sábado, 21 de abril de 2012
O COLONIALISMO LIBERAL EUROPEU MOSTRA A SUA FACE
O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Paris
“Os impérios do Ocidente estão nervosos. A decisão da presidenta argentina de renacionalizar os recursos petrolíferos do país reativou, nos europeus, o ímpeto da ameaça e da desqualificação, assim como a política dos valores em escala variável. O “santo mercado” tem prerrogativas acima de qualquer oposição.
Além da agressiva campanha que se desatou na Espanha em defesa de uma companhia que, na realidade, sequer é espanhola, a União Europeia somou seus votos em respaldo à multinacional. A inesgotável e esgotadora responsável pela diplomacia da UE, Catherine Ashton, advertiu que a decisão argentina “era um muito mau sinal” para os investidores estrangeiros. Por sua vez, o presidente da Comissão Europeia José Miguel Barroso, disse que estava muito “decepcionado” pela medida de Buenos Aires.
O vice-presidente da Comissão Europeia, o italiano Antonio Tajani, sacou um leque de ameaças: "Nossos serviços jurídicos estudam, de acordo com a Espanha, as medidas a adotar. Não se exclui nenhuma opção", disse. Cúmulo do absurdo, o Parlamento Europeu de Estrasburgo, que reúne os representantes do povo, se presta a votar uma resolução contra a Argentina.
Um traço mais da confusão que leva a uma instituição política, surgida do voto popular, a clamar pelos interesses de uma multinacional. O Parlamento Europeu nada fez para denunciar as empresas do Velho Continente que, em nome da segurança jurídica, investiam e investem seus capitais em países amordaçados por regimes assassinos que, ao mesmo tempo que ofereciam segurança jurídica aos investidores, jogavam seus povos no poço da repressão, da corrupção, do assassinato das liberdades e da pobreza. A defesa dos interesses nacionais contra os do mercado é algo que ficou na garganta da muito liberal União Europeia.
A UE revisitou seus “valores” recentemente, no ano passado: em troca da ajuda aos países árabes, a UE pede eleições democráticas, luta contra a corrupção, abertura comercial e proteção dos investimentos. Antes, não lhe importava que um punhado de ditadores e autocratas esmagassem seus povos enquanto a abertura comercial e a proteção dos investimentos estivessem garantidas. A fonte da democracia fechava os olhos enquanto suas empresas pudessem operar a seu bel-prazer.
A mesma dupla linguagem, duplo valor, envolve a escandalosa política das subvenções agrícolas da UE. Instrumento de destruição dos mercados, perverso mecanismo de falsificação dos preços internacionais, as subvenções se aplicam em apoio a uma corporação, a dos agricultores. Pouco importa que o planeta pague pela proteção de um setor. O porta-voz do Comissário Europeu para o comércio, John Clancy, disse ao canal “EuroNews” que a decisão da presidenta “destrói a estabilidade que os investidores procuram”.
Tocar numa empresa europeia é sinônimo de uma declaração de guerra ou de pisotear a identidade. Hoje, reúnem o Parlamento Europeu. Em outras épocas, talvez tivessem enviado a marinha para bloquear o porto de Buenos Aires como ocorreu em 1834, quando Juan Manuel de Rosas se negou a que os súditos franceses ficassem isentos de suas obrigações militares e decidiu impor um gravame de 25% às mercadorias que chegavam do exterior com destino a Buenos Aires.
A imprensa europeia e os analistas propagam um cúmulo alucinante de omissões e mentiras. Frases como “nacionalismo petroleiro” ou “tentação intervencionista” do Estado argentino, se tornaram uma consigna repetida em todas as colunas. Como se qualificaria, então, a defesa de uma empresa por parte das instituições políticas da União? Euronacionalismo de mercado, escudo político para os interesses privados, etnocentrismo liberal?
E, assim mesmo, o discurso do nacional contra o global, do local contra o multilateral não é uma exclusividade peronista. O próprio presidente francês, Nicolas Sarkozy, o reativou com vigoroso discurso durante a campanha eleitoral para as eleições presidenciais do dia 22 de abril (amanhã) e seis de maio (primeiro e segundo turno). O presidente candidato propôs renegociar o “Acordo de Schengen” que regula e garante a livre circulação das pessoas e revisar os acordos comerciais que ligam os 27 países membros da União Europeia.
