domingo, 22 de abril de 2012
MERKEL, A ALEMÃ EMPEDERNIDA
Por José Inácio Werneck
“Bristol (EUA) – Por algum tempo, parecia que a crise econômica e financeira na Europa seria contornada com a decisão de seu Banco Central de injetar 1,3 trilhões de dólares para empréstimos a juros baixos no sistema bancário do continente.
Mas embora os empréstimos fossem de três anos, seu efeito salutar passou muito mais depressa do que se esperava.
Um artigo da semana passada no “New York Times” traz a opinião de um pesquisador no “Center for European Reform” afirmando que a crise começa a dar sinais de que vai voltar e ainda com mais força do que antes. A Espanha está a um passo de precisar de “bail-out”, suporte financeiro, para evitar “default”, calote nas dívidas que tem, sobretudo, com os bancos – adivinhem de onde? – da Alemanha.
Contra tal estado de coisas existe a crescente, mas aparentemente inútil, opinião, entre economistas, de que as medidas de austeridade impostas pelos governos conservadores na Europa - e apoiadas pelos políticos republicanos nos Estados Unidos - são contraproducentes. Por quê? Porque levam ao encolhimento da economia de diversos países e tal encolhimento os impossibilita de arrecadar os impostos de que precisam para saldar suas dívidas.
É um círculo vicioso. A base fiscal se estreita, o débito cresce e os governos simplesmente não têm como sair do buraco.
Quando você está no buraco, a primeira coisa a fazer é deixar de cavar. Mas em vez de parar, a Chanceler alemã Angela Merkel continua a cavar, pois está às voltas com eleições estaduais nas próximas semanas e a tese de que os países meridionais precisam de “austeridade”, pois são “preguiçosos”, “imprevidentes”, parece fazer bem ao ego nacional.
Nem o espetáculo que se alastra pela Grécia, Itália, Espanha e Portugal, de pessoas desesperadas optando pelo suicídio, parece comover a senhora Merkel, versão alemã de Margaret Thatcher, a “dama de ferro” britânica.
O atual governo britânico, de David Cameron, por sinal, é também conservador e alinhado com a política de austeridade. A leitura dos jornais nos mostra que o desemprego no Reino Unido vem aumentando, em vez de diminuir. É um fenômeno generalizado: a austeridade adotada nos últimos anos por governos conservadores tem agravado, não aliviado, o desemprego na Europa, mas os políticos continuam a cavar.
O Reino Unido, porém, não está atrelado ao euro, como acontece à Grécia, Itália, Portugal e Espanha, sendo que, nesta, o nível de desemprego já está em 24% e vai a mais de 50% entre os jovens, igualando números anteriormente vigentes apenas na Depressão dos anos 30 [nos EUA].
Nos Estados Unidos, Barack Obama, apesar da resistência conservadora, pode, ao menos, usar medidas como o chamado “quantitave easing”, a emissão de moeda, para desvalorizar o dólar (o que recentemente vem provocando reclamações de Dilma Rousseff) e facilitar as exportações americanas. Mas, para os países do sul da Europa, a única opção seria abandonar a zona do euro e ressuscitar suas antigas moedas.
Angela Merkel parece insensível ao fato de que a Alemanha se beneficiou muito com o euro justamente por exportar para os demais países do continente. Sua ortodoxia econômica agora, porém, poderá levá-los para um buraco que afetará o resto da economia mundial.
Na França, Nicolas Sarkozy, que perde nas preferências eleitorais para o socialista François Hollande, parece já ter avistado a luz e começou a pedir medidas “pró-crescimento”. Se ele for mesmo derrotado, resta a esperança de que Angela Merkel se torne menos feroz em sua intransigência.”
FONTE: escrito por José Inácio Werneck, de Bristol (EUA). O autor é jornalista e escritor com passagem em órgãos de comunicação no Brasil, Inglaterra e Estados Unidos. Publicou "Com Esperança no Coração: Os imigrantes brasileiros nos Estados Unidos", estudo sociológico, e "Sabor de Mar", novela. É intérprete judicial do Estado de Connecticut. Trabalha na ESPN e na Gazeta Esportiva. Artigo publicado no site “Direto da Redação” (http://www.diretodaredacao.com/noticia/merkel-a-alema-empedernida).
Merkel e Sarkozy são sionistas.
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