terça-feira, 20 de março de 2012

Líbia: A "PRIMAVERA" VIROU CAOS

Ataque dos EUA/OTAN em Tripoli, Líbia, na tentativa de assassinar Kadhafi e sua família

“Há precisamente um ano, as forças aéreas da França, Reino Unido e EUA deram início à operação militar contra a Líbia. O objetivo [diferente do realmente aplicado pelos EUA/OTAN] foi formulado na resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada a 17 de março de 2011.

Anunciava-se que se tinha em vista [na ONU] “garantir o observância do embargo para o fornecimento de armas ao regime de Muamar Kadhafi” e a “interdição do espaço aéreo para a aviação líbia”, a fim de tornar impossível a sua utilização contra a população pacífica.

A Rússia, a China e a Alemanha abstiveram-se na votação. Moscou recusou-se a votar a favor, pois supunha que a resolução poderia ser interpretada livremente pelo Ocidente [como veio a ser] e servir de sinal para o início de uma intervenção militar. Ao mesmo tempo, não impôs o seu veto, pois esperava que a observância rigorosa da resolução resultasse na cessação da confrontação militar entre as autoridades e os insurretos.

Em resultado disso, a variante líbia da “Primavera Árabe” resultou na [cruel, mortífera e dolosa] intervenção [dos EUA/OTAN] e no derrubamento e assassinato de Muamar Kadhafi. A operação militar do Ocidente e dos seus aliados “Odisséia, o Alvorecer” fez o país mergulhar no caos, - opina o presidente do “Instituto do Oriente Médio”, Evgueni Satanovski.

O motim separatista em Benghazi, que dera outrora início à “Primavera Árabe”, teve sua continuação lógica. A Cyrenaica anunciou a sua autonomia e isso torna evidente por que motivo a Arábia Saudita e o Qatar levaram a cabo a operação de derrubamento de Kadhafi. Hoje, a hostilidade entre as tribos já alcança o nível de genocídio, são massacradas algumas tribos africanas. A bandeira da “Primavera Árabe” não resultou na formação de nenhuma democracia na Líbia – o país está à beira do desmoronamento”.

Ao apoiar a luta dos insurretos contra Muamar Kadhafi, o "Ocidente" [leia-se "os EUA/OTAN"] pensava em tudo menos nas reformas democráticas na Líbia, - tinha em vista apenas os recursos do país. Mas os países ocidentais não conseguiram estabelecer o seu controle nem sequer sobre esses recursos, - assevera Serguei Demidenko, perito do “Instituto de Estimativas e Análises Estratégicas”.

O Reino Unido e a França tentaram estabelecer o seu controle sobre o petróleo líbio. Mas esse objetivo também não foi alcançado, pois a exploração de jazidas petrolíferas é possível apenas quando existe estabilidade política. Quando no país se trava uma guerra de todos contra todos, esse objetivo torna-se irrealista. Por outro lado, a União Européia obteve um foco poderosíssimo de proliferação do radicalismo islâmico”.

O poder local está nas mãos de comandantes de campo. Mais de cem mil líbios estão armados e a atividade do “Conselho Nacional de Transição” é confusa e nebulosa. Até hoje, nem sequer se sabe ao certo quem é que faz parte desse tal conselho.

E quem é que ganhou com a variante líbia da “Primavera Árabe”? O perito do “Instituto de Estudos Orientais” junto da “Academia de Ciências da Rússia” Aleksei Podserob tentou dar uma resposta a essa questão:

Ganharam os países em cujos bancos se encontram os ativos líbios, que não foram descongelados definitivamente até hoje. Ganhou, certamente, o Qatar, pois o derrubamento do regime de Kaddafi permitiu-lhe reforçar consideravelmente a sua influência política nessa região”.

O perito constatou que, durante o ano passado, o PIB da Líbia baixou bruscamente, o desemprego aumentou, enquanto o nível de vida decaiu. Mais de dez mil pessoas estão nas prisões e as repressões contra os partidários de Kadhafi continuam. Todas as tentativas da “Corte Criminal Internacional” de conseguir informações objetivas sobre a situação nas prisões resultam invariavelmente em fracasso.”

FONTE: do site “Voz da Rússia”. Transcrito no site “DefesaNet”  (http://www.defesanet.com.br/geopolitica/noticia/5213/Domino-Arabe---Libia--a--Primavera--virou-caos) [imagens do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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