quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Singer: O “LULISMO” VAI DURAR

Singer e Lula viram que o subproletariado é o centro da questão

Por Paulo Henrique Amorim

“O SUBPROLETARIADO VAI SER FIEL, ENQUANTO O PT RESPEITAR A AGENDA QUE LULA IMPÔS: DEFENDÊ-LO.

O programa “Entrevista Record Atualidade”, que foi ao ar na última sexta-feira (14), na “RecordNews”, apresentou André Singer, cientista político, professor da USP e ex-porta-voz do Presidente Lula, autor do livro “Os sentidos do lulismo – reforma gradual e pacto conservador”, editado pela “Companhia das Letras”:  http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=30177784&google&id=14782&gclid=co2oynvxtbicfqsxnqod-tuadw.

Singer sustenta que, a partir do segundo mandato, em 2006, o Presidente Lula provocou um realinhamento político que pode durar por muitos e muitos anos, como aconteceu com a eleição do Presidente Franklin Roosevelt, em 1933, nos Estados Unidos.

Como em Roosevelt, até a oposição terá que se orientar pelo eixo central da política de Lula: os programas sociais que atendem às necessidades do que Singer chama de subproletariado --os que recebem até dois Salários Mínimos por mês.

Essa política se caracteriza pelo aumento real do Salário Mínimo e programas como o Bolsa Família, o PAC, o Minha Casa Minha Vida, e o crédito consignado, que vinha do primeiro mandato.

Metade da “População Economicamente Ativa” em 1976 era formada por subproletários, segundo estudos do pai de André, o respeitado economista Paul Singer.

Ainda hoje, em 2012, a proporção de subproletários no conjunto da PEA deve ser a mesma, supõe André.

Lula teria percebido isso, quando perdeu a eleição para Fernando Collor, em 1989.

Em entrevista a que o próprio André Singer compareceu, como repórter, Lula, logo após a derrota, disse que o seu objetivo dali para a frente deveria ser atingir quem vive de salário mínimo, porque o empresário não vai votar mesmo nele.

O PT sempre tinha sido um partido que se apoiava na classe média.

O subproletariado votou em Collor.

Mas, só em 2006, Lula e o PT aprofundaram essa aliança com o subproletariado.

Com os mais pobres.

O que explica a votação e o apoio a Lula e à Dilma Rousseff nas regiões mais pobres, como o Nordeste e os bolsões do Rio e de Minas.

Para fazer esse “realinhamento”, segundo Singer, Lula arquivou o radicalismo do PT do “Sion”, do Partido que se fundou no Colégio Sion, em São Paulo, em 1980.

Era um PT quase-socialista.

Com o tempo, prevaleceu o PT do “Anhembi”, onde se deu a Convenção de 2002, quando Lula assinou a “Carta aos Brasileiros”, em que se comprometia a seguir a política econômica ortodoxa de Fernando Henrique e a “respeitar os contratos”, ou seja, não iria rasgar a “Privatização”.

Lula e o PT teriam percebido que o subproletariado quer que o Estado o proteja, mas não quer saber de ruptura, instabilidade política ou greves.

Por quê ?

Porque o subproletariado é o mais desprotegido politicamente.

Ele não tem sindicato, não tem em que se apoiar diante de uma instabilidade política aguda.

Lula passou, então, depois de 2006, a adotar uma política de “reformismo fraco” e “desmobilizador”.

Esse “reformismo fraco” explicaria por que Lula conseguiu andar mais rápido no aumento da renda dos pobres e mais devagar na redução da desigualdade de renda entre os ricos e os pobres.

Porque o “fraquismo” permitiu que os ricos continuassem a ganhar muito dinheiro

(Nesse ponto, o ansioso blogueiro se lembrou de frase atribuída a Alzirinha, filha e secretária de Vargas: quando ouço dizerem que meu pai é o Pai dos Pobres, dá vontade de dizer … e a Mãe dos Ricos.)

“Reformismo fraco” não significa “despolitizar” – enfatizou Singer.

Lula aprofundou o embate político entre o “rico” e o “pobre”.

O que não tem muito a ver com “direita” e “esquerda”.

E quando o subproletariado melhorar de vida ? – ele vai virar conservador e deixar de votar no PT do Lula e da Dilma ?, perguntou o ansioso blogueiro.

O subproletarido vai ser fiel, enquanto o PT respeitar a agenda que Lula impôs: defendê-lo.”

FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim em seu portal “Conversa Afiada”  (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/09/14/singer-o-%e2%80%9clulismo%e2%80%9d-vai-durar/).

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