quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

RECONSTRUÇÃO DE ALCÂNTARA 10 ANOS DEPOIS DA TRAGÉDIA

Vista parcial do Centro de Lançamento de Alcântara

10 ANOS DEPOIS DE TRAGÉDIA, BASE DE ALCÂNTARA AINDA FINALIZA RECONSTRUÇÃO

Por Karine Melo, repórter da Agência Brasil

“Quase uma década depois da explosão do foguete VLS-1 V03 no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, que matou 21 técnicos civis e destruiu a torre de lançamento, a infraestrutura da base maranhense ainda não está 100% recuperada. A expectativa da Agência Espacial Brasileira (AEB) é que, só em dois anos, todo o trabalho esteja concluído.

Ainda carece de um bom investimento para terminar essa infraestrutura, que vai servir para dois sítios simultaneamente: um especificamente para lançar o Cyclone-4, parceria que nós temos com a Ucrânia, e o outro que é para lançar os nossos lançadores”, disse à Agência Brasil, o presidente da AEB, José Raimundo Coelho.

O objetivo da Operação São Luís, que terminou em tragédia no dia 22 de agosto de 2003, era colocar em órbita o satélite meteorológico SATEC, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e o nanossatélite UNOSAT, da Universidade do Norte do Paraná. Foi a primeira e única tentativa brasileira de colocar um satélite em órbita a partir de uma base nacional.

O Brasil, no entanto, já voltou a fazer lançamentos a partir da Base de Alcântara. Em 2010, foi lançado o foguete brasileiro de médio porte VSB-30 V07.

De 2004 a 2012, foram investidos pouco mais de R$ 582 milhões em infraestrutura e sistemas para o Centro de Lançamento de Alcântara. Nos próximos dois anos, a previsão do Programa Nacional de Atividades Espaciais é que R$176 milhões sejam empregados para o mesmo fim.

Segundo o presidente da AEB, o Brasil aprendeu muito com a tragédia, principalmente no que diz respeito à prevenção de acidentes.

Toda operação que envolve combustível pesado, como é o caso espacial, tem que ter senhoras precauções. Digamos que a nossa primeira iniciativa não foi focada nisso, porque a gente jamais poderia imaginar que poderia acontecer aquele acidente. Foi fatal e foi uma surpresa total para nós”, reconheceu.

A construção de uma nova torre de lançamento foi totalmente concluída e entregue em outubro de 2012, depois da realização de testes que mostraram que a estrutura está preparada para um feito inédito: lançar um foguete com satélite de uma base própria.

Cyclone-4, na Ucrânia
Pelas previsões da AEB, o foguete ucraniano Cyclone-4 será o primeiro a ser lançado na base, fora da fase de testes, desde a explosão da torre. Pela cooperação, firmada no mesmo ano do acidente, a Ucrânia é responsável por desenvolver e fabricar [o foguete e] os equipamentos do foguete.

Já ao Brasil cabe a construção da infraestrutura física e de comunicações do Centro de Alcântara. Ainda não há data marcada para o lançamento do foguete, mas a intenção é que isso ocorra em 2014.

Para que o Centro de Lançamento de Alcântara volte a operar, o novo projeto de construção da torre envolveu ajustes, sobretudo na área de segurança. Entre as novidades estão a instalação de sistema de proteção contra descargas atmosféricas, a construção de uma área de fuga e a automatização de sistemas.

O posto de comando é belíssimo, competitivo com qualquer outro do mundo. Tem modernidades que outros lugares não tem, como, por exemplo, uma torre que se ajusta a vários tipos de lançadores” explicou José Raimundo.

Ainda segundo José Raimundo, os planos para a base de Alcântara são audaciosos. Quando tudo estiver pronto, a intenção é que ela seja usada para vender serviços a preços mais competitivos. “Nossa posição é bem embaixo da órbita geoestacionária. Se você for lançar lá do Hemisfério Norte, longe do Equador, significa muito mais combustível, muito mais dinheiro gasto. De lá, você pode economizar 30% no lançamento”, estimou.

A idéia é que, se o Brasil tiver lançadores eficientes, a partir de um local estrategicamente bem posicionado, a demanda por serviços aumente muito. “Podemos lançar satélite do mundo todo e cada lançamento custa cerca de US$ 50 milhões”, aposta o presidente da AEB.

Este ano, a AEB deve contar com um orçamento de R$ 400 milhões para investimentos em lançadores, satélites e infraestrutura. O presidente da agência reconhece que os recursos estão muito aquém do necessário, mas segundo ele, já são o dobro do empenhado no ano passado.

Para a infraestrutura de Alcântara, nós estamos solicitando ao governo brasileiro um suplemento emergencial, devido a esse compromisso que nós temos com a Ucrânia [de lançar o Cyclone-4], isso vai acrescentar R$ 200 milhões ao orçamento”, disse.”

FONTE: reportagem de Karine Melo, da Agência Brasil (Edição: Davi Oliveira)   (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-02-12/dez-anos-depois-de-tragedia-base-de-alcantara-ainda-finaliza-reconstrucao).

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