[Ex-Presidente em Paris (onde comprou multimilionário
apartamento na área mais cara (Av Foch), além daqueles de Higienópolis-SP e de São Conrado-RJ e da grande fazenda de MG). Creio que D. Ruth era muito econômica. Na figura, vê-se que ele está com memória fraca, como é usual em até jovens tucanos, que agora rogam a mesma deficiência para os brasileiros]
Por Josias de Souza [na própria tucana] “Folha de São Paulo”:
Ao sugerir o fim da reeleição, o PSDB roga aos brasileiros: ‘por favor, esqueçam o que fizemos’
“O estatuto da reeleição, todo mundo sabe, foi
enfiado dentro da Constituição em 1997 para beneficiar o então presidente
Fernando Henrique Cardoso [e o PSDB-DEM], que se reelegeria na sucessão
presidencial de 1998.
Agora, o PSDB quer retirar a reeleição do texto
constitucional... Tudo bem. Todos têm o direito de corrigir os próprios erros.
Mas fazer isso sem um pedido de desculpas não fica bem.
O PSDB desembarca da reeleição como se tudo não
tivesse passado de um equívoco banal. O partido de FHC comporta-se mais ou
menos como uma dona de casa desastrada ao se dar conta de que guardou o açúcar numa
lata de café onde estava escrito sal.
A proposta de substituir a reeleição pelo mandato
único de cinco anos é um dos seis itens que a “Executiva Nacional do
PSDB” decidiu apoiar [agora] na reforma política. Trata-se de um mea culpa histórico[?]
Mas nenhum tucano admitiu formalmente o erro. Aécio Neves, o presidente do
tucanato, preferiu atribuir a inspiração à antagonista Dilma Rousseff.
“Depois de
uma discussão muito profunda, e a partir dos exemplos que a própria Presidência
da República atual e o governo do PT têm dado, de priorizar a reeleição em
detrimento do país, estamos defendendo o mandato de cinco anos para todos os
cargos eletivos, sem direito à reeleição”, disse [o pretenso humorista] Aécio.
A “discussão” do PSDB, embora “muito profunda”, não
alcançou o fundo absoluto. O homem comum –categoria
que inclui a dona de casa desastrada— vive apenas o dia-a-dia, sem maiores
ânsias metafísicas. Mas o homem público, coautor da história, tem o dever de
respeitar o passado –até para aprender
com ele.
Não precisa fazer como o arqueologista, que devassa
milhões de anos à procura de restos fósseis. Não é necessário imitar o geólogo,
que se afunda em bilhões de anos de pedras e metais. Mas 16 anos, convenhamos,
não é tanto tempo assim. E os fatos foram marcantes demais. Impossível deixar
de mencioná-los.
[GRAVAÇÕES
INCRIMINADORAS] (engavetadas...)
A reeleição foi aprovada no Congresso sob atmosfera
vadia. Soavam ao fundo as vozes de deputados pilhados numa fita. Eles
mencionavam uma certa “cota federal” [de dinheiro público desviado e de caixa 2] providenciada
pelo “Serjão”. Vale a pena reescutar alguns trechos.
“Pelo que eu
sei bem, é o seguinte: eram os 200 do Serjão, via Amazonino, que era a cota
federal, aí do acordo…”, escuta-se num trecho da gravação. “Ele falou, pra todo mundo, aí, meio mundo,
aí. Eu falei com o Luís Eduardo. O Luís Eduardo marcou uma audiência com o
Serjão. Daí, o Serjão marcou com o Amazonino.”
Serjão, já morto, era Sérgio Roberto Vieira da
Motta. Espaçoso, cresceu muito para as laterais. Daí o apelido. O aumentativo
não embutia nenhum exagero. Exceto pela voz, miúda como a de Anderson Silva,
tudo em Serjão parecia exagerado. A começar por seu apetite.
Afora a natural apetência por alimentos, Serjão
tinha outro tipo de fome. Ele tinha fome de poder. Era fácil irritá-lo. Bastava
chamá-lo de “tesoureiro”. Conhecera FHC em 1975, no jornal ‘Movimento’. Em
1978, já atuava como coordenador de sua campanha ao Senado. Tornaram-se amigos
íntimos.
No governo FHC, Serjão foi ministro das
Comunicações. Onde houvesse uma fresta vazia, lá estava ele para ocupá-la.
Faltava oposição ao governo? Serjão tachava o “Comunidade Solidária”, programa [da
multimilionária ONG] da primeira dama Ruth Cardoso, de ”masturbação
sociológica”. Faltava coordenação política ao Planalto? Serjão abraçava, ele
próprio, o papel de mercador da reeleição.
[OBS: sobre essa ONG criticada pelo próprio "Serjão", abro parênteses para relembrar trecho de uma postagem de 11/7/09 (http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2009/07/escandalo-ifhc-gasta-mais-de-10-vezes.html):
(...) “Na década de 90, no auge do governo FHC/PSDB/PFL, surgiram e atuavam no
Brasil muitas ONG e entidades “pilantrópicas” que se diziam “sem fins
lucrativos”, funcionando quase que exclusivamente com recursos do Estado
brasileiro que se autocondenava a ser “mínimo” em prol delas e de alguns outros.
