sábado, 17 de março de 2012

GRAÇA FOSTER: PETROBRAS PERSEGUE O CONTEÚDO NACIONAL

Graça Foster, presidente: “Não adianta sonhar, sonho não constrói sondas”, afirmou, referindo-se à crise no EAS
Por Cláudia Schüffner, Heloisa Magalhães e Francisco Góes, no jornal “Valor Econômico”

PETROBRAS PÕE FIM À TRÉGUA COM OS ESTALEIROS DO PAÍS

“A nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, que assumiu o cargo há pouco mais de um mês, deixou claro em entrevista ao “Valor” que pôs um fim à sua trégua com os estaleiros, aos quais a estatal tem encomendas de navios, sondas e plataformas. O principal alvo da executiva à frente da empresa, onde está há 32 anos, é atingir a meta de produção de petróleo, em 2020, de 6 milhões de barris por dia. A entrevista de Graça Foster ao jornal foi feita antes da decisão da saída da companhia coreana “Samsung” da associação no “Estaleiro Atlântico Sul” (EAS) com Camargo Corrêa e Queiroz Galvão. A executiva teve reunião com a fabricante coreana na quarta-feira, na sede da companhia, e, na sua opinião, ou a Samsung teria participação expressiva no EAS ou não faria sentido ficar na associação com apenas 5%, 6% ou 10%.

Abaixo, os principais trechos da entrevista:

Valor: A Petrobras é criticada por descumprir as próprias metas de produção. Porque esse atraso? 

Maria das Graças Foster: Nós estamos fazendo o que é previsível e, é fato, a revisão do plano de negócios todos os anos. O plano de negócios terminou e, em seguida, está sendo avaliado novamente. É nesse processo que nos encontramos. Na próxima semana, vamos terminar toda a análise de 2012. Estamos pegando o plano de E&P [exploração e produção], abrindo completamente, olhando o que é eficiência operacional e começando a abrir [os números] como se fosse uma cebola, em cascas.

Valor: Há alguma boa notícia na área de produção?

Graça Foster: O que tem de muito bom acontecendo em 2012 é que começamos o ano com 16 sondas de perfuração operando. Ao longo de 2011, chegaram 10 sondas. Ao todo, são 26 sondas. E, este ano, chegarão mais 14 sondas, totalizando 40 [encomendadas].

Valor: A senhora pode falar sobre a visita que fez ao estaleiro EAS?

Maquete do EAS
Graça Foster: Posso falar daquilo que cabe à Petrobras. Não posso falar das empresas porque não seria ético. Na quarta-feira, a Samsung [acionista do EAS, com 6%] esteve aqui o dia inteiro reunida conosco.


Valor: A presidente Dilma pediu para a senhora auxiliar na negociação entre os sócios?


Graça Foster: Não recebi da presidenta nenhum pedido para tratar desse assunto. Como controlador desta empresa [Petrobras], o governo quer que a gente cumpra metas de produção, de refino, em relação ao etanol. Para produzir 6 milhões de barris de petróleo por dia [em 2020], tenho que resolver problemas de estaleiro. Nós contratamos a “Sete Brasil” e eu não vou ficar esperando a empresa resolver problemas que são muito maiores do que ela, pois sei de um problema, que é claro de desempenho, abaixo da expectativa do mercado, por parte do “Estaleiro Atlântico Sul”.

Valor: E por que aconteceu?


Graça Foster: Porque não adianta sonhar, sonho não constrói sonda. Tem duas empresas brasileiras que têm tradição, empresas de envergadura que são Camargo Corrêa e Queiroz Galvão e outra empresa espetacular, a Samsung, que produziu o maior número de sondas de perfuração do mundo. Não adianta vir com 5%, 6% ou 10% [de participação societária] para o Brasil. Isso não funciona, não prospera. Não será possível fazer [sondas] se a Samsung não crescer em participação societária. Não se pode imaginar que a Samsung, que tem mercado lá fora que é todo dela, vir para cá com 6%. Ou ela vem para cá gostando do Brasil, dos sócios e de fazer dinheiro aqui… Eu, como não sou a Samsung, só posso dizer que acho que não viria por 5% ou 10%.

