sexta-feira, 10 de agosto de 2012

CRIE VERGONHA NESSA CARA, NOBLAT


[OBS deste blog ‘democracia&política’: Ao ler o artigo abaixo, lembrei-me  de comentário que já fiz este ano sobre postagem anterior do [“Cidadania.com]. 

Disse, na ocasião: "Eduardo Guimarães, não liga não". "O blogueiro Ricardo Noblat não é tendencioso pró-tucanos, é esquecidão", assim como são esquecidas as “Organizações Globo” que sediam o blog dele. Além de não lembrarem do mensalão do PSDB, eles não se lembram das falcatruas de Fernando Henrique Cardoso e do PSDB.

Noblat, na época do governo FHC, era editor do “Correio Braziliense”. Sabia muito. Se ele não se lembra das tramóias maiores, das gigantescas “privatarias tucanas”, o que se dizer de “coisas menores”? Por exemplo, da negociata em torno da venda da fazenda de filha de FHC (aquela que anos antes até o Exército Brasileiro humilhantemente foi enviado para proteger de invasão de sem-terras , mesmo sendo apenas propriedade particular de parente de FHC (estava "em nome" da filha). Tudo com imensa despesa de dinheiro público para deslocar centenas de soldados e equipamentos e violando a Constituição ao passar por cima da autoridade do governador do Estado de Minas)? (Dizem que o editor Noblat, na época, "esqueceu" na gaveta dele matéria para reportagem já pronta que seria bombástica, sobre a venda daquela fazenda).

Assim como Noblat, a tucana imprensa sempre abafou essas coisas. Ela justificava a imensa fortuna de Fernando Henrique (foi noticiada na época alguns dos bens: a propriedade de uma grande fazenda em MG, apartamentos no bairro "nobre" de Higienópolis-SP, apartamento na também "nobre" Av. Foch-Paris, pai do novo-rico filho que recebeu do governo dele US$ 70 milhões para fazer uma exposição na Alemanha. FHC também era, então, sogro do também rico David Zylbersztajn, que recebeu bondosamente dele o valioso cargo de Presidente da ANP).

A grande mídia demotucana tratava FHC como príncipe, "nobre", que tinha nascido em "berço de ouro" (pois o pai dele era militar e veio a alcançar o rico posto de general no final da carreira. Hoje, os generais são pobres plebeus, classe média-média).

Tudo isso "O Globo" e Noblat esqueceram. Esquecimentos seletivos.

São pensamentos esses que ora me afloram, ao ler hoje o seguinte bom texto de Eduardo Guimarães]:

“Francamente, Noblat, depois de ter assistido à aula de jornalismo que lhe ministrou Janio de Freitas no ‘Roda Viva’, você poderia ao menos ter pudor e não divulgar em seu blog peça de caradurismo como o comentário em que defende a cobertura escandalosa que seus patrões – os filhos sem nome de alguém que andava de braço dado com a ditadura – fazem do mensalão.

Mas como falar em pudor a alguém que compara a cobertura apoteótica e engajada de um só dos mensalões – que está por provar-se – com a cobertura constrangida, forçada e infinitamente inferior que a Globo fez de casos de corrupção envolvendo partidos de oposição?

Você [Noblat] defende que a cobertura do julgamento do mensalão “petista” ocupe 10, 15 minutos do “Jornal Nacional” todo dia durante semanas em tom condenatório, com espaço infinitamente inferior à defesa e dando veredicto contra todos os acusados sem diferenciação ou gradação de culpabilidade, sob o seguinte argumento:

Saber o que foi o mensalão, saber como funcionava, saber quem participou dele, acompanhar o julgamento no Supremo Tribunal Federal, tudo isso ajudará, certamente, para que o caso não se repita. Ou para dificultar a repetição do caso

Até poderia ser verdade se escândalos envolvendo todos os partidos fossem tratados da mesma forma. Como a “Globo” – e o resto da mídia partidarizada – não cobre casos análogos ao mensalão “petista” (como o mensalão “tucano”), a cobertura desse julgamento não “ajudará para que o caso não se repita” coisa nenhuma.

Aliás, essa prática de tratar diferentemente casos de corrupção iguais estimula a que os políticos corruptos tomem o cuidado de manter boas relações com a mídia e servir aos seus interesses para serem protegidos por ela quando forem flagrados. Ou seja: a mídia estimula a corrupção com essa cobertura partidarizada.

E quem diz que a “Globo” não dá bola a mensalões de partidos adversários do PT não sou (só) eu ou “os petistas”, Noblat.

Só para ficar em dois exemplos insuspeitos, quem diz é o jornalista Janio de Freitas, colunista da “Folha de São Paulo” e membro de seu Conselho Editorial, e o ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que gente como você diz ser voto certo pela condenação de todos os acusados do mensalão “petista”.

Em seu comentário, Noblat, você compara a cobertura do mensalão “petista” às coberturas do mensalão “do DEM” e das estripulias do governador tucano Marconi Perillo na Cachoeira goiana de corrupção. Compara, assim, o incomparável.

No caso do DEM, apesar de a cobertura da mídia tucana ter sido infinitamente menor e restrita ao estouro do escândalo – tendo sido abandonada e nunca mais retomada –, naquele caso havia, “apenas”, um vídeo mostrando o governador José Roberto Arruda recebendo um maço de dinheiro.

