sábado, 18 de fevereiro de 2012

A INSERÇÃO DE PORTUGAL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Lisboa à época

Do portal de Luís Nassif

Por Andre Araujo

“LISBOA EM TEMPOS DE GUERRA”

Dois livros interessantes sobre a cidade das luzes durante as trevas da Segunda Guerra – “LISBON-War in the Shadows of the City of Light, 1939-1945”, de Neill Lochery e “UM HOMEM BOM-A Historia de Aristides de Sousa Mendes”, de Rui Afonso.

O primeiro livro nos mostra a extraordinária atividade de Lisboa durante a Segunda Guerra, capital de um pais neutro e etapa final de fuga de grande número de personalidades, ricaços, intelectuais e pessoas comuns tentando escapar do inferno da guerra. Lisboa era um centro de espionagem e lavagem de dinheiro, especialmente de ouro que fluía da Europa, todos os tipos de cambalachos, contrabandos, trampas e artimanhas para transferir dinheiro para um país seguro. Portugal soube manejar muito bem esses medos e brechas no conflito, tirando o máximo proveito da situação.

A Espanha também era neutra, mas Franco acabava de sair de uma guerra civil onde era aliado de Hitler e Mussolini, um regime inconfiável em 1940, muitos achavam que Franco passaria para o lado do Eixo.

Outros neutros eram a Suécia, a Suiça e a Turquia, mas nenhum tinha a especial situação geográfica de Portugal, ponta final da Europa e rota óbvia para a fuga por navio ou avião em direção à America. O luxuoso transatlântico português Serpa Pinta navegou regularmente para Nova York e Rio de Janeiro durante os cinco anos do conflito, protegido pelas letras garrafais no casco, alertando os submarinos alemães da neutralidade de sua bandeira.

Os Clippers da PanAm vovavam regularmente de Lisboa para Nova York, lotados de passageiros ricos que conseguiam, após esperas de meses, bilhetes disputadíssimos para sair da Europa. Não bastava ter a passagem, o mais difícil era o visto, que os países da America davam a conta gotas e a altos preços.

Enquanto esperavam, os refugiados que podiam passavam as noites no Cassino do Estoril e os mais modestos se acomodavam em pensões e hotéis baratos. Varias organizações americanas e internacionais de apoio a refugiados operavam em Portugal, provendo auxílios a muitos. Os hotéis de luxo como o Palácio em Estoril e o Aviz em Lisboa estavam com reservas fechadas por muitos meses, todos lucravam com a situação e Salazar operava com astúcia para tirar proveito desse maná.

O segundo livro também descreve o cenário português durante a Guerra, mas seu eixo é a biografia do diplomata português que deu milhares de vistos e salvo condutos a refugiados europeus, com o risco de sua vida e carreira, tendo sido drasticamente punido por Salazar. O livro tem duas vertentes, a biografia propriamente dita e uma descrição extraordinária do pano de fundo atrás da guerra, dos deslocamentos de famílias, de obras de arte, de dinheiro, centrando na Europa ocupada e depois em Portugal, contando histórias pessoais dramáticas entrelaçadas com o conflito.

O livro de Lochery traz novíssimas revelações sobre a enorme transferência de ouro em barras da Alemanha para Portugal, sobre os mecanismos de logística usados e qual destinação que essa fortuna teve, com informações que creio serem novas sobre esse tema.

Para quem gosta de literatura de guerra, são dois livros novos escritos em estilo de thriller que valem a pena, o maior conflito da História parece fonte inesgotável de novas histórias.”

FONTE: por Andre Araujo, no portal de Luís Nassif  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-insercao-de-portugal-na-segunda-guerra-mundial#more) [imagens do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].

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