Sayyed
Hassan Nasrallah
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O
HEZBOLLAH DETEVE ISRAEL, EM 2006
Do “Nour Rida”, Moqawama, Líbano
Sayyed
Nasrallah agradeceu a presença e deu boas-vindas a todos. Em seguida, anunciou:
"Irmãos
e irmãs, há várias questões sobre as quais gostaria de falar, mas
desenvolvimentos regionais, especialmente na Síria, e o que houve hoje,
obrigam-me a descartar parte do discurso que preparei e a tratar dos
desenvolvimentos regionais".
Antes
de falar da violência que atinge a Síria, Sayyed Nasrallah fez uma
retrospectiva de um dos eventos mais importantes da guerra de julho de 2006, e
contextualizou uma das maiores vitórias da Resistência até agora, acrescentando
informações até aqui desconhecidas do grande público.
"Nesse
6º aniversário da vitória de julho de 2006, os ‘israelenses’, que organizaram
seminários e discussões entre seus altos dirigentes políticos e militares,
reconheceram a derrota e deram sinais de que ainda estão em choque por causa da
derrota que sofreram em 2006"
– disse Sua Eminência.
"A
nós, basta lembrar que o chefe do Mossad ‘israelense’ em 2006 [Meir Dagan]
disse ao primeiro-ministro de ‘Israel’ [Ehud Olmert] que a derrota “israelense”
em julho foi uma catástrofe nacional, na qual “Israel” sofreu nocaute decisivo" – continuou Sayyed Nasrallah, recordando "outros
altos funcionários de “Israel” que admitiram que a entidade “israelense” foi
amplamente derrotada na guerra de agressão que moveu contra o Líbano em 2006".
Sayyed
Nasrallah contou que “Israel” estava em manobras, preparando-se para lançar importante operação que recebera o nome de “Operação Peso Qualitativo”,
prevista para o dia 14/7/2006.
"O
gabinete “israelense” reuniu-se para discutir a operação, para a qual
propuseram que se recolhessem informações acuradas de inteligência sobre os
mísseis do Hezbollah, os lançadores e plataformas lança-mísseis. O ministro da
Guerra à época disse que as manobras dos anos anteriores haviam servido para
que o exército israelense localizasse aqueles mísseis e plataformas. Disse ao
miniGabinete que, se a 'Operação Peso Qualitativo' fosse aprovada, o Hezbollah
perderia a capacidade de lançar mísseis de médio e longo alcance contra 'Israel'”.
Uma
hora depois de aprovada a "Operação Peso Qualitativo", mais de 40 jatos
“israelenses” atacaram os alvos que, para “Israel”, seriam os locais onde
estariam os lançadores Fajr 3 e Fajr 5. Essas localizações foram atacadas.
Halutz [ministro da Guerra] telefonou a Olmert [primeiro-ministro de Israel] e
disse: “Vencemos. A guerra acabou”.
Dia
seguinte, o presidente [Perez], de “Israel”, declarou que “Israel” derrotara o
Hezbollah, que o secretário-geral fugira para Damasco. Ouvi a notícia onde
estava, aqui, no subúrbio sul de Beirute, de onde nunca saí.
Naquele
comunicado, Perez falou, também longamente, do sucesso da operação da
inteligência de “Israel”, que recolhera informações; disse que “Israel” alocara
muito dinheiro naquela operação que, para Perez, seria comparável à guerra de
1967, quando aviões “israelenses” destruíram grande parte dos aviões da Força
Aérea do Egito. Perez também repetiu o que Halutz lhe dissera: que “Israel”
destruíra 60-70% da capacidade do Hezbollah de responder com mísseis a ataques
de que fosse alvo.