Como a mídia poderia ignorar uma bomba dessas? Teve que noticiar, ora. Arruda não foi preso por conta do noticiário, mas por conta de prova incontestável que a mídia divulgou a reboque dos fatos.

Já no caso de Perillo, é piada. Quando foi que se viu acusação formal e decretação de culpa de Perillo no “Jornal Nacional”, por exemplo? Foram sempre relatos sóbrios, rápidos, esparsos, episódicos e totalmente imparciais. E ninguém precisa acreditar em mim. Basta ir ao site do “Jornal Nacional” e fazer a comparação.

Aliás, nem precisa ter tal trabalho. Basta ler seu comentário para ver a diferença de tratamento que você e seus patrões dão a petistas e tucanos. Enquanto você defendeu Perillo, quando estourou o escândalo , acusa o PT inteiro de ter engendrado o mensalão. Alguma vez você acusou o PSDB inteiro de ter engendrado o mensalão “tucano”, por acaso?

E talvez ainda pior seja ter comparado o noticiário político nacional com a cobertura do golpe que derrubou o presidente do Paraguai Fernando Lugo. Em primeiro lugar, a mídia não tomou partido – aliás, chegou a defender o golpe. Em segundo lugar, ninguém está reclamando de o julgamento do mensalão ser coberto pela empresa em que você trabalha, mas da dimensão e do viés parcial da cobertura.

Alguns dirão que estou gastando vela com mau defunto. Não acho. Você desafia os “petistas” a lhe darem uma resposta. Eu não sou petista – apesar de ser simpatizante do PT –, mas aqui vai o que você pediu. Dei-me ao trabalho de responder para que as pessoas saibam que você pede resposta e não tem coragem de encará-la.
*
Abaixo, o comentário em questão de Noblat, o blogueiro do PSDB:


Será desproporcional o espaço oferecido pelos meios de comunicação à cobertura do julgamento do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal?

Muita gente do PT acha que sim. Muita gente apenas simpática ao PT também acha. O espaço deveria ser menor, sim senhor.

Por que?

Porque a maioria dos brasileiros não está interessada no julgamento.

Então por que se gasta tanto espaço com o assunto?

Ora, porque os meios de comunicação são contra o PT. E querem prejudicá-lo.

Em resumo, é assim que pensam filiados e adeptos do PT.

Sinto muito, mas estão errados.

É verdade que a maioria dos brasileiros não está nem aí para o julgamento do mensalão. Mas ela costuma não se ligar em fatos políticos.

Temos eleições de dois em dois anos, por exemplo. E a maioria só começa a prestar atenção na campanha e nos candidatos em cima da hora, faltando poucas semanas para votar.

Isso é bom ou ruim? É ruim. Muito ruim.

Não se constrói uma democracia sólida desprezando-se a política.

São políticos bandidos, empenhados em enriquecer, os que mais ganham com o desprezo dos brasileiros à política.

Os meios de comunicação servem bem à democracia quando oferecem generoso espaço para tudo o que tenha a ver com o exercício da política. Para tudo o que tenha a ver com a vida. E a política tem.

O escândalo do mensalão decorreu do modo como o PT imaginou garantir a governabilidade.

Lula se elegeu em 2002 sem dispor de ampla sustentação no Congresso.

De princípio não quis ceder à idéia de lotear o governo, entregando aos partidos grandes quantidades de cargos.

Então o PT teve a brilhante idéia de pagar mesadas a deputados para que votassem com o governo.

No seu segundo mandato, uma vez que o mensalão fôra sepultado, Lula loteou o governo com 17 partidos.

Saber o que foi o mensalão, saber como funcionava, saber quem participou dele, acompanhar o julgamento no Supremo Tribunal Federal, tudo isso ajudará, certamente, para que o caso não se repita. Ou para dificultar a repetição do caso.

Noutro dia, o presidente do Paraguai foi deposto em menos de 48 horas.

Nossos meios de comunicação passaram semanas falando sobre o episódio. Alguns chamaram de golpe o que aconteceu no Paraguai. Outros não viram nada demais.

Se os brasileiros dão as costas para fatos políticos eminentemente locais, imaginem se deram bola para o que se passou no Paraguai…

Portanto, a queda do presidente paraguaio não deveria ter ocupado espaço nos nossos meios de comunicação. Certo?

Não vi ninguém do PT ou próximo dele reclamar da cobertura.

Como antes não vira ninguém do PT ou próximo dele reclamar da cobertura do escândalo do partido Democratas, em Brasília.
Nunca antes na história um escândalo foi tão bem documentado. O governador de Brasília acabou preso. E depois renunciou ao mandato.

E a situação do governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, enrolado com o bicheiro Carlinhos Cachoeira? Hein?

Como brasileiro não gosta de política, os meios de comunicação deveriam deixar Perillo em paz. É ou não é?

Hein, petistas? Faço a pergunta a vocês.

A alienação só favorece os espertos, uma minoria ativa, mas uma minoria.

Quando os espertos se dão bem, vocês sabem para quem sobra.”

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania.com] (http://www.blogdacidadania.com.br/2012/08/crie-vergonha-nessa-cara-noblat/) [A observação descrita nos parágrafos iniciais foi adicionada por este blog ‘democracia&política’].

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