Por Saul Leblon
“A Suprema Corte do país acaba de se avocar mais uma prerrogativa: a de violar a lógica da história democrática brasileira.
Roberto Jefferson, que dispensa apresentações, pivô das denúncias que levaram à montagem daquilo que recebeu o nome de fantasia de 'mensalão', foi objetivamente liberado pelas togas do STF na 4ª feira.
A pena que lhe foi atribuída, sete anos e 14 dias, tem a precisão do relojoeiro esperto; coisa feita para encher os olhos, mas aliviar o ônus. Permitir-lhe-á ficar longe de qualquer instituição prisional para exercer livremente aquilo que sempre fez e sabe fazer.
A mesma condescendência já havia sido dispensada antes ao deputado do PR, Waldemar da Costa Neto, outro cuja folha de bons serviços à nação brasileira é conhecida, embora menos festejada.
A contrapelo desse indulto sugestivo, mas em tom de júbilo incontido, o “Globo” da 3ª feira espocou em manchete faiscante: "Tremembé, cidade do interior paulista, à espera de mensaleiros".
Quais?
O texto é claro no alvo da mira: " (...) Cidade pequena encravada na região do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, Tremembé já vive as expectativas de ser o provável destino dos mensaleiros, como está sendo chamada a turma liderada pelo ex-ministro José Dirceu (...) Enquanto José Dirceu e seus companheiros não chegam, Tremembé segue sua rotina", garante-se o jornal, como se iniciasse a cobrança regressiva do grande dia.
Devemos à Suprema Corte sob a batuta do agora presidente Joaquim Barbosa esse conjunto de uma harmonia desconcertante: Jefferson e Waldemar, livres; e José Dirceu, condenado sem provas, cuja vida foi posta na ponta da baioneta da ditadura militar por lutar pela democracia, vai para Tremembé - pelo menos assim o “Globo” prefixou. Em se tratando do Judiciário que aprendemos a conhecer em sua fina sensibilidade aos holofotes, significa um passo e tanto.
A reportagem do “Globo” pode ser encarada como um recado às togas: estamos aqui, ministros. Equipes e câmeras de prontidão no aquecimento para o grande dia. Um símbolo do PT será emoldurado pelas grades, em cena e horário naturalmente desfrutáveis pelo “Jornal Nacional”, como o foram todos os capítulos da “Ação 470”.
O empenho do dispositivo midiático é manter acesa a chama.
Cercá-la de cuidados para que contradições flagrantes, como a que foi reiterada 4ª feira, na absolvição daquilo que avulta como o paradigma de um escroque, não empalideçam a demonização arduamente construída ao longo da novela.
Para tanto, o símbolo representado por José Dirceu deve ser regularmente aspergido de lama até que o desfecho se materialize na escalada do JN e no jogral das manchetes do dia seguinte.
É disso que cuida a cobertura jornalística nos dias que correm. Trata-se de convencer a opinião pública de que repousa nas entranhas da “Operação Porto Seguro” a “chave do porão”.Aquela capaz de escancarar o quarto escuro dentro do qual Lula, Dirceu e todos os corruptos do país, que naturalmente serão sempre do PT, debatem novos e velhos golpes.
Na busca sôfrega das pistas para confirmar as manchetes, a lógica, muitas vezes, atrapalha. Demita-se a lógica.
Os supremos juízes da Suprema Corte não revogaram a história da luta democrática brasileira? Não redesenharam um país em que Roberto Jefferson merece condescendência e José Dirceu é bandido?
As togas da suprema instância não demitiram os fatos? Por que o jornalismo há de se ater a eles? O país e a mídia vivem agora sob o império das ilações. Eis aí uma contribuição inesperada, porém marcante, da Corte ao aperfeiçoamento das instituições democráticas e do currículo das escolas de jornalismo.
Na verdade, virtuoses no ramo já praticam, com impressionante desembaraço, o cânone da notícia inspirado na assertiva das togas que se dispensaram do elemento essencial de uma sentença: provas.
Na edição impressa da quarta- feira, 28, o jornal “Folha de S. Paulo” deu aula-magna de como aplicar a jurisprudência à estrutura de um texto, para dissimular um editorial em notícia.
