quinta-feira, 11 de julho de 2013

”ESQUEÇAM O QUE FIZEMOS”’ (PSDB ROGA AOS BRASILEIROS)

[Ex-Presidente em Paris (onde comprou multimilionário apartamento na área mais cara (Av Foch), além daqueles de Higienópolis-SP e de São Conrado-RJ e da grande fazenda de MG). Creio que D. Ruth era muito econômica. Na figura, vê-se que ele está com memória fraca, como é usual em até jovens tucanos, que agora rogam a mesma deficiência para os brasileiros]

Por Josias de Souza [na própria tucana] “Folha de São Paulo”:

Ao sugerir o fim da reeleição, o PSDB roga aos brasileiros: ‘por favor, esqueçam o que fizemos’

“O estatuto da reeleição, todo mundo sabe, foi enfiado dentro da Constituição em 1997 para beneficiar o então presidente Fernando Henrique Cardoso [e o PSDB-DEM], que se reelegeria na sucessão presidencial de 1998.

Agora, o PSDB quer retirar a reeleição do texto constitucional... Tudo bem. Todos têm o direito de corrigir os próprios erros. Mas fazer isso sem um pedido de desculpas não fica bem.

O PSDB desembarca da reeleição como se tudo não tivesse passado de um equívoco banal. O partido de FHC comporta-se mais ou menos como uma dona de casa desastrada ao se dar conta de que guardou o açúcar numa lata de café onde estava escrito sal.

A proposta de substituir a reeleição pelo mandato único de cinco anos é um dos seis itens que a “Executiva Nacional do PSDB” decidiu apoiar [agora] na reforma política. Trata-se de um mea culpa histórico[?] Mas nenhum tucano admitiu formalmente o erro. Aécio Neves, o presidente do tucanato, preferiu atribuir a inspiração à antagonista Dilma Rousseff.

Depois de uma discussão muito profunda, e a partir dos exemplos que a própria Presidência da República atual e o governo do PT têm dado, de priorizar a reeleição em detrimento do país, estamos defendendo o mandato de cinco anos para todos os cargos eletivos, sem direito à reeleição”, disse [o pretenso humorista] Aécio.

A “discussão” do PSDB, embora “muito profunda”, não alcançou o fundo absoluto. O homem comum –categoria que inclui a dona de casa desastrada— vive apenas o dia-a-dia, sem maiores ânsias metafísicas. Mas o homem público, coautor da história, tem o dever de respeitar o passado –até para aprender com ele.

Não precisa fazer como o arqueologista, que devassa milhões de anos à procura de restos fósseis. Não é necessário imitar o geólogo, que se afunda em bilhões de anos de pedras e metais. Mas 16 anos, convenhamos, não é tanto tempo assim. E os fatos foram marcantes demais. Impossível deixar de mencioná-los.

[GRAVAÇÕES INCRIMINADORAS] (engavetadas...)

A reeleição foi aprovada no Congresso sob atmosfera vadia. Soavam ao fundo as vozes de deputados pilhados numa fita. Eles mencionavam uma certa “cota federal” [de dinheiro público desviado e de caixa 2] providenciada pelo “Serjão”. Vale a pena reescutar alguns trechos.

Pelo que eu sei bem, é o seguinte: eram os 200 do Serjão, via Amazonino, que era a cota federal, aí do acordo…”, escuta-se num trecho da gravação. “Ele falou, pra todo mundo, aí, meio mundo, aí. Eu falei com o Luís Eduardo. O Luís Eduardo marcou uma audiência com o Serjão. Daí, o Serjão marcou com o Amazonino.

Serjão, já morto, era Sérgio Roberto Vieira da Motta. Espaçoso, cresceu muito para as laterais. Daí o apelido. O aumentativo não embutia nenhum exagero. Exceto pela voz, miúda como a de Anderson Silva, tudo em Serjão parecia exagerado. A começar por seu apetite.

Afora a natural apetência por alimentos, Serjão tinha outro tipo de fome. Ele tinha fome de poder. Era fácil irritá-lo. Bastava chamá-lo de “tesoureiro”. Conhecera FHC em 1975, no jornal ‘Movimento’. Em 1978, já atuava como coordenador de sua campanha ao Senado. Tornaram-se amigos íntimos.

No governo FHC, Serjão foi ministro das Comunicações. Onde houvesse uma fresta vazia, lá estava ele para ocupá-la. Faltava oposição ao governo? Serjão tachava o “Comunidade Solidária”, programa [da multimilionária ONG] da primeira dama Ruth Cardoso, de ”masturbação sociológica”. Faltava coordenação política ao Planalto? Serjão abraçava, ele próprio, o papel de mercador da reeleição.