Valor: Qual é a solução?


Graça Foster: Que venha e cresça em participação societária e é isso que a gente espera.

Valor: E já há acordo?

Graça Foster: Eles estão discutindo o acordo. Nessa discussão, a Graça só fica olhando e provocando para que eles discutam.

Valor: Mas o acordo seria para a Samsung assumir o controle acionário?


Graça Foster: Não é assumir o controle. Até onde eu sei, veja bem, eu não tenho os detalhes porque eu não sou parte desse jogo, nem a Petrobras nem a “Sete Brasil”. Então, o que eu faço é [perguntar] se já teve a reunião com a Samsung. Se não teve, chamo a Samsung. Eu esperava que o seu CEO [da Samsung] viesse. Não veio? Veio quem? O vice? Então vamos conversar. Chego, vejo reunião morna entre Petrobras e Samsung e aí digo: “não vai embora não, vou chamar a “Sete Brasil”, vou chamar as duas empresas para sentarem”. Aí, saio da sala porque não sou sócia. Depois da reunião, volto para saber quando vai ser o novo prazo.

Valor: Poderia ser um terço de participação cada um?


Graça Foster: Poderia, mas não sei se será assim. Só sei que, do jeito que está, não sai sonda.

Valor: Para a Petrobras há atraso no contrato das primeiras sete sondas com o EAS?

Graça Foster: Parece que não, porque a primeira sonda está prevista para 2015 e como a “Sete Brasil” tem estratégia de contratação já contratou outras sondas, então ela insiste e a gente não tem porque não acreditar, até agora, que vai nos entregar em 2015 a primeira sonda.

Valor: Quando a Petrobras assina contratos das sondas com a “Sete Brasil” e com a “Ocean Rig”?


Graça Foster: Aí é diferente. Quero ver onde vai construir, quem são os sócios que estarão lá. Eu vou assinar com a “Sete Brasil”, mas saberei o que estou assinando.

Valor: Como vai ficar isso?


Graça Foster: Terão de fazer.

Valor: Alguns dos estaleiros ainda não existem.


Graça Foster: Não tem problema não existir, não pode é não ficar existindo por muito tempo. Os projetos têm um tempo. Não há problema de o estaleiro ser virtual. Só vai ter assinatura de contrato na hora em que a “Sete Brasil” demonstrar, por A mais B mais C mais D mais E, que vai construir ali e que aquele estaleiro tem toda a condição de receber a encomenda porque tem um plano B, um plano C. Então, a pressão junto à “Sete” é verdadeira. Não fui nomeada pela presidente [neste assunto]. A presidente me cobra metas e segurança operacional.

Valor: As sondas no Brasil serão construídas com custo em bases internacionais?


Graça Foster: Não tem, no contrato com a “Sete Brasil”, nas sete primeiras [unidades], espaço para aumentar preço. Se aumentar, está na conta da “Sete”.

Valor: Qual é o tempo de atraso das sondas?


Graça Foster: Essas sondas atrasaram 36 meses no total e não tem nenhuma brasileira. São todas feitas no exterior. A Petrobras pode fazer um trabalho na frente, sabendo que essas sondas vão funcionar este ano. E vão trazer grandes resultados a partir de 2013 e 2014. Depois, vêm as unidades de produção. Começamos 2011 com 111 unidades e chegaram mais duas, depois chegaram mais cinco, e este ano, mais duas. Ao final de 2013, teremos 127 unidades de produção. Então, teremos as sondas de perfuração, as sondas de produção e o óleo descoberto. Não tem como dar errado.

Valor: Mas trata-se de um atraso de três anos.


