sábado, 22 de setembro de 2012

OS SONHOS DA OPOSIÇÃO

Por Emir Sader


“À falta de programa e de candidato, os setores opositores sonham com descalabros que, talvez, lhes deem alguma chance de evitar que Dilma se reeleja em 2014 e o Brasil siga o caminho que vem trilhando, vitoriosamente (nunca nenhuma força, pela via democrática, governou por tanto tempo no Brasil, como o PT).

Como sonhar não é proibido – mesmo que seja com pesadelos para o país e para o povo -, as oposições desejam ardentemente que:

-- A recessão internacional afete profundamente a capacidade de crescer da economia brasileira, instaurando, aqui também, os descalabros que o neoliberalismo produz na Europa: recessão, desemprego, endividamento, dependência do FMI, inflação, fuga de capitais.

-- [Haja] crise social, grandes mobilizações populares contra o governo, repressão, perda de apoio popular do governo. A CUT se divida, um setor sai e se soma aos grupos de ultraesquerda.

-- Brigas se acentuem na base política do governo; PSB e PMDB se “autonomizam” e prepararão candidaturas próprias. O governo perca maioria no Congresso e tenha dificuldades para liberar recursos e aprovar projetos. O PAC se estacione, assim como o “Minha casa, minha vida”, o “Bolsa Família” e outros programas sociais do governo.

-- Dilma e Lula se estranhem e briguem, cada um por um lado, batendo um no outro.

-- As obras do Mundial de Futebol e das Olimpíadas atrasem; o Brasil seja ameaçado de perder suas sedes.

-- Políticas públicas nas zonas do Rio antes dominadas pelos narcotraficantes fracassem, diante do ressurgimento dos bandos armados, e essas zonas voltem a estar sob controle dos narcos.

-- As relações do Brasil na América Latina se deteriorem: conflitos com a Argentina inviabilizem o MERCOSUL, a entrada da Venezuela se complique. O Polo neoliberal do Pacífico se fortaleça, em contraposição ao MERCOSUL.

-- Usinas e outros projetos governamentais sejam inviabilizados por movimentos indígenas e ecológicos, e o Brasil desemboque num apagão.

-- O Julgamento do “mensalão” desemboque em processo contra o Lula.

-- Uma eliminação vergonhosa do Brasil do Mundial de Futebol, além da má organização evento, ajudem a baixar ainda mais a autoestima dos brasileiros.

Em suma, as oposições apostam em desastres, ficam olhando a economia internacional para ver se há nuvens que promovam grandes tempestades, que desequilibrem o modelo econômico que articula crescimento com distribuição de renda. Apostam no pior, nem que isso signifique sofrimento para o povo.

Mas apostar no pior não tem dado certo. Não deu no começo do governo Lula, não deu na tentativa de impeachment em 2005, nem no começo da crise internacional, em 2008. Não dará agora também. Mas serve para caracterizar no que apostam as oposições. Elas continuarão vivendo pesadelos.”

FONTE: escrito pelo cientista político Emir Sader no site “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=1097).

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