sábado, 19 de janeiro de 2013

FALHAS TÉCNICAS EM PEÇAS DOS EUA OBRIGAM BRASIL A ADIAR LANÇAMENTO DE SATÉLITE COM A CHINA

Desenho artístico do CBERS-3

 Herton Escobar
“O lançamento do satélite sino-brasileiro CBERS-3, previsto para ocorrer entre novembro e dezembro de 2012, foi remarcado para maio ou junho deste ano, por causa de problemas técnicos na parte brasileira do projeto. "Este é o nosso novo cronograma", disse quinta-feira ao “Estado” o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Leonel Perondi, respondendo a uma série de dúvidas e especulações sobre o atraso no lançamento.
O satélite, desenvolvido em parceria pelo Brasil e a China, é peça fundamental do Programa Espacial Brasileiro. O custo do projeto é da ordem de US$ 125 milhões para cada país. 
O problema está em uma série de pequenos conversores de energia comprados pelo Brasil em 2007 de uma empresa norte-americana chamada “Modular Devices Incorporated” (MDI), por cerca de US$ 2,5 milhões. Vários desses conversores apresentaram falhas nos testes finais que antecedem o lançamento na China, apesar de terem passado por todos os testes anteriores de qualidade realizados pelo INPE e pelas empresas nacionais contratadas para o projeto no Brasil.
O fato foi divulgado em novembro pelo “Jornal do SindCT”, do “Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial”, mas o INPE não havia se pronunciado oficialmente sobre o caso até agora.
Segundo Perondi, uma avaliação técnica iniciada pelo INPE em junho de 2012 concluiu que havia defeitos intrínsecos nos conversores da MDI - que já vinham apresentando problemas há algum tempo. Em agosto, uma equipe do instituto foi até a sede da empresa, nos EUA, para discutir a situação, levando cerca de 20 conversores (de um lote de 300) que tinham apresentado falhas. Em setembro, segundo Perondi, a empresa enviou um comunicado ao INPE reconhecendo que havia defeitos de fabricação em 12 peças analisadas.
Concluiu-se, porém, que nem todas as peças estavam comprometidas. Segundo Perondi, os conversores com problemas foram substituídos por outros do mesmo lote e submetidos a nova bateria de testes. "Retestamos tudo e, a princípio, não há mais nenhuma anomalia no satélite", afirma Perondi. Apesar disso, optou-se por trazer alguns componentes de volta ao Brasil para mais verificações. 
A decisão de reagendar o lançamento foi tomada em 20 de novembro. "Temos de ser extremamente rigorosos nesse processo; nada pode ir ao espaço com dúvidas", diz Perondi. "Pode demorar mais, pode custar mais, mas não pode haver falhas."
A data de lançamento ainda poderá sofrer alterações. "O cronograma é móvel, vai sendo revisto à medida que fazemos os testes", afirma Perondi.
Outra opção seria reprojetar o sistema elétrico do satélite para operar com outro modelo de conversor, mas isso atrasaria o lançamento do satélite em no mínimo dois anos, segundo fontes ouvidas pelo “Estado”. 
EMBUTIDOS
Os conversores, de um tipo chamado DC/DC, têm a função de adequar a voltagem da corrente elétrica do satélite às necessidades de cada um de seus subsistemas internos. Cada conversor pesa cerca de 500 gramas e há vários deles (44 no total) embutidos nos componentes brasileiros. "Não é algo trivial de ser substituído", disse Perondi. 
Os componentes chineses, por sua vez, utilizam conversores externos, maiores e mais pesados, que operam com uma voltagem fixa predeterminada - fabricados por uma empresa brasileira. "
FONTE: publicado pelo jornal “O Estado de São Paulo” e transcrito no site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/space/noticia/9347/Falhas-tecnicas-obrigam-Brasil-a-adiar-lancamento-de-satelite-com-a-China).

2 comentários:

  1. O irônico da situação é que o BRICS se jacta de ser alternativa às grandes potências econômicas, financeiras, tecno-científicas hoje existentes, mas, pergunto, como? Como pessoa totalmente ignorante no assunto tratado questiono: poderemos, os BRICS, objetivarmos concorrer com esses países que detÊm tais tecnologias e conhecimentos científicos?

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  2. Fluxo,
    Não acho irônico. Eles começaram primeiro e investiram trilhões. Para os BRICS concorrerem, é questão de querer e perseguir o objetivo. Como tudo na vida, é simples. Basta querer, começar pelo início, caminhar pelo meio e assim atingir-se-á o fim.
    Maria Tereza

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