Sayyed
Hassan Nasrallah, no telão, fala aos libaneses
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Sua
Eminência revelou então o que permanecia em segredo até agora:
"A
verdade é que a Resistência descobriu os planos do inimigo e a intenção de
bombardear os lançadores e plataformas de mísseis. A partir do momento em que
nossa inteligência teve conhecimento daqueles planos, optamos por “fazer o
jogo” dos “israelenses”; e em alguns casos facilitamos o acesso deles às
informações que buscavam".
Haj
Imad Moghnieh
"No
centro dessa operação estava a mente de um estrategista brilhante, Haj Imad
Moghnieh, e sua equipe de bravos.
A
primeira vitória da inteligência do Hezbollah sobre “Israel” aconteceu quando
confirmamos que “Israel” estava convencido de que conhecia a localização das
plataformas de lançamento dos nossos mísseis" – disse Sayyed Nasrallah, que continuou:
"A
segunda vitória da inteligência da Resistência aconteceu quando se completou a
operação de mudança da parte principal dos lançadores e plataformas de
lançamento dos mísseis, sem que os “israelenses” suspeitassem de coisa alguma.
Tudo foi transferido para locais que o inimigo desconhecia.
“Israel”,
assim, atacou plataformas e silos vazios. As plataformas estavam relocalizadas
e prontas para atacar Telavive.
Por
isso, a operação que “Israel” chama de “Operação Peso Quantitativo”, nós sempre
a chamamos de “Operação Ilusão Quantitativa".
Mais
de 70-80% da capacidade da Resistência manteve-se intacta até o último dia da
guerra de julho" – disse Sayyed
Nasrallah, que continuou:
"No
dia seguinte, quando [Israel] deu-se conta de que sua operação falhara, o
ministro da Guerra Dan disse ao miniGabinete, que tudo levava a crer que
“Israel” acabara envolvida numa operação que se estenderia por semanas. Foi
quando o presidente “israelense” soube que errara. Errado continua até hoje.
A
Resistência sabe que os “israelenses” reúnem informação sobre nós e que se
preparam para nos atacar. Sabemos qual será seu primeiro alvo, na próxima
guerra.
Israel
será outra vez surpreendido, quando deslanchar o próximo primeiro ataque.
Prometemos aos “israelenses” outra grande surpresa.
Todos
podem confiar que, apesar de toda essa agitação e ruídos, há a Resistência e os
combatentes da Resistência que trabalham dia e noite sobre o conflito com
“Israel”, e que nada os desvia ou distrai desse trabalho, venha a gritaria de onde
vier e de quem vier. Vencemos em 2000 e vencemos em 2006, e novas vitórias
virão, se fizerem guerra contra nós.
Sabemos
de onde virá o primeiro novo ataque, o que atacarão dessa vez. A Resistência
tem as capacidades, a confiança e o desejo de resistir, e podemos vencer. Nosso
destino não é nem a derrota nem a retirada, como pretendem tantos ditadores no
mundo árabe".
Sayyed
Nasrallah prosseguiu:
"Depois
daquele momento, os “israelenses” passaram a analisar, com os EUA, o que
acontecera. Porque aquela guerra de julho de 2006 estava planejada para
destruir a Resistência no Líbano e, destruída a Resistência no Líbano, destruir
todo o eixo da Resistência na região.
A
segunda coisa que “Israel” teria feito, se tivesse destruído a Resistência do
Hezbollah, seria derrubar do governo o regime do presidente Bashar al-Assad e
destruir a Síria, sob o pretexto de que a Síria sempre ajudou a Resistência
libanesa.
Mas
a vitória do Hezbollah, na guerra de 2006, impediu que esse plano prosseguisse.
Digo-lhes
hoje que, se houvesse solidariedade, se não houvesse tantas adagas apontadas
para nossas costas no Líbano nesses tempos de guerra de Israel contra nós, já
teríamos construído negociações políticas nacionais na Síria
[2].
Mas
há quem ainda tente ajudar “Israel”, no plano político, a safar-se da crise em
que se meteu.”
