Por Roberto Amaral, vice-presidente do PSB
“A tarefa de hoje, como insiste Eduardo Campos, é
em 2013 assegurar apoio à presidente. Discutir sucessão agora é um desserviço à
democracia
\
O PSB não nasceu hoje. Herdeiro das lutas sociais
que construíram nossa história, surge em 1947 no bojo da esquerda democrática
após a luta contra o Estado Novo.
Em toda a República de 1946, lutou pelo socialismo
e pela democracia: defendeu a posse de
JK, seu governo desenvolvimentista e a posse de Jango; participou de seu
gabinete parlamentarista com João Mangabeira, Hermes Lima e Evandro Lins e
Silva; acolheu em seus quadros a saga de Francisco Julião e suas Ligas
Camponesas; governou Recife com Pelópidas da Silveira; e presidiu a Petrobras
com Francisco Mangabeira.
Com o ‘Ato Institucional número 2’, foi para a
resistência inorgânica. Muitos de seus líderes passaram a atuar na grande
frente que seria o MDB, enquanto outros militantes buscaram outras formas de
resistência. Todos, porém, participaram da guerra sem quartel contra a
ditadura.
Iniciada a transição para a democracia, logrou
reorganizar-se em 1985. Foi uma longa e difícil caminhada. Fez oposição ao
governo Sarney, denunciou a tortura em memorável programa de TV e atuou com
destaque na constituinte. Defendeu o presidencialismo, o mandato de quatro
anos, a penalização da tortura como crime inafiançável, o direito de greve, o
turno de seis e a jornada de 40 horas, a unicidade sindical, a reforma agrária,
o monopólio estatal do petróleo e dos minerais estratégicos.
Em 1989, seria um dos fundadores da ‘Frente Brasil
Popular’, que levou Lula ao segundo turno. Opositor ferrenho do governo Collor,
teve atuação destacada no seu ‘impeachment’, por meio dos senadores Jamil
Haddad e José Paulo Bisol, e de Evandro Lins e Silva, um dos advogados da
sociedade contra o presidente infrator.
Apoiou Lula em 1994 e 1998 e fez diuturna oposição
aos governos FHC. Em 2002, lançou candidatura própria à Presidência para apoiar
Lula no segundo turno, apoio que reiterou em 2006. Em 2010, alinhou-se desde
cedo na campanha de Dilma Rousseff. Integra os governos de centro-esquerda
desde seu primeiro dia.
Os presidentes nacionais do PSB, antes de mim e de
Eduardo Campos, são o testemunho de sua vocação: Antônio Houaiss, Jamil Haddad
e Miguel Arraes. Deles colhemos um compromisso que estamos sabendo honrar.
Sentimo-nos contribuintes nas vitórias eleitorais e
corresponsáveis pelos governos de Lula e Dilma. Defendemos o aprofundamento das
conquistas econômicas e a institucionalização dos avanços sociais.
Com nossos justos anseios de crescimento e
conquista do poder, defendemos a continuidade do projeto de centro-esquerda,
comprometido com a emergência das massas, a criação e distribuição de riquezas,
a defesa da soberania nacional, o desenvolvimento econômico e a cidadania. Este
projeto não é mais nosso nem do PT e dos demais partidos que compunham a ‘Frente
Brasil Popular’. Pertence hoje à sociedade brasileira.
Essa história nos dá legitimidade para dizer que o
PSB tem um espaço próprio na política brasileira. O partido é, do ponto de
vista programático, político, ideológico, moral, histórico, existencial, contra
tudo o que representa o neoliberalismo, como tese, e como experiência
brasileira.
A tarefa de hoje, como insiste Eduardo Campos, é
vencer 2013 e nele assegurar à presidente Dilma o apoio político e social de
que carece para vencer a crise agravada. Por isso, discutir sucessão
presidencial, sejam quais forem as motivações, desde nobres, mas equivocadas,
àquelas movidas pela pequena política, é um desserviço à democracia e ao país.
Encurtar o mandato da presidente, como o faz o
debate sobre sua sucessão, só pode render frutos a uma oposição anêmica, sem
vigor, sem rumo, perdida em sua profunda e incurável mediocridade.“
FONTE: escrito por Roberto Amaral, advogado e cientista político, vice-presidente do
Partido Socialista Brasileiro (PSB). Foi ministro da Ciência e Tecnologia
(2003-2004, governo Lula). Artigo publicado na “Folha de São Paulo” (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/95523-o-psb-e-a-sucessao-presidencial.shtml).
Maria Tereza
ResponderExcluirTe considero uma pessoa de grande visão politica.
1)Vc acha que o Eduardo Campos tem chance de ganhar a presidencia em 2018 ? (pois em 2014 para mim vai dar Dilma tranquilo.A não ser que ela não queira.)
2) Em sua opinião, hoje quem seria o concorrente mais forte de Eduardo em 2018?
PS: Não quis te ofender perguntando sobre Brasilia, apenas quis tirar dúvidas sobre a cidade, sobre a qual conheço muito pouco.
Iurikorolev,
ResponderExcluirNão tenho essa grande visão política. É gentileza sua.
Respondo como o próprio Eduardo Campos já manifestou: é muito cedo para fazer prognósticos sobre quem será eleito em 2014. Muito mais cedo ainda quanto a 2014.
Maria Tereza
Corrigindo o final: ..."Muito mais cedo ainda quanto a 2018"
ResponderExcluirMaria Tereza