O procedimento não é novo, mas o jornalismo à la 'domínio dos fatos' desfruta, agora, do exemplo inapelável que vem de cima. As togas fizeram escola.
Acompanhe como funciona o verdadeiro manual de redação nessa tentativa de afirmar, sem dispor de provas, os vínculos entre o ex-ministro José Dirceu e a 'Operação Porto Seguro'. Siga:
No título, antecipa-se a criminalização, assim: "Procuradora e denunciante citam Dirceu".
No destaque, abaixo do título, reforça-se a indução reiterativa:
"O nome do ex-ministro José Dirceu foi duplamente envolvido no caso apurado pela ‘Operação Porto Seguro’ da Polícia Federal".
No corpo da matéria, as 'provas' que sustentam a manchete:
1) "A procuradora federal Suzana Fairbanks afirma que Dirceu era procurado para resolver questões como se ainda fosse ministro: "[Era] Uma pessoa que tinha poder de decisão lá dentro [do governo]";
2) Em seguida, o texto incorpora a entrevista ao "Jornal Nacional" do delator do esquema, o ex-auditor do TCU, Cyonil da Cunha Borge (outro primor do gênero 'jornalismo à la Supremo')
Trecho incorporado pela matéria da “Folha”: "Cyonil disse que Paulo Rodrigues Vieira, tido como um dos cabeças do esquema, o convidou para participar de um aniversário de Dirceu e citou o nome do petista ao oferecer a propina".
Por fim, escondidos no artigo, sem peso nem influência na manchete, os fatos:
1) (...) "Fairbanks afirma que não há troca direta de mensagens entre a ex-assessora (Rosemary Noronha) e Dirceu";
2) Também não há o nome de Lula: "Conversa dela com o Lula não existe", diz. "Nem áudio, nem emails."
3) Sobre o delator, a promotora afirmou(...) "É um corrupto que sofreu um golpe. Levou um calote. Não recebeu o pagamento todo, como tinham combinado, e resolveu entregar o esquema todo”.
No arremate, seis linhas [da “Folha”] para o famoso 'o outro lado', em nome do qual avoca-se o direito de fazer qualquer coisa:
“O ex-ministro da Casa Civil era uma das autoridades a quem a ex-chefe de gabinete da Presidência sempre recorria”
“Auditor que entregou o caso afirma que suborno foi oferecido em nome do petista; Dirceu diz que é 'improcedente' “
DE SÃO PAULO
“O nome do ex-ministro José Dirceu foi duplamente envolvido no caso apurado pela ‘Operação Porto Seguro’ da Polícia Federal.
A procuradora federal Suzana Fairbanks diz que Dirceu era uma das autoridades do governo federal a quem Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, recorria para atender interesses do grupo desarticulado pela PF.
Rosemary, segundo investigação da PF e do Ministério Público Federal, costumava citá-lo como "JD".
Fairbanks afirma que Dirceu era procurado para resolver questões como se ainda fosse ministro: "[Era] Uma pessoa que tinha poder de decisão lá dentro [do governo]."
Ainda ontem, o petista também teve o nome envolvido no caso pelo delator do esquema, o ex-auditor do TCU (Tribunal de Contas da União) Cyonil da Cunha Borges.
Em entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo, Cyonil disse que Paulo Rodrigues Vieira, tido como um dos cabeças do esquema, o convidou para participar de um aniversário de Dirceu e citou o nome do petista ao oferecer a propina.
Cyonil disse ter recebido uma oferta de R$ 300 mil de Vieira para fazer um relatório favorável à “Tecondi”, empresa que opera em Santos.
"Na ocasião, ele [Vieira] escreveu que o processo era de suposto interesse de José Dirceu e escreveu R$ 300 mil no papel", disse ao "JN".
PRISÃO
A procuradora Fairbanks disse, ainda, que não está descartado o pedido de prisão de Rosemary Noronha.
Segundo ela, Rose procurava a cúpula do governo para "agendamento de reuniões de políticos, nomeação de cargos", para atender o grupo. "A influência dela era constante", diz, tanto no governo do ex-presidente Lula quanto no de Dilma Rousseff.
