sábado, 24 de agosto de 2013

AMAZUL: TECNOLOGIA NUCLEAR E SUBMARINOS DO BRASIL

A mesa composta pelo Ministro Raupp, Almirante Moura Neto, Dr Ari MAtos e demais autoridades. Foto - DefesaNet

A DEFESA EM DEBATE

Nam et ipsa scientia potestas est

AMAZUL: TECNOLOGIA NUCLEAR E SUBMARINOS DO BRASIL

Por Fernanda Corrêa, no site “DefesaNet”. A autora é historiadora, estrategista e pesquisadora do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense.

“Dia 16 de agosto 2013 foi uma data histórica para a Marinha do Brasil. Foi ativada a estatal “Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A.” (AMAZUL), no auditório do “Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo” (CTMSP). Durante a cerimônia de ativação da empresa, estiveram presentes na mesa para abrir a Assembleia Pública: Idervânio da Silva Costa, representante do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Almirante Wilson Barbosa Guerra, Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha, Almirante Julio Soares de Moura Neto, Comandante da Marinha, Marco Antônio Raupp, Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Ari Matos Cardoso, Secretário-Geral do Ministério da Defesa, Kátia Aparecida Zanetti de Lima, Procuradora da Fazenda Nacional, e Almirante Ney Zanella dos Santos, Diretor-presidente da estatal.

Além de autoridades militares, estavam presentes, na cerimônia de ativação da empresa, técnicos, engenheiros, gestores, empresários e parlamentares. A AMAZUL foi criada por autorização da Lei N° 12.706 de 8 de agosto de 2012, sob forma de sociedade anônima, com personalidade jurídica de direito privado e patrimônio próprio e constitui a 126ª estatal brasileira. Essa empresa é fruto das discussões geradas a partir da criação do Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro”, em meados de 2008. Os objetivos do Governo, em criar esta empresa, são impulsionar a inovação na cadeia produtiva, tanto do setor de defesa, quanto do setor nuclear, e promover a independência tecnológica de produtos e equipamentos utilizados pela medicina nuclear.

Os propósitos da AMAZUL são a promoção, o desenvolvimento, a absorção, a transferência e a manutenção de tecnologias sensíveis às atividades nucleares da Marinha e do “Programa Nuclear Brasileiro”. Além de tornar viável a construção do primeiro submarino nuclear brasileiro e nacionalizar a industrialização do ciclo do combustível nuclear e da própria tecnologia de construção de reatores, contribuirá na estruturação da indústria de defesa, fomentará a implantação de novas empresas no setor nuclear e proporcionará enorme arraste tecnológico, estimulando a inovação de processos e produtos de aplicação civil e militar.

Inicialmente, o quadro de pessoal da AMAZUL está sendo composto por funcionários da Empresa Gerencial de Projetos Navais” (EMGEPRON) que trabalhavam no “Projeto Nuclear da Marinha”. A Marinha abrirá concurso público para contratar funcionários de acordo com o regime da Consolidação das Leis do Trabalho. A absorção de recursos humanos para essa estatal é estratégica, pois, na legislação interna, a Força não tem condições de pagar os funcionários de acordo com o valor de mercado. Com a AMAZUL, os funcionários altamente qualificados receberão salários condizentes com seus currículos e mercado.

Além do Almirante Ney Zanella dos Santos, foram empossados membros da Diretoria-Executiva, o Almirante Intendente Agostinho Santos do Couto, como Diretor de Administração e Finanças, e o Comandante-de-Mar-e-Guerra, Engenheiro Naval e Nuclear, Leonam dos Santos Guimarães, como Diretor Técnico-Comercial da AMAZUL.

A AMAZUL será sediada em São Paulo (SP), no campus da USP, o que remonta a histórica parceria Marinha do Brasil – IPEN – CNEN, que tornou possível a construção das centrífugas de enriquecimento de urânio por ultracentrifugação e o domínio completo do ciclo do combustível nuclear. Se, hoje, a INB é capaz de fornecer combustível nuclear aos reatores nucleares brasileiros é graças às conquistas científicas e tecnológicas desenvolvidas pela equipe de civis e militares que, desde a década de 1980, trabalhavam na antiga “Coordenadoria Especial” (COPESP) no seio da USP, em São Paulo. Nada mais simbólico e estratégico que a AMAZUL também funcione no seio dessa Universidade. Além disso, a Marinha foi a primeira instituição militar a recorrer à universidade para estabelecer parceria na formação de engenheiros navais. Dessa parceria nasceu o Curso de Engenharia Naval da Escola Politécnica da USP existente desde 1956.

O esforço da Marinha do Brasil em envolver a sociedade em suas atividades nucleares deve ser justamente reconhecido, pois, foram muitos os convites, visitas e palestras a parlamentares, tanto ao CTMSP quanto ao Centro Experimental Aramar. Os visitantes conheceram a Oficina Mecânica de Precisão (OFMEPRE), a Unidade Produtora de Hexafluoreto de Urânio (USEXA), o Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (LABGENE), o Laboratório Radioecológico (LARE), o Laboratório de Teste da Propulsão (LATEP) e o Laboratório de Enriquecimento Isotópico (LEI). O LABGENE também será utilizado como local de treinamento para comandantes de submarinos nucleares. São numerosos os discursos e defesa de parlamentares, em assembleias públicas na Câmara e no Senado, reforçando a importância do Projeto Nuclear da Marinha (PNM) e do Programa Nuclear Brasileiro para o País.

Em seu discurso, o Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra Moura Neto, ressaltou a importância de o Projeto Nuclear da Marinha ter sido incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo Governo Federal e que, graças à esta inclusão, isso assegura a continuidade dos investimentos por parte do Governo.

O Ministro Marco Antônio Raupp foi enfático em reafirmar o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação ao Projeto Nuclear da Marinha. A fim de demonstrar o simbolismo desse apoio, contou que, quando a Marinha solicitou que ele escolhesse um representante do MCTI para constituir o Conselho Fiscal da AMAZUL, o próprio Raupp se indicou como membro desse Conselho. Este Ministro enfatizou, também, a histórica relação da Ciência e Tecnologia no Brasil com a Marinha. Segundo ele, a instituição-mãe do MCTI, o CNPq, nasceu fruto do trabalho do Almirante Álvaro Alberto Mota e Silva, na década de 1950.

O nome da estatal faz referência à extensão marítima brasileira que a própria Marinha do Brasil convencionou denominar “Amazônia Azul”. São 3,5 milhões de km² de extensão territorial no mar e que, se aceito o pleito brasileiro à Comissão de Limites da ONU, pode chegar à 4,5 milhões de km², o que corresponde a mais de 50% da extensão territorial do Brasil. As preocupações do Ministério da Defesa e do Comando da Marinha na parte brasileira do Atlântico Sul não se limitam à pesca e ao Pré-sal, mas também às ricas jazidas de cobalto, ouro, diamante e urânio alocadas nos solos e subsolos do Atlântico Sul.

A “Estratégia Nacional de Defesa” (END) prevê que a Marinha do Brasil construa 15 submarinos convencionais e 6 submarinos com propