A autodeterminação dos Kelpers, argumento central de Thatcher e Cameron, encerra uma contradição difícil de superar. Como podem reivindicar a cidadania britânica e o direito à autodeterminação? O que temos, de fato, é uma ocupação colonial permanente travestida de ”independência“. Não há mais condições objetivas para o oprimido fazer sua uma memória fabricada pelo opressor.
Convém recordar que se há 30 anos os países da América Latina foram muito além do previsível em seu apoio aos direitos argentinos, não cedendo um metro do seu território para que aviões militares fizessem escala, a resistência seria bem mais intensa com a região estruturada em comunidades como a Unasul e a Celac. Uma empreitada militar teria custos políticos bem mais profundos do que podem imaginar seus idealizadores.
ResponderExcluirNada impede o início de discussões bilaterais sobre as Malvinas. Há para isso um antecedente importante: o documento celebrado em 1968 com a Argentina pelo governo trabalhista de Harold Wilson, que só não entrou em vigor, devido ao adiamento por causa da campanha eleitoral, e à vitória do conservador Edward Heath, depois, nas eleições de 1970.
Seu artigo 4 era bem explícito. “O governo de sua Majestade Britânica reconhecerá a soberania argentina sobre as ilhas a partir da data a ser combinada. Essa data será fixada tão logo o governo de sua Majestade Britânica esteja satisfeito com as garantias e salvaguardas oferecidas pelos governos argentinos para defender os interesses dos seus habitantes.”
Como se vê, há uma saída para um impasse. Majestática, britânica e sensata. Algo que seria bem apreciado no sul do nosso continente.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Correio do Brasil e do Jornal do Brasil.
http://correiodobrasil.com.br/malvinas-ofensiva-colonialista-ameaca-a-america-latina/360105/
Probus,
ResponderExcluirObrigada. Muito bom esse artigo do Gilson Caroni. Postarei-o amanhã.
Maria Tereza