Fairbanks afirma que não há troca direta de mensagens entre a ex-assessora e Dirceu. Também não há o nome de Lula. "Conversa dela com o Lula não existe", diz. "Nem áudio, nem emails."
Sobre Cyonil, o delator, Fairbanks afirmou que ele entregou o esquema porque foi traído. "É um corrupto que sofreu um golpe. Levou um calote. Não recebeu o pagamento todo, como tinham combinado, e resolveu entregar o esquema todo", disse.
OUTRO LADO
Em nota, Dirceu afirmou que é improcedente a informação de que tenha relação pessoal ou profissional com Paulo Vieira. "Se Vieira usou o meu nome em conversas com terceiros, o fez de maneira indevida. Também não tenho nenhum interesse nas atividades da empresa ‘Tecondi’", disse o ex-ministro.
O petista afirmou que estuda com os advogados tomar as medidas judiciais. "Considero-me vítima de calúnias com as menções feitas."
O advogado de Cyonil, Rodrigo Selberg, afirmou que a avaliação da procuradora sobre seu cliente é "precipitada". "O histórico [de Cyonil] comprova que ele não é corrupto", afirmou.”
FONTE: escrito por Saul Leblon no site “Carta Maior” (http://cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=1148).
“A Suprema Corte do país acaba de se avocar mais uma prerrogativa: a de violar a lógica da história democrática brasileira.
Roberto Jefferson, que dispensa apresentações, pivô das denúncias que levaram à montagem daquilo que recebeu o nome de fantasia de 'mensalão', foi objetivamente liberado pelas togas do STF na 4ª feira.
A pena que lhe foi atribuída, sete anos e 14 dias, tem a precisão do relojoeiro esperto; coisa feita para encher os olhos, mas aliviar o ônus. Permitir-lhe-á ficar longe de qualquer instituição prisional para exercer livremente aquilo que sempre fez e sabe fazer.
A mesma condescendência já havia sido dispensada antes ao deputado do PR, Waldemar da Costa Neto, outro cuja folha de bons serviços à nação brasileira é conhecida, embora menos festejada.
A contrapelo desse indulto sugestivo, mas em tom de júbilo incontido, o “Globo” da 3ª feira espocou em manchete faiscante: "Tremembé, cidade do interior paulista, à espera de mensaleiros".
Quais?
O texto é claro no alvo da mira: " (...) Cidade pequena encravada na região do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, Tremembé já vive as expectativas de ser o provável destino dos mensaleiros, como está sendo chamada a turma liderada pelo ex-ministro José Dirceu (...) Enquanto José Dirceu e seus companheiros não chegam, Tremembé segue sua rotina", garante-se o jornal, como se iniciasse a cobrança regressiva do grande dia.
Devemos à Suprema Corte sob a batuta do agora presidente Joaquim Barbosa esse conjunto de uma harmonia desconcertante: Jefferson e Waldemar, livres; e José Dirceu, condenado sem provas, cuja vida foi posta na ponta da baioneta da ditadura militar por lutar pela democracia, vai para Tremembé - pelo menos assim o “Globo” prefixou. Em se tratando do Judiciário que aprendemos a conhecer em sua fina sensibilidade aos holofotes, significa um passo e tanto.
A reportagem do “Globo” pode ser encarada como um recado às togas: estamos aqui, ministros. Equipes e câmeras de prontidão no aquecimento para o grande dia. Um símbolo do PT será emoldurado pelas grades, em cena e horário naturalmente desfrutáveis pelo “Jornal Nacional”, como o foram todos os capítulos da “Ação 470”.
O empenho do dispositivo midiático é manter acesa a chama.
Cercá-la de cuidados para que contradições flagrantes, como a que foi reiterada 4ª feira, na absolvição daquilo que avulta como o paradigma de um escroque, não empalideçam a demonização arduamente construída ao longo da novela.
Para tanto, o símbolo representado por José Dirceu deve ser regularmente aspergido de lama até que o desfecho se materialize na escalada do JN e no jogral das manchetes do dia seguinte.
