quinta-feira, 14 de junho de 2012

Dilma: O QUE FAZER COM A BANCA NA CRISE?

Por Saul Leblon

"Além de termos a inflação e as finanças públicas sob controle, temos ainda consumo extremamente deprimido nas classes mais populares e não temos nível elevado de endividamento das famílias; (tampouco) existe 'bolha' no setor de construção civil. Qual é (então) a nossa diferença que explica - tecnicamente, não estou pedindo explicação política para isso - que os juros não se (coadunem) com a qualidade da nossa situação econômica?"

O desabafo da Presidenta foi feito segunda-feira, em Belo Horizonte, num dia de forte turbulência internacional, marcado pela incerteza crescente na economia europeia, sem que as autoridades do euro esbocem qualquer medida contracíclica consistente para retomar o crescimento.

A prática ortodoxa de apenas socorrer bancos à beira do abismo, ainda que necessária, comprovou, mais uma vez, a sua insuficiência agora na Espanha. Setenta e duas horas depois do resgate de 100 bilhões de euros liberado por Bruxelas, para salvar banqueiros locais, os mercados intensificam a fuga de capitais de um país prostrado pela receita suicida de cortes fiscais drásticos em plena recessão.

A Presidenta Dilma sublinhou a inutilidade dessa prática ao lembrar que, no final de 2011, o BCE destinou 1 trilhão de euros ao sistema bancário europeu. Nem por isso a crise cedeu. Sobretudo, porém, seu desabafo deve-se a um descompasso desconcertante: enquanto a Espanha ferida de morte pagava na 3ª feira juros recordes de 6,8% ao ano para seus papéis, o Brasil, sendo uma das forças de solidez do panorama global, ainda tem uma SELIC de 8,5% o ano, enquanto a banca privada não faz negócio por menos que o dobro, embutindo os maiores “spreads” do mundo, ademais de reajustar tarifas três vezes acima da inflação, como ocorreu no primeiro trimestre.

A resposta à inquietação da Presidenta é a mesma que os economistas não ortodoxos têm manifestado no caso da Europa: a banca privada tem que ser submetida a rígido controle público para que funcione como instrumento contracíclico em meio a uma crise da gravidade da atual. Do contrário, lá como cá, será a corneta do salve-se quem puder, indiferente à sorte da economia e da sociedade.”

FONTE: escrito por Saul Leblon no site “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=1008) [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

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