O
QUE DIZEM OFICIAIS DE “ISRAEL”
Nas
palavras de Sayyed Nasrallah,
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Moshe
Ya'alon
"O ex-comandante do Exército de “Israel” Moshe Ya'alon disse que é evidente
que “o Hezbollah é fenômeno implantado, que não pode ser esmagado mediante
operação militar; não há o que possa ser usado como pretexto para operação militar
conclusiva contra o Hezbollah. Por isso, disse Yalon, a única ação possível é
ação política para desarmar o Hezbollah mediante operação doméstica, dentro do
Líbano.
O secretário-geral do Hizbollah
acrescentou:
"Ya'alon também disse que se deu conta de
que não há meios para remover o Partido da Resistência do coração dos xiitas.
Sugeriu, então, trabalhar por meios políticos e militares para conter o
Hezbollah, para alcançar um ponto no qual o Hezbollah seja visto, no Líbano,
como ilegítimo".
Sayyed Nasrallah alertou para a evidência
de que os “israelenses” apostam em desenvolvimentos domésticos no Líbano, para
desorientar o Hezbollah. Conclamou os libaneses a que se mantenham alertas.
SAYYED NASRALLAH CONDENA O ASSASSINATO DE
LÍDERES SÍRIOS
Para o secretário-geral do Hezbollah, o
verdadeiro problema dos americanos e “israelenses” é a Síria, onde veem
desenvolvimentos importantes em fase recente. Os militares desses países
converteram a Síria em problema militar e a fizeram aparecer como possível ameaça
a “Israel”:
"A Síria é uma via para a Resistência e
ponte de comunicação entre a Resistência e o Irã.
Tenho duas [provas] do papel da Síria [no
apoio à Resistência]. Primeiro, que os mais importantes foguetes que atingiram
Haifa e o centro de “Israel” foram construídos pelo exército sírio e doados à
Resistência. A Síria sempre auxiliou a Resistência. A Síria nos deu as armas
que o Hezbollah usou na Guerra de Julho; não só no Líbano, mas também na Faixa
de Gaza".
Destacando que “Israel” hoje teme Gaza e
teme por Telavive, Sayyed Nasrallah perguntou:
"Quem forneceu foguetes aos combatentes que
combatem por Gaza? Os sauditas? O regime egípcio? Não. Eram foguetes dados pela
Síria e transferidos através da Síria. O governo sírio arriscava a própria
sobrevivência e alguns de seus interesses para ajudar a Resistência no Líbano e
na Palestina a fortalecer-se e a enfrentar o inimigo de todos. Que regime árabe
fez isso? Digam-me um único regime árabe que tenha feito o que fez o governo
sírio pela Resistência.”
Todos os países árabes sabem muito bem o
que significa a Síria dar armas ao Hezbollah, ao Hamás e ao movimento Jihad
islâmico, num momento em que os governos árabes impediam que dinheiro, e até
comida, chegassem a Gaza!
A Síria enviou armas e comida a Gaza e
assumiu o risco de fazê-lo. Essa é a Síria, a Síria de Bashar al-Assad, a Síria
dos mártires Assef Shawkat, Daoud Rajha e Hassan Turkmani [martirizados nos
violentos ataques da 4ª-feira em Damasco]”.
Hoje, na Síria, há um esquema
EUA-“israelenses” que proíbe que haja exércitos fortes na região. Esse esquema
impede que qualquer estado regional tenha exército forte: só “Israel” –
disse Nazrallah.
O secretário-geral do Hezbollah conclamou o
povo, o exército e o governo a defender a Síria. E insistiu que a única via
para recompor a paz é o diálogo político.
Devemos isso aos destacados líderes sírios
que foram martirizados. Apresentamos ao povo, ao governo e ao exército sírios
nossas condolências e condenamos esse ataque que só serve aos interesses do
inimigo. Confiamos plenamente que o exército sírio saberá manter-se no controle
da situação.
