quarta-feira, 18 de abril de 2012

NOVOS LANCES DA MÍDIA E DA OPOSIÇÃO NO CASO DEMÓSTENES & CACHOEIRA

Eloi Pietá, secretário geral nacional do PT
A GRANDE MÍDIA PROCUROU, NA SEMANA QUE PASSOU, REORGANIZAR AS FORÇAS DA OPOSIÇÃO

Por Eloi Pietá

“A semana que passou foi quente. Novos lances específicos ocorreram dentro da permanente disputa na atualidade brasileira sobre quem vai predominar na direção da vida e do pensamento nacional: ou a pequena elite rica ou a maioria da população. A primeira tem grande presença nas instituições públicas e profundas raízes ideológicas na sociedade, se vincula às elites do capitalismo internacional, tem uma mídia poderosa. A segunda está bem representada hoje no Poder Executivo nacional, tem boa presença no Congresso e nos poderes locais, dispõe de movimentos organizados e militância com forte atuação na disputa econômica, política e ideológica.

Na frente de batalha econômica, o governo e o capital financeiro continuaram na semana passada seu jogo de braço, onde o lado do governo quer a queda dos juros cobrados pelos bancos. Na frente de batalha política, a grande mídia privada comandou um movimento da oposição para sair da defensiva no caso Demóstenes & Cachoeira e ir para o ataque.

Quando veio à luz o elo entre o senador e o chefe da organização criminosa, o DEM quis se livrar logo de seu líder, e do assunto. O PSDB ficou perplexo. A grande mídia privada partiu em auxílio do DEM tentando embaralhar a cena com notícias negativas sobre o PT. A ação do lado governista resultou na viabilização de uma CPMI, que o campo adversário não teve como recusar, sob pena de desacreditar seu discurso moralizante já abalado pela descoberta do verdadeiro Demóstenes.

A grande mídia procurou, na semana que passou, reorganizar as forças da oposição. Municiada pela turma do Demóstenes, mirou no governo petista do Distrito Federal, e na empresa Delta, que toca muitas obras federais. Secundarizou os fatos e os personagens centrais do caso Demóstenes & Cachoeira. Buscou diluir o DEM e o PSDB no que seria um pluripartidário ‘partido da corrupção’. Abriu campanha dizendo que a CPMI é para desviar a atenção do mensalão. Tentou atemorizar o governo e os partidos governistas, sugerindo um clima de arrependimento por terem permitido a CPMI, do tipo ‘o governo está indo tão bem, que pena vir uma CPMI para perturbar’.

Na verdade, quem tem muito a temer com os desdobramentos do caso Demóstenes & Cachoeira é a oposição e a grande mídia privada. Em particular, o DEM, que se recolhe gravemente ferido pelo caso Demóstenes, antes o fora pelo caso Arruda, à espera de quem será o próximo. Ou o PSDB, preocupado com as relações entre o governador de Goiás e Cachoeira. Ou a revista “Veja”, que foge e teme. Na semana anterior, sua capa destacava um assunto de 2 mil anos ( o santo sudário). A desta semana traz um assunto de sete anos atrás (o mensalão). Ela trata, com polidez, seus velhos parceiros de jornalismo, Demóstenes e o bando de Cachoeira, e investe com superagressividade contra o PT.

A oposição agora tem arranhada sua credibilidade pela dúvida sobre quantos falsos moralistas como Demóstenes há entre eles. Esta é uma excepcional oportunidade de reafirmar à sociedade que o PT, o governo Dilma, muitos aliados, e os movimentos sociais, querem moralizar os costumes políticos, inegável aspiração popular. Os governos Lula e Dilma já fizeram muito nesse sentido, especialmente com o impulso e a liberdade de investigação dadas à Polícia Federal e à CGU, com a autonomia reconhecida da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público Federal, inéditas em relação a governos anteriores. Agora, dá para fazer mais. Que tal uma reforma, por exemplo, que tire do setor privado o financiamento da política?

A grande mídia e a oposição divergem da atual condução da economia essencialmente vinculada à distribuição da renda; da forma como se ampliam os direitos democráticos do povo com respeito aos movimentos sociais; da política internacional soberana que se pratica. E o país está indo muito bem nisso. Se virem quebrado o monopólio que pretenderam ter da bandeira contra a corrupção, vão perder mais terreno na grande luta de poder que se trava na atualidade brasileira. É o que temem.”

FONTE: escrito por Elói Pietá, secretário geral nacional do PT. Transcrito no portal do PT  (http://www.pt.org.br/noticias/view/artigo_novos_lances_da_midia_e_da_oposicaeo_no_caso_demostenes_cachoeira).

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