Graça Foster: Não é atraso de três anos [em cada sonda]. É atraso somado de 36 meses. Uma sonda atrasou três meses, outra cinco meses, outra quatro. Quando soma, tem 36 meses no conjunto. Este ano, temos planejamento para fazer 42 poços e estão em harmonia com a chegada das sondas.

Valor: Dá para dizer que atrasou o pré-sal?


Graça Foster: Atraso do pré-sal não há. Mas essas sondas que atrasaram 36 meses causam impacto na carteira toda. Você tem recursos e movimenta esses recursos em direção ao que há de maior volume potencial de produzir. Não há correlação direta: “atrasou a sonda, atrasou o pré-sal”.

Valor: A queixa é que a empresa gasta demais e não produz. Aí vem outro tema, que é o preço cobrado dos combustíveis. O preço interno inferior ao internacional não é um problema?


Graça Foster: A Petrobras tem um plano de negócios, um pré-sal pela frente, um plano de refino, de novas refinarias, uma série de compromissos já iniciados no que se refere ao investimento e a construção dos ativos. A Petrobras investe US$ 225 bilhões [até 2015], olha para dez anos à frente e para 2020 com meta de produção de 6 milhões de barris de óleo equivalente [por dia] ou 4,67 milhões de barris de óleo líquido de gás [por dia]. O fato é que o nosso investimento é de longo prazo e a política de preços também é de longo prazo.

Valor: Qual o benefício?


Graça Foster: Entendemos que é bastante favorável que esse mercado novo vingue. Essas refinarias, no passado, eram todas para a exportação. E reverteu o quadro por conta da inclusão social, da fatia nova de consumidores nacionais. Temos noventa e tantos por cento do consumo de gasolina e de diesel no país. Produzimos e consumimos aqui. Temos a produção doméstica, as refinarias e o consumidor aqui. O custo de logística é mínimo comparado com o custo de colocar [os derivados ou petróleo] em um mercado que está a cinco mil milhas e que tem outros ofertantes.
  
Valor: E as perdas?


Graça Foster: O nosso investimento é de longo prazo, o resultado é de longo prazo e a política de preços também. Esse mercado novo, que cresce em torno de 40% a 50% – essa é a projeção para até 2020 -, é muito interessante. Estados Unidos, Japão e Coreia não ficam dependentes em mais do que 10% da importação de líquidos. No caso da Petrobras, se não tivéssemos esse parque de refino, estaríamos com 40% de importação de derivados e exportando mais petróleo com a volatilidade contra nós na exportação e na importação.
  
Valor: Mas, e as perdas?


Graça Foster: O que acontece são perdas reais em determinado mês, em determinado trimestre, como aconteceu no último trimestre de 2011, quando a gente importou muito mais derivados e não teve a paridade exata de preços com o mercado interno. Agora, esse mercado novo para nós é muito valioso. Então, neste mês perdemos, no [quarto] trimestre nós perdemos, mas no conjunto do ano tivemos o segundo melhor resultado da Petrobras – o melhor foi o de 2010 e o de 2011 foi R$ 3 bilhões menor no resultado líquido. Além do que, em 2008, 2009 e parte de 2010 estávamos vendendo mais caro aqui do que estava lá fora. O que queremos é que haja estabilidade econômica, que esse mercado cresça. Em determinado momento, vamos ter que ajustar, isso é inexorável. Estou dizendo com todas as letras que vai ter de ajustar em determinado momento.

Valor: Em que momento?


Graça Foster: O momento será aquele necessário para não perdermos a capacidade de investir. O mercado cresce e vai chegar certo momento em que vai aumentar o preço e ficar mais caro aqui do que lá fora. Não sei que momento será esse, se é em três anos ou daqui a dois ou um. Então, vamos estar com volume maior que é todo nosso e vou ganhar esse dinheiro de volta.

Valor: O conteúdo nacional é uma política do governo, mas há preocupações com aumentos de custos. Como a Sra. vê esse assunto, que é muito sensível, dado o tamanho das encomendas?

