segunda-feira, 1 de julho de 2013

OS 'ESTRAGOS' CAUSADOS PELO MODELO DEMOTUCANO DE AUSTERIDADE TAMBÉM APLICADO NA GRÉCIA

“Políticas de austeridade acabaram por conduzir a Grécia a uma recessão sem fim à vista, reconheceu mês passado o ‘Fundo Monetário Internacional’ num documento sigiloso citado pelo 'The Wall Street Journal'. O organismo liderado por Christine Lagarde admitiu, ainda, que a dívida grega [com o remédio neoliberal] não é sustentável. 

 

Do “Esquerda.net”, de Portugal


O “Fundo Monetário Internacional” (FMI) admitiu terem sido cometidos graves erros durante os últimos três anos, na forma como a "troika" [Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI)lidou com a crise grega, noticiou em junho o 'The Wall Street Journal'.

Num documento interno marcado como “extremamente confidencial”, citado pelo jornal novaiorquino, o FMI diz que subestimou os “estragos” que as medidas de austeridade iriam causar na economia grega, mergulhada numa recessão nos últimos seis anos.

O FMI afirma, também, que desrespeitou as suas próprias regras para que a dívida crescente da Grécia parecesse sustentável e que, em retrospectiva, o país falhou em três dos quatro critérios estipulados para poder ser qualificado para a intervenção externa.

Ainda que, nos últimos três anos, vários representantes do FMI, entre os quais a sua diretora geral, Christine Lagarde, tenham repetidamente afirmado que o nível de dívida do país era “sustentável”, o documento diz que a incerteza em torno da Grécia “era tão significativa que os técnicos não eram capazes de dar garantias de que a dívida teria grande probabilidade de ser sustentável”.

O relatório, que, segundo o 'The Wall Street Journal', foi parcialmente divulgado, assume também que o fundo foi demasiado otimista no que diz respeito às perspectivas do governo grego sobre o regresso ao mercado financeiro e à sua capacidade política para implementar as condições previstas no memorando, assim como sugere que o maior beneficiário da intervenção de 2010 não foi propriamente a Grécia, mas sim a Zona Euro. 

[O Brasil de FHC/PSDB/DEM já 'viu esse filme'. Crescentes e desesperados empréstimos, impossibilidade cada vez maior de atender a todas as draconianas exigências do FMI e benefício exclusivo para os Estados Unidos e o mercado financeiro internacional com os estratosféricos juros que nos impunham pagar (a SELIC chegou a 40%!). Felizmente, saímos dessa tempestade a partir de 2003. Contudo, temos que ficar alertas. A oposição, a mídia direitista, alguns que lucravam com aquele caos e grande massa de ingênuos que não percebem que estão sendo manipulados estão batalhando árdua e diuturnamente para a volta da direita ao poder no Brasil]. 

A intervenção na Grécia é descrita, na realidade, como uma “operação de contenção” que “deu à zona euro tempo para construir uma 'firewall' para proteger outros membros vulneráveis e evitar potenciais efeitos severos na economia global”.

O FMI critica o atraso na reestruturação da dívida grega, que só veio a ter lugar em maio de 2012, sublinhando, contudo, que era “politicamente difícil” realizar essa operação com maior antecedência, devido à resistência de alguns países da zona do euro cujos bancos detinham grande quantidade de dívida do governo grego.

O fundo assume que a sua análise sobre o futuro desenvolvimento da dívida estava errado “por uma larga margem” e frisa que apenas após 18 meses depois do início da intervenção foram revistas as metas e as projeções macroeconômicas estipuladas, que estavam completamente defasadas da realidade grega.

Sobre a “Comissão Europeia”, a organização adianta que a mesma "tem tido sucesso limitado na implementação [das condições associadas aos empréstimos]”, mas “não tem experiência na gestão de crises", e que a CE está mais preocupada com o "cumprimento das regras da União Europeia do que com o impacto no crescimento econômico" e "não foi capaz de contribuir muito para identificar reformas estruturais potenciadoras de crescimento".


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