Até a coordenação de ações do tal “Estado-mínimo” era dita poder ser feita por
empresas transnacionais e por ONG (a maioria com a matriz no exterior)” (...).
“Na época, por volta de 1999, alto dirigente da EMBRAER relatou-me que a Doutora Ruth (ela assim exigia ser chamada até pelas serviçais domésticas), esposa de FHC, escrevera para a empresa solicitando R$ 2 milhões para a ONG dela, creio que a “Comunidade Solidária”. A empresa doou. Era um pedido da Primeira Dama. Não arriscariam recusar. Segundo ele, seria até bom para a empresa. A operação permitiria vários artifícios contábeis complexos, de isenções e abatimentos e, ao final, a EMBRAER também sairia ganhando. Não me perguntem quem perdeu. A resposta é óbvia.
“Na época, por volta de 1999, alto dirigente da EMBRAER relatou-me que a Doutora Ruth (ela assim exigia ser chamada até pelas serviçais domésticas), esposa de FHC, escrevera para a empresa solicitando R$ 2 milhões para a ONG dela, creio que a “Comunidade Solidária”. A empresa doou. Era um pedido da Primeira Dama. Não arriscariam recusar. Segundo ele, seria até bom para a empresa. A operação permitiria vários artifícios contábeis complexos, de isenções e abatimentos e, ao final, a EMBRAER também sairia ganhando. Não me perguntem quem perdeu. A resposta é óbvia.
Há poucos meses, li na imprensa (Folha de SP?) que a tal ONG da Drª Ruth recebera no governo do marido cerca de R$ 250 milhões para prestar serviços, visando o bem da Nação. (...)].
Serjão era a paixão com braços. Gestos fartos,
guiava-se pela emoção. O poder era seu brinquedo. O lume do holofote, sua
vitamina. O subsolo, seu ambiente predileto. Serjão era, antes de ministro, uma
combinação de empresário e tocador de campanhas políticas, não necessariamente
nessa ordem.
Pois bem, o governo FHC[/PSDB-DEM-PPS] estava tão
obcecado pela tese da reeleição que permitiu que a empreitada ficasse com a
cara do Serjão –um trator de carne e
osso, um personagem pouco afeito a pedidos de licença. Na época,
encurtaram-se os caminhos [via $$$]. Mas desceram ao verbete da enciclopédia as
fitas, a “cota federal”, as menções ao amigão do presidente.
Na época, uma oposição claudicante tentou instalar
uma CPI da Reeleição. FHC dizia: “Não
podemos transformar o Congresso em polícia.” [A grande mídia apoiava fortemente os demotucanos"; nada investigava e abafava ou escondia todas as falcatruas do governo]. Hoje, quando o passado volta
para assombrá-lo, o ex-presidente tucano diz que houve, sim, "uma investigação".
Onde? Na Comissão de Constituição e Justiça. Hã, hã…
Dois deputados acreanos foram cassados [por vender
seus votos em favor da reeleição de FHC/PSDB]. Outros três renunciaram aos
respectivos mandatos. O PSDB jamais foi mencionado na encrenca , costuma dizer FHC, esforçando-se para
esquecer as manchetes de outrora. [Contudo, apesar de algumas manchetes logo esquecidas, surpreendente e inexplicavelmente jamais a mídia e a Justiça (MP, PGR, STF etc) tiveram a ideia de
investigar quem comprou os votos e com que dinheiro...].
Sob Aécio, o PSDB poderia até fazer como FHC, que
nega a compra de votos sob a [torta] alegação de que a reeleição passou com folgada
maioria. Só não dá para fingir que o passado não existe. Antes de propor o fim
daquilo que já desejou tão ardentemente, o tucanato deveria, pelo menos,
recitar o pedaço da missa em que os católicos reconhecem, num ritual secular,
seus erros perante Deus.
Em latim: “Confiteor
Deo omnipotenti, beatae Mariae semper Virgini, beato Michaeli Archangelo, beato
Joanni Baptistae, sanctis Apostolis Petro et Paulo, omnibus Sanctis, et tibi
pater: quia peccavi nimis cogitatione verbo, et opere: mea culpa, mea culpa,
mea maxima culpa.”
Em português: “Eu pecador
me confesso a Deus todo-poderoso, bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao
bem-aventurado Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado São João Batista, aos santos
apóstolos São Pedro e São Paulo, a todos os Santos e a vós, Padre, porque
pequei muitas vezes, por pensamentos, palavras e obras, por minha culpa, minha
culpa, minha máxima culpa.”
FONTE: escrito por Josias de Souza na “Folha de São Paulo” (http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2013/07/09/ao-sugerir-o-fim-da-reeleicao-o-psdb-roga-aos-brasileiros-por-favor-esquecam-o-que-fizemos/). [Título, imagem
do Google e trechos entre colchetes em azul acrescentados por este blog
`democracia&política`].
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