Graça Foster: O que me preocupa não é a questão do conteúdo nacional. Todos os números foram apresentados pela Petrobras ao governo. Então, não me venha chorar que não dá [para cumprir os compromissos], porque foi você [a empresa] que levou o número. Digo isso porque já estive do lado de lá. Eu montei, com a colaboração da Petrobras, o primeiro PROMINP [Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural]. José Eduardo Dutra [diretor da estatal] era presidente da Petrobras, a presidenta Dilma, ministra de Minas e Energia, e, eu, secretária de petróleo e gás [do Ministério de Minas e Energia]. Foi feita uma conta e foi apresentada ao governo 60%, por exemplo, para o conteúdo local de uma sonda de perfuração. O número que é fechado é de total e absoluta responsabilidade da Petrobras, foi a Petrobras que concordou.

Valor: E outras operadoras também.


Graça Foster: E outras tantas operadoras.

Valor: Há entre as empresas quem diga que achava que conseguiria cumprir o conteúdo local, mas não tinha certeza.


Graça Foster: O que havia talvez fosse a possibilidade de que o governo recuasse, mas o governo não vai abrir mão, é política de governo. Acontece na Noruega e em tantos outros países defender que a indústria de petróleo e gás passe também pelo desenvolvimento da indústria nacional de bens e serviços. Existe uma questão fundamental que cada empresa tem que cuidar que é documentar, porque o dia vai chegar. Vai chegar o dia em que [a empresa] terá que ir lá provar [na ANP] que fez o conteúdo local.

Valor: Mesmo que onere custos?

Graça Foster: As 40 sondas que comentei foram feitas fora e estão em valores de mercado. E a gente só assina o contrato [com “Sete Brasil” e com “Ocean Rig”] se o preço estiver dentro das métricas internacionais, porque não tem como contratar com valor maior.

Valor: E a questão dos minoritários no conselho de administração. Como a senhora vê a reclamação?


Graça Foster: É algo que a Petrobras não tem poder. Vejo os minoritários tomando posição a favor da companhia no entendimento deles, das melhores práticas [de gestão], das questões de mercado. Vejo com satisfação o movimento a favor da companhia no sentido de observá-la, de participar mais dedicadamente da gestão da companhia através de seus representantes de ações ordinárias e preferenciais. Mas deixo claro, conheço o Josué [Gomes da Silva, presidente da “Coteminas”, cuja indicação vem sendo criticada], ele é um excelente quadro técnico. Antes de vocês chegarem, eu estava usufruindo do conhecimento do conselheiro [Jorge] Gerdau. Conversamos sobre Petrobras, sobre a indústria. É fantástico ter o minoritário participando da minha vida, de minha gestão, dando ideias.

Valor: Mas há insatisfação dos minoritários em relação a sua representação…


Graça Foster: É algo que não tenho que opinar, é sobre o processo de eleição.

Valor: Quando vão anunciar o plano de desinvestimento?


Graça Foster: Esse ano tem programação relevante de desinvestimento. Não posso falar, mas posso dizer que inclui ‘farm-outs’ [venda de participações em campos de petróleo].

Valor: A Argentina está cobrando mais investimentos da Petrobras nas operações locais?


Graça Foster: A reunião [sobre isso] acho qu
e será na semana que vem. Eu ainda não sei qual é a agenda. Não vamos investir mais para perder, mas para ganhar. Então, tenho que conhecer as regras. A depender das regras, a gente pode se interessar mais ou menos pelo negócio.

COMPLEMENTAÇÃO:

SAMSUNG DEIXA DE SER SÓCIA DO EAS

Sansung, na Coreia do Sul
Por Ivo Ribeiro, do jornal “VALOR”

“Depois de fortes pressões, inclusive da direção da Petrobras, a maior cliente do “Estaleiro Atlântico Sul” (EAS), a companhia coreana “Samsung Haevy Industriais” deixou ontem, após frustradas negociações, a associação que tinha com Camargo Corrêa e Queiroz Galvão no estaleiro, localizado dentro da área do porto de Suape, em Pernambuco.