No primeiro caso, e por razões claramente eleitorais, Sarkozy considera que os acordos de Schengen não permitem regular para baixo os fluxos migratórios. No segundo, que tem dois capítulos, se trata primeiro de instaurar na Europa um mecanismo similar ao “Buy Act American” com um “Buy European Act” a fim de que as empresas que produzem na Europa obtenham dinheiro público em caso de licitações. Em segundo lugar, Sarkozy exigiu à Comissão Europeia que imponha um critério de reciprocidade a seus sócios comerciais. Sarkozy disse em seu discurso: “A Europa não pode ser a única região do mundo que não se defende. (…). Não podemos ser vítimas dos países mais fortes do mundo”.
Isso pode ter vigência também para o resto do planeta. O patriotismo europeu bem vale o suposto “patriotismo petroleiro”. Ali onde se encontra em desvantagem, a UE impõe seus limites, ativa seu lobby ou bota suas instituições democráticas a atuar como polícia moralizadora. O livre comércio e o direito monárquico das empresas sobre os recursos naturais, a vida humana e as geografias não é o último estado da humanidade. Há vida depois de tudo, antes e depois da Repsol.
Todo o aparato jurídico da UE se colocou em marcha para sancionar isso que o jornal espanhol El País chama “o vírus expropriador” de Cristina Fernández de Kirchner. O “vírus” do mercado global começa a fazer seu trabalho. A UE está ofendida. Tocaram em seu filho pródigo: a liberdade de brincar com o destino dos povos em benefício de suas empresas. Uma guerra moderna onde o gigante vai sancionar um sócio que deixou de apostar em um tabuleiro onde só ganham os capitais que se volatilizam como os valores democráticos e de justiça que defenda a sacrossanta União. Seu hino à liberdade é geométrico. Enquanto a grana encha seus bancos, o sangue pode correr, como na Tunísia, Líbia, Egito e tantas outras ditaduras africanas que proporcionam o petróleo para acender as luzes de um século cujo destino está em mãos privadas e suas instituições às ordens das entidades financeiras e das empresas.”
FONTE: artigo de Eduardo Febbro, direto de Paris, publicado no site “Carta Maior” com tradução de Libório Junior (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19996) [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
Exato. A página certa é essa, pra não fugir do tema COLONIALISMO.
ResponderExcluirSugiro a você Maria Tereza, especialista e apreciadores de MAPAS que procure a matéria no link abaixo postado, o começo da matéria diz assim:
PALESTINA sempre existiu
Mapa da Palestina (1851)
E a Palestina sempre, sempre, sempre existiu ...
As pessoas ouvirão, e terão medo: Tristeza se apoderaram-se dos habitantes da Palestina. (Êxodo 15:14)
Alegra-te, não te Filistia toda, porque a vara que te feria; é quebrado: para fora da raiz da cobra sairá um basilisco, e o seu fruto será uma serpente voadora. (Isaías 14:29)
Howl, ó porta, grita, ó cidade, tu, toda Palestina, art dissolvido, pois hão vêm do norte uma fumaça, e ninguém poderá ficar sozinho nas suas convocações.(Isaías 14:31)
Sim, e o que tendes vós comigo, Tiro e Sidom, e todas as costas da Palestina? Quereis tornar-me uma recompensa? e se vos recompensar-me, bem depressa vai Ireturn a vossa paga sobre a vossa cabeça; (Joel 3:4)
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=373853495990999&set=a.360204477355901.77246.360173074025708&type=1&theater
Probus,
ResponderExcluirMuito interessante esse mapa da antiga Palestina. Tenho esperança que em uma década os palestinos conseguirão recuperar seu território e em Estado reconhecido pela ONU, apesar de toda a resistência dos EUA e Israel e das invasões e ocupações que estão sendo vítimas.
Maria Tereza
TROFÉU CARA-DE-PAU do SÉCULO
ResponderExcluirNa MIRA da INTERPOL em MAIS de 170 países, MENOS no BRASIL, o Deputado Federal PAULO MALUF (PP-SP) pediu ao Ministro da Justiça, JOSÉ EDUARDO CARDOSO, um "JEITINHO" para se LIVRAR da PRISÃO.
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"Ato de Vandalismo é falta de decoro parlamentar", diz Protógenes
http://www.youtube.com/watch?v=KAZOl4DrHZw
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"Diplomacia Tomahawk" made in Washington/TelAviv
ISRAEL pensa que vai sair ileso???
E o barril de óleo a US$ 300, o Tio Sam aguenta???
Pentágono colocou 430 mísseis na costa do Irã
http://portuguese.ruvr.ru/2012_04_20/pentagono-colocou-430-tomahawk-na-costa-do-ira/