[OBS: sobre essa ONG criticada pelo próprio "Serjão", abro parênteses para relembrar trecho de uma postagem de 11/7/09 (http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2009/07/escandalo-ifhc-gasta-mais-de-10-vezes.html): 

(...) “Na década de 90, no auge do governo FHC/PSDB/PFL, surgiram e atuavam no Brasil muitas ONG e entidades “pilantrópicas” que se diziam “sem fins lucrativos”, funcionando quase que exclusivamente com recursos do Estado brasileiro que se autocondenava a ser “mínimo” em prol delas e de alguns outros. Até a coordenação de ações do tal “Estado-mínimo” era dita poder ser feita por empresas transnacionais e por ONG (a maioria com a matriz no exterior)” (...).

“Na época, por volta de 1999, alto dirigente da EMBRAER relatou-me que a Doutora Ruth (ela assim exigia ser chamada até pelas servi
çais domésticas), esposa de FHC, escrevera para a empresa solicitando R$ 2 milhões para a ONG dela, creio que a “Comunidade Solidária”. A empresa doou. Era um pedido da Primeira Dama. Não arriscariam recusar. Segundo ele, seria até bom para a empresa. A operação permitiria vários artifícios contábeis complexos, de isenções e abatimentos e, ao final, a EMBRAER também sairia ganhando. Não me perguntem quem perdeu. A resposta é óbvia. 

Há poucos meses, li na imprensa (Folha de SP?) que a tal ONG da Drª Ruth recebera no governo do marido cerca de R$ 250 milhões para prestar serviços, visando o bem da Nação. (...)].


Serjão era a paixão com braços. Gestos fartos, guiava-se pela emoção. O poder era seu brinquedo. O lume do holofote, sua vitamina. O subsolo, seu ambiente predileto. Serjão era, antes de ministro, uma combinação de empresário e tocador de campanhas políticas, não necessariamente nessa ordem.

Pois bem, o governo FHC[/PSDB-DEM-PPS] estava tão obcecado pela tese da reeleição que permitiu que a empreitada ficasse com a cara do Serjão –um trator de carne e osso, um personagem pouco afeito a pedidos de licença. Na época, encurtaram-se os caminhos [via $$$]. Mas desceram ao verbete da enciclopédia as fitas, a “cota federal”, as menções ao amigão do presidente.

Na época, uma oposição claudicante tentou instalar uma CPI da Reeleição. FHC dizia: “Não podemos transformar o Congresso em polícia.” [A grande mídia apoiava fortemente os demotucanos"; nada investigava  e abafava ou escondia todas as falcatruas do governo]. Hoje, quando o passado volta para assombrá-lo, o ex-presidente tucano diz que houve, sim, "uma investigação". Onde? Na Comissão de Constituição e Justiça. Hã, hã…

Dois deputados acreanos foram cassados [por vender seus votos em favor da reeleição de FHC/PSDB]. Outros três renunciaram aos respectivos mandatos. O PSDB jamais foi mencionado na encrenca , costuma dizer FHC, esforçando-se para esquecer as manchetes de outrora. [Contudo, apesar de algumas manchetes logo esquecidas, surpreendente e inexplicavelmente jamais a mídia e a Justiça (MP, PGR, STF etc) tiveram a ideia de investigar quem comprou os votos e com que dinheiro...].



Sob Aécio, o PSDB poderia até fazer como FHC, que nega a compra de votos sob a [torta] alegação de que a reeleição passou com folgada maioria. Só não dá para fingir que o passado não existe. Antes de propor o fim daquilo que já desejou tão ardentemente, o tucanato deveria, pelo menos, recitar o pedaço da missa em que os católicos reconhecem, num ritual secular, seus erros perante Deus.

Em latim: “Confiteor Deo omnipotenti, beatae Mariae semper Virgini, beato Michaeli Archangelo, beato Joanni Baptistae, sanctis Apostolis Petro et Paulo, omnibus Sanctis, et tibi pater: quia peccavi nimis cogitatione verbo, et opere: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa.”

Em português: Eu pecador me confesso a Deus todo-poderoso, bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado São João Batista, aos santos apóstolos São Pedro e São Paulo, a todos os Santos e a vós, Padre, porque pequei muitas vezes, por pensamentos, palavras e obras, por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa.

FONTE: escrito por Josias de Souza na “Folha de São Paulo”  (http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2013/07/09/ao-sugerir-o-fim-da-reeleicao-o-psdb-roga-aos-brasileiros-por-favor-esquecam-o-que-fizemos/). [Título, imagem do Google e trechos entre colchetes em azul acrescentados por este blog `democracia&política`].

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