As duas sócias brasileiras do EAS, que exerceram o direito de preferência na compra da participação de 6% da coreana, já negociam com dois grupos estrangeiros novo parceiro tecnológico para o estaleiro. A escolha por um deles deverá sair logo, apurou o “Valor” com uma fonte que acompanha as negociações.

A avaliação de um dos sócios é que a “Samsung” trabalhava contra o EAS o tempo todo, querendo levar a produção para a Coreia e inviabilizar o EAS.

A “Samsung” foi escolhida desde o início do projeto, sete anos atrás, para ser a fornecedora de tecnologia ao EAS na construção de navios, sondas de perfuração de petróleo e plataformas. O EAS, o maior e um dos mais modernos do país, no entanto, vinha enfrentando uma série de problemas, como atraso nas entregas, problema na construção do primeiro navio, o “João Cândido”.

Petroleiro “João Cândido”

O navio é o primeiro petroleiro a ser lançado ao mar no âmbito do “Programa de Modernização da Frota da Transpetro” (PROMEF), mas até agora não foi entregue à subsidiária da Petrobras. Ao todo, as encomendas da Transpetro ao EAS somam 22 petroleiros e R$ 7 bilhões, dos quais cerca de 90% financiados pelo BNDES. Além de navios, há pedidos de sondas.

A saída repentina da “Samsung” vai na direção oposta do que desejava o governo. Nos últimos dias, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, seguindo orientação da presidente Dilma Rousseff, que está preocupada com atrasos na entrega de encomendas e com problemas tecnológicos do estaleiro, vinha negociando o aumento da fatia dos coreanos no EAS.”

FONTE: reportagem de Ivo Ribeiro, do jornal “Valor Econômico”. As duas reportagens acima foram postadas por Luis Favre em seu blog  (http://blogdofavre.ig.com.br/2012/03/petrobras-poe-fim-a-tregua-com-os-estaleiros-do-pais/). [Título e imagens do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].

9 comentários:

  1. Isso e bom para o governo aprender que não se constroem navios por decreto nem alianças políticas.
    Tem que ter competência empresarial.
    Se a Samsung resolveu se retirar do EAS ao invés de aumentar sua participação é porque a coisa está mal. Nenhum grupo perderia a oportunidade de aumentar sua participação numa empresa que tem o volume de encomendas que o EAS tem atualmente.
    Que isto sirva de lição. Estamos negociando com "players" experientes e duros de negociar - padrão asiático - Temos recursos financeiros, demanda, mas não temos mão de obra qualificada e experiente.
    Lamentável faltar o essencial, PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E CAPITAL TECNOLÓGICO tanto para engenharia quanto para a produção, o EAS se tornou um feudo de politiqueiros do NordEste e da Petrobras, sem eficiência para o segmento Naval. Somente agora descobriram que seria necessário aumentar a participação coreana na EAS, que já mudou de Presidente e Diretor varias vezes. Quem vai pagar os empréstimos do BNDES?
    A indústria do petróleo brasileira ,no lado estatizado é,seguramente,a mais cara do mundo graças a incompetência e prepotência daqueles que, embora minoria mas em cargos de chefia,tornam a empresa a mais cara do mundo, fora a imensa roubalheira que lá existe.

