Tela de Edvard Munch,
"O Grito"
A INTOLERÂNCIA ELITISTA DE LYA LUFTI
Por
“O Escritor”
“Se
há uma atitude que não dignifica o ser humano, esta é a falta de solidariedade.
Os
programas sociais do governo foram, para muitos, um espelho revelador do
elitismo que caracteriza a sua visão de mundo: "Para mim, sim; para eles,
não". Bolsa Família, Bolsa Escola, ProUni, Brasil Carinhoso, Brasil sem
Miséria, Luz para Todos, Minha Casa Minha Vida, entre outros, foram combatidos
pelos representantes desse elitismo, na grande mídia e no Congresso.
Esse
combate refletiu a estranheza, o constrangimento e a revolta que muitos sentiam
ao conviver, no dia a dia, com novos personagens em meios antes exclusivos:
"O
que essa turma está fazendo no meu aeroporto?"
"O
quê! Esta família vai jantar no meu restaurante?"
"Peralá!
Shopping é lugar de passeio dessa gente?"
"O
que o meu porteiro está fazendo na minha cidade estrangeira preferida?"
Um
desses programas, baseado na visão solidária e inclusiva do mundo, acaba de receber
mais um petardo vindo de uma representante de um mundo que custa a perceber que
já morreu. Uma escritora, uma intelectual que se orgulha do rótulo de
"artista" (Lya Luft), escreve na edição mais recente da
"Veja" (onde?), sobre a educação inclusiva, política pedagógica de
convivência entre deficientes e alunos regulares, nas salas de aula:
"O
politicamente correto agora é a inclusão geral, significando também que crianças
com deficiência devem ser forçadas (na minha opinião) a frequentar escolas dos
ditos 'normais' (também não gosto da palavra), muitas vezes não só perturbando
a turma, mas afligindo a criança, que tem de se adaptar e agir para além de
seus limites - dentro dos quais poderia se sentir bem, confortável e
feliz".
Ou
seja, "inclusão geral" é somente um modismo politicamente correto – e
não uma expressão do espírito de solidariedade do ser humano. Deficientes são
"forçados" a conviver com seus coleguinhas da escola tradicional e se
"afligem" por isso. Falando por eles, a escritora afirma que se
sentiriam "bem, confortáveis e felizes" se segregados do convívio com
crianças da mesma idade.
Na
verdade, a escritora está somente projetando seus sentimentos sobre aquelas
crianças: é ela que se sente "forçada" a conviver com realidades que
preferia evitar; é ela que se "aflige" e se "perturba" com
essa nova situação; é ela que sente dificuldade em se "adaptar" a
algo que está "além dos seus limites" restritos – dentro dos quais
vivia "bem, confortável e feliz". Um retrato perfeito do estrago que
os novos tempos estão causando nos corações e nas mentes dos elitistas.
Por
trás de supostos argumentos para defender direitos exclusivistas, vê-se
claramente a imagem da tela de Edvard Munch, "O Grito". Da boca da
imagem desesperada ouvimos: "Socorro! O que eles estão fazendo com o meu
mundo?!".
No
fundo, é simbólico: essa turma não consegue acessar sentimentos de
solidariedade e congraçamento nem nas festas de fim de ano.
Um
Ano Novo Solidário para todos.”
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