É disso que cuida a cobertura jornalística nos dias que correm. Trata-se de convencer a opinião pública de que repousa nas entranhas da “Operação Porto Seguro” a “chave do porão”.Aquela capaz de escancarar o quarto escuro dentro do qual Lula, Dirceu e todos os corruptos do país, que naturalmente serão sempre do PT, debatem novos e velhos golpes.
Na busca sôfrega das pistas para confirmar as manchetes, a lógica, muitas vezes, atrapalha. Demita-se a lógica.
Os supremos juízes da Suprema Corte não revogaram a história da luta democrática brasileira? Não redesenharam um país em que Roberto Jefferson merece condescendência e José Dirceu é bandido?
As togas da suprema instância não demitiram os fatos? Por que o jornalismo há de se ater a eles? O país e a mídia vivem agora sob o império das ilações. Eis aí uma contribuição inesperada, porém marcante, da Corte ao aperfeiçoamento das instituições democráticas e do currículo das escolas de jornalismo.
Na verdade, virtuoses no ramo já praticam, com impressionante desembaraço, o cânone da notícia inspirado na assertiva das togas que se dispensaram do elemento essencial de uma sentença: provas.
Na edição impressa da quarta- feira, 28, o jornal “Folha de S. Paulo” deu aula-magna de como aplicar a jurisprudência à estrutura de um texto, para dissimular um editorial em notícia.
O procedimento não é novo, mas o jornalismo à la 'domínio dos fatos' desfruta, agora, do exemplo inapelável que vem de cima. As togas fizeram escola.
Acompanhe como funciona o verdadeiro manual de redação nessa tentativa de afirmar, sem dispor de provas, os vínculos entre o ex-ministro José Dirceu e a 'Operação Porto Seguro'. Siga:
No título, antecipa-se a criminalização, assim: "Procuradora e denunciante citam Dirceu".
No destaque, abaixo do título, reforça-se a indução reiterativa:
"O nome do ex-ministro José Dirceu foi duplamente envolvido no caso apurado pela ‘Operação Porto Seguro’ da Polícia Federal".
No corpo da matéria, as 'provas' que sustentam a manchete:
1) "A procuradora federal Suzana Fairbanks afirma que Dirceu era procurado para resolver questões como se ainda fosse ministro: "[Era] Uma pessoa que tinha poder de decisão lá dentro [do governo]";
2) Em seguida, o texto incorpora a entrevista ao "Jornal Nacional" do delator do esquema, o ex-auditor do TCU, Cyonil da Cunha Borge (outro primor do gênero 'jornalismo à la Supremo')
Trecho incorporado pela matéria da “Folha”: "Cyonil disse que Paulo Rodrigues Vieira, tido como um dos cabeças do esquema, o convidou para participar de um aniversário de Dirceu e citou o nome do petista ao oferecer a propina".
Por fim, escondidos no artigo, sem peso nem influência na manchete, os fatos:
1) (...) "Fairbanks afirma que não há troca direta de mensagens entre a ex-assessora (Rosemary Noronha) e Dirceu";
2) Também não há o nome de Lula: "Conversa dela com o Lula não existe", diz. "Nem áudio, nem emails."
3) Sobre o delator, a promotora afirmou(...) "É um corrupto que sofreu um golpe. Levou um calote. Não recebeu o pagamento todo, como tinham combinado, e resolveu entregar o esquema todo”.
No arremate, seis linhas [da “Folha”] para o famoso 'o outro lado', em nome do qual avoca-se o direito de fazer qualquer coisa:
“O ex-ministro da Casa Civil era uma das autoridades a quem a ex-chefe de gabinete da Presidência sempre recorria”
“Auditor que entregou o caso afirma que suborno foi oferecido em nome do petista; Dirceu diz que é 'improcedente' “
DE SÃO PAULO
“O nome do ex-ministro José Dirceu foi duplamente envolvido no caso apurado pela ‘Operação Porto Seguro’ da Polícia Federal.
A procuradora federal Suzana Fairbanks diz que Dirceu era uma das autoridades do governo federal a quem Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, recorria para atender interesses do grupo desarticulado pela PF.