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  2. Iurikorolev,
    Há muita verdade e também preconceito. Para muitos “brasileiros”, a Petrobras deveria ser extinta de imediato. A exploração e comercialização do petróleo brasileiro deveria ficar a critério e sob total controle da Chevron e de outras petrolíferas estrangeiras. Outros tantos julgam que o brasileiro, por definição, é sempre mais incompetente e ladrão que um norte-americano ou europeu. Coerente com esses preconceitos, há 15 anos, o governo iniciou processo de desmembramento e privatização de partes da Petrobras para estrangeiros. José Serra (segundo revelou o Wikileaks), sigilosamente prometera a diplomatas dos EUA que privilegiaria a norte-americana CHEVRON em detrimento da Petrobras, caso fosse eleito em 2010.
    Há também correntes de pensamento que afirmam que, sempre, estatal brasileira é ruim e estrangeira é boa. Assim, por exemplo, a eletricidade de grande parte da região sudeste do Brasil (RJ inclusive) foi passada nos anos 90 para a "Électricité de France" (EDF), estatal francesa de energia. Muitos brasileiros preferem voar pela estatal Air France. Nossa imprensa se alimenta respeitosa e diariamente das notícias preparadas e difundidas pelo Serviço Mundial da BBC (British Broadcasting Corporation), estatal inglesa das comunicações. Poderia citar centenas de outros exemplos.
    Penso que, felizmente, esses "brasileiros" já não têm tanta influência assim. Tenho fé no nosso progresso e na capacidade crescente do brasileiro.
    Maria Tereza

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  3. Maria Tereza
    Vc sabe que eu sou nacionalista, não sou entreguista nem neoliberal, muito pelo contrário.
    Mas esse Estaleiro Atlantico Sul foi um "samba do crioulo doido" desde o inicio.
    Se vc apontou estatais estrangeiras que, segundo você, são competitivas, por que não as imitamos no Brasil ?

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  4. Iurikorolev,
    Creio que a Petrobras é exemplo de estatal competitiva. Por exemplo, na produção de petróleo, nenhuma no mundo cresceu tanto quanto ela nos últimos oito anos. Postarei, talvez hoje, texto que informa que os resultados financeiros da Petrobras foram os melhores da história da empresa: nesses oito anos, os lucros aumentaram 313%, os investimentos 215% e o pagamento de dividendos aos acionistas cresceram 117%. Nenhuma estrangeira, estatal ou privada, apresenta tal crescimento.
    A Embraer, que você conhece dos tempos do ITA, antes de ser asfixiada por dois anos para ser privatizada (proibida de financiamentos para vendas, de admitir ou demitir, por exemplo), era também modelo de estatal e de crescimento. Mesmo já moribunda pelo enforcamento do próprio governo, ao ser privatizada ainda dominava o mercado mundial de aviação regional (com o Bandeirante e o Brasília) e de aviões de treinamento militar (Tucano). Foi privatizada (para o controlador que era uma caixa postal no Caribe, nas Ilhas Bermudas, o "Bozano Simonsen Privatization") com o jato ERJ-145 já pronto praticamente. Esse jato (e sua família) fez crescer e sustentou a Embraer pelos 10 anos seguintes. Vendeu mais de 1000.
    O que amarra nossas estatais, como bola de ferro nos pés, é a nossa legislação altamente engessante, que obriga aos infindáveis prazos (com os recursos) da Lei de Licitações, por exemplo.
    Maria Tereza

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  5. Pra mim, foi um SENHOR TIRO-NO-PÉ da Madame Foster, começou MUITO MAL, MUITO MAL mesmo!!!

    Um ABSURDO o Estaleiro Atlântico Sul nas mãos da Camargo Corrêa e da Queiroz Galvão.

    Só falta agora a Madame Foster entregar a Frota da Transpetro à cargo dos PIRATAS da SETE BRASIL!!!

    Tô achando que o maridão maçonzão da Madame Foster tá gostando...

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  6. Probus,
    Não tenho dados para lhe contestar, nem para julgar que é absurdo o Estaleiro Atlântico Sul estar nas mãos da Camargo Corrêa e da Queiroz Galvão.
    Tenho esperança que a Sra. Graça Foster esteja trabalhando para o progresso da Petrobras e do Brasil.
    Maria Tereza

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  7. Entra: Graça Foster...

    Sai: Guilherme Estrella...

    Porque??? Saberemos, com o tempo...

    Ainda existem Juízes em Roma???

