Samuel Pinheiro Guimarães
PARA SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES, NOVO PRESIDENTE
PARAGUAIO, FEDERICO FRANCO, REPRESENTA A OLIGARQUIA AGRÁRIA
Por Eleonora de Lucena, na “Folha”
“Foi golpe o que ocorreu no Paraguai. As classes
tradicionais hegemônicas promovem neogolpismo na América do Sul e a
democracia está em risco na região. Fernando Lugo caiu porque queria fazer uma
reforma agrária que contrariava interesses.
A visão é do diplomata brasileiro Samuel Pinheiro
Guimarães Neto, que está deixando o cargo de alto representante do MERCOSUL. A
entrevista foi dada antes de ele anunciar sua saída.
Para ele, o novo presidente, Federico Franco,
representa a oligarquia agrária, os interesses ligados ao contrabando e é defensor
de ligações mais estreitas com os EUA.
Folha - Como o Sr. define o que ocorreu no
Paraguai?
Samuel Pinheiro Guimarães Neto - Foi golpe. Há um neogolpismo na América do Sul,
promovido pelas classes tradicionais hegemônicas que enfrentam governos
populares.
Essas classes tradicionais, diante da vitória de
candidatos progressistas, constroem uma teoria de que [os governos
progressistas] "foram eleitos, mas não governam democraticamente"; "fazem
políticas populistas"; "são contra a liberdade de imprensa" (deles) e assim por
diante.
Constroem e favorecem, na sua mídia, uma imagem de
que tais governos são, na realidade, "ditaduras", e criam o clima para sua
derrubada, com auxílio, muitas vezes, externo.
O que está por trás da queda de Lugo? Os apoiadores
dele afirmam que ele caiu porque contrariou fortes interesses.
Folha - Essa análise faz sentido?
A reforma agrária pretendida pelo governo Lugo
seria uma das principais razões para o golpe, assim como o inicio do movimento
popular para reformar o sistema eleitoral de listas fechadas que beneficia
oligarquias agrárias e corruptas ligadas ao "comércio" exterior.
Certamente, a queda de Lugo não contraria a
política exterior americana, assim como a erosão do poder e da unidade do MERCOSUL
e o enfraquecimento dos governos progressistas do Uruguai, do Brasil e da
Argentina.
O projeto dos EUA para a América do Sul não é o MERCOSUL,
e sim as "mini-ALCAS" bilaterais, como a “Aliança do Pacifico”.
Folha - Quais são os interesses representados por
Franco?
Franco representa os interesses da oligarquia
agrária, representados pelos partidos tradicionais, liberal e conservador, e os
interesses ligados ao comércio exterior informal, ao contrabando.
Além disso, é conhecido defensor de relações mais
estreitas do Paraguai com os EUA e de celebração de um acordo de
livre-comércio [com os EUA].
Folha - A reação popular ficou aquém do esperado?
A reação dos movimentos populares, tomados de
surpresa pelo golpe, não foi divulgada. Todavia, é certo que o apoio popular ao
governo de Fernando Lugo no Paraguai é amplo e sua nova resistência ao golpe
mobilizará esses movimentos.
Folha - A democracia está em risco na América
Latina?
Sim, permanentemente. A América Latina é o
continente de maior concentração de renda do mundo. Em regimes democráticos, candidatos progressistas são eleitos para cargos majoritários
(presidentes), enquanto [na
América Latina] os que representam as classes hegemônicas tradicionais
controlam os Legislativos.
A tentativa de realizar programas sociais, que
implicam distribuição de renda, encontra forte resistência, e aí começam
manobras do neogolpismo.”
FONTE: reportagem
de Eleonora de Lucena, na “Folha de São Paulo”
(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/51567-diplomata-ve-onda-neogolpista-na-america-do-sul.shtml). [Trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].
(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/51567-diplomata-ve-onda-neogolpista-na-america-do-sul.shtml). [Trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].
Todo o assunto da politica sempre tem muitos problemas.
ResponderExcluirEles deveriam ter sul américa saúde por se tem algum problema de saúde depois de discutir tanto.