Rosemary, segundo investigação da PF e do Ministério Público Federal, costumava citá-lo como "JD".
Fairbanks afirma que Dirceu era procurado para resolver questões como se ainda fosse ministro: "[Era] Uma pessoa que tinha poder de decisão lá dentro [do governo]."
Ainda ontem, o petista também teve o nome envolvido no caso pelo delator do esquema, o ex-auditor do TCU (Tribunal de Contas da União) Cyonil da Cunha Borges.
Em entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo, Cyonil disse que Paulo Rodrigues Vieira, tido como um dos cabeças do esquema, o convidou para participar de um aniversário de Dirceu e citou o nome do petista ao oferecer a propina.
Cyonil disse ter recebido uma oferta de R$ 300 mil de Vieira para fazer um relatório favorável à “Tecondi”, empresa que opera em Santos.
"Na ocasião, ele [Vieira] escreveu que o processo era de suposto interesse de José Dirceu e escreveu R$ 300 mil no papel", disse ao "JN".
PRISÃO
A procuradora Fairbanks disse, ainda, que não está descartado o pedido de prisão de Rosemary Noronha.
Segundo ela, Rose procurava a cúpula do governo para "agendamento de reuniões de políticos, nomeação de cargos", para atender o grupo. "A influência dela era constante", diz, tanto no governo do ex-presidente Lula quanto no de Dilma Rousseff.
Fairbanks afirma que não há troca direta de mensagens entre a ex-assessora e Dirceu. Também não há o nome de Lula. "Conversa dela com o Lula não existe", diz. "Nem áudio, nem emails."
Sobre Cyonil, o delator, Fairbanks afirmou que ele entregou o esquema porque foi traído. "É um corrupto que sofreu um golpe. Levou um calote. Não recebeu o pagamento todo, como tinham combinado, e resolveu entregar o esquema todo", disse.
OUTRO LADO
Em nota, Dirceu afirmou que é improcedente a informação de que tenha relação pessoal ou profissional com Paulo Vieira. "Se Vieira usou o meu nome em conversas com terceiros, o fez de maneira indevida. Também não tenho nenhum interesse nas atividades da empresa ‘Tecondi’", disse o ex-ministro.
O petista afirmou que estuda com os advogados tomar as medidas judiciais. "Considero-me vítima de calúnias com as menções feitas."
O advogado de Cyonil, Rodrigo Selberg, afirmou que a avaliação da procuradora sobre seu cliente é "precipitada". "O histórico [de Cyonil] comprova que ele não é corrupto", afirmou.”
FONTE: escrito por Saul Leblon no site “Carta Maior” (http://cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=1148).
É, mas a lógica que ordena os raciocínios em direção à conclusão também foi afrontada o tempo todo. O "plausível", por exemplo, não é algo que se tire do nada, da opinião individual. Nas ciências humanas há muito debate para se chegar à simples conclusão de ser plausível ou não um evento. Tira-se de uma sequência histórica de eventos, e do confronto das subjetividades, não da opinião, sem debate algum, sem informações. A apuração da verdade nos fatos humanos _ imbuídos de subjetividade _ é tratada com debates no sentido de objetivar o subjetivo das ações. Não é algo de extração imediata. O senhor Barbosa, embora alegue ter feito profundos estudos, não expôs seus raciocínios, e como chegou às conclusões, mediante as argumentações dos réus. Limitou-se a expôr as acusações, e desqualificar o contraditório sem explicações. Com vocabulário econômico, versado em frases prontas, próprias do meio jurídico, e se pôs a falar, na dosimetria de Genoíno, que este perpetrou negociações de compra de votos "nessa dialética com os partidos pequenos". Usa o termo _ dialética _ como sinonimo de conjunto de diálogos, traindo nosso vocabulário. Dialética é sempre uma referência filosófica. Decorre que, no vocabulário deste culto senhor, distingue-se a _ dialética idealista _ como diálogos dos arranjos políticos, de ideias. E a _ dialética materialista _ como diálogos de acordo materiais, pecuniários.
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