IRÃ: PRINCIPAL PREOCUPAÇÃO DOS
“ISRAELENSES”
A única preocupação de Israel nos últimos
anos foi o Irã. Dezenas de canais de televisão em farsi existem exclusivamente
para incitar os árabes contra o povo e contra o governo iranianos. A ação
desses instrumentos de comunicação social e o incitamento da propaganda
ininterrupta levaram aos protestos no Irã.
Tudo o que EUA e o ocidente podiam fazer contra o Irã foi feito. E o Irã, hoje, é 100 vezes mais forte do que há 30 anos. E será ainda mais forte.
O EXÉRCITO NACIONAL LIBANÊS É UMA GARANTIA,
NÃO UMA AMEAÇA
Há quem hoje pague a mídia, no Líbano, para
que arruíne o país. Todos sabem que o Hezbollah não é fraco. Temos optado pelo
silêncio dos fortes. Mas o Hezbollah põe o interesse nacional acima de qualquer
outro. Queremos um exército forte.
Mas digo ao governo do Líbano e ao comitê
de diálogo nacional que, para que o Líbano tenha exército forte é preciso ter
projeto e desejo fortes. Isso significa que não podemos temer o embaixador dos
EUA nem os generais norte-americanos.
Há hoje muita retórica sectária e
pregadores que contestam essa posição. Se um xiita diz algo que insulta outra
seita, nós, os intelectuais xiitas, temos o dever de nos erguer e fazer calar
os nossos.
E os intelectuais sunitas, cristãos e
drusos têm de fazer o mesmo.
Sayyed Nasrallah disse que sempre haverá
quem, dentro do governo libanês, queira desarmar a Resistência e fornecer armas
à oposição síria, porque o governo libanês é feito de partidos de diferentes
opiniões. Essas diferenças, como todas as diferenças de opinião, só podem ser
superadas mediante diálogo político.
NOTAS
DOS TRADUTORES:
[1]
Na versão em inglês, as palavras “Israel” e “israelenses” aparecem sempre entre
aspas. O Hezbollah não reconhece a existência do estado de Israel e só
muito raramente refere-se a ele como “Israel”, optando praticamente sempre pela
expressão “entidade sionista”. Nesse caso, pensando talvez na difusão
internacional das revelações que fez, o secretário-geral disse “Israel” e
“israelenses”; os órgãos de imprensa do Partido da Resistência adotaram a
solução gráfica de anotar essas expressões entre aspas, que
reproduzimos também nesta tradução.
[2]
Sobre os contatos entre o Hezbollah e a legítima oposição síria, ver "redecastorphoto"
em: “Hassan
Nasrallah (Hezbollah), entrevistado por Julian Assange”,
em português; entrevista transcrita e traduzida de "Russia Today" em
18/4/2012.”
FONTE: entrevista com o secretário-geral do Hezbollah
Sayyed Nasrallah, no “Nour Rida”, Moqawama, Líbano, com o título
original “Sayyed Nasrallah Speech on
6th Anniversary of Divine Victory: “Israel’s” Operation Was Qualitative
Illusion”. Artigo postado Castor
Filho no seu blog “Redecastorphoto”, traduzido pelo “pessoal
da Vila Vudu” (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/07/sayyed-nasrallah-depois-de-atacar-o.html).
Mais uma vez, preciso dizer que esse e pra mim um blog referencia em todos os aspectos.
ResponderExcluirE toda vez que o Democracia e Politica vem com material exclusivo e de altissimo valor como esse, posto na minha comunidade Brasil Geopolitica e Defsa no facebook.
Parabens ao blog, muito bom mesmo, nao existem blogs assim no Brasil, so esse, o resto e lixo entreguista que so mostra a fantasia criada pela midia ocidental.
Empalador,
ResponderExcluirMuito obrigada pelo incentivo.
Faz-me procurar melhorar sempre.
Maria Tereza