    E algum Halliburton "perdido" na AGÊNCIA NACIONAL do PETRÓLEO, vulgo, ANP, tem?????

    03/02/2012: Santayana denuncia um golpe contra a Petrobrás

    http://www.conversaafiada.com.br/politica/2012/02/03/santayana-denuncia-um-golpe-contra-a-petrobras/

    OBS: A UNIÃO tem que ter é uma EMPREITEIRA ESTATAL e, adquirir Know How com os COREANOS poderia nos ser MUITO mais vantajoso do que com os CANALHAS já conhecidos por todos nós. Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e ADEMAIS gostam é quando MOROSAS são as OBRAS...
    Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e ADEMAIS gostam é quando tem Revisões dos ORÇAMENTOS...

    Que fique o PÉSSIMO e IMUNDO exemplo dos recentes ATRASOS nas Obras da TRANSPOSIÇÃO do São Francisco, onde o EXÉRCITO foi MUITO mais eficiente e capaz. A MARINHA deveria ter uma PARTICIPAÇÃO ATIVA em TODOS os ESTALEIROS do BraSil, inclusive, no EAS.

    ESTALEIRO = SOBERANIA

    EMPREITEIROS = ...

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  8. Probus,
    Suas ideias fazem sentido. Para muitos, podem parecer "jurássicas". Depois dos anos 90, apesar de trágicos no Brasil, muita gente ainda ficou doutrinada contra estatais. No entanto, muitas grandes empresas de sucesso hoje no mundo são estatais, de direito ou de fato. Por exemplo, as muitas "privadas" nos EUA que vivem há muito tempo com quase 100% de seus contratos de desenvolvimento e de enorme produção colocados pelas Forças Armadas).
    Maria Tereza

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  9. Maria Tereza, guarde este nome: SETE BRASIL

    23/06/2011: REJEITADA proposta da Petrobras de PRIVATIZAR sua NOVA frota de NAVIOS

    ...Passar a nova frota da Transpetro para a Sete Brasil é uma proposta que não encontra consenso nem mesmo na própria Petrobrás.

    Caso a proposta fosse aprovada, as 49 embarcações – 41 contratadas e 8 a serem licitadas – planejadas pelo Promef, orçadas em torno de US$ 5 bilhões, passariam do atual controle estatal para o privado.

    A Sete é uma HOLDING nacional que controla uma empresa com SEDE na Áustria, para poder USUFRUIR de incentivos fiscais na importação de máquinas pesadas do setor de petróleo. A empresa planeja abrir capital em alguns anos.

    ...O fato é que, internamente, a diretoria da Petrobrás diverge das propostas apresentadas ao conselho. No caso da TRANSFERÊNCIA das embarcações para a Sete Brasil, o projeto não chegou ao conselho de modo unânime.

    Tem que haver muita seriedade com um assunto tão importante que é a construção dos navios do PROMEF. É essencial para a soberania do Brasil.

    http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/rejeitada-proposta-da-petrobras-de-privatizar-a-frota-de-navios.html

    23/06/2011: Frota da Petrobras está sendo privatizada

    A Petrobrás, com apenas 10% do negócio, junto com os fundos de pensão (Previ, Petros, Funcef e Valia) e os bancos Bradesco e Santander, somando os outros 90%, formaram a empresa Sete Brasil, com o objetivo inicial de construir as sondas necessárias à exploração do petróleo do pré-sal pela Petrobrás.

    Acontece que agora, além de construir as sondas, a Petrobrás pretende repassar à Sete Brasil os 49 navios contratados pelo PROMEF (Programa de Modernização e Expansão da Frota da Petrobrás). Na prática, isto significará a privatização do programa, que foi carro chefe da campanha eleitoral da presidenta Dilma Rousseff, visto que além de repassar a esta nova empresa a responsabilidade pela construção, também repassará a propriedade destes ativos.

    http://www.viomundo.com.br/denuncias/frota-da-petrobras-esta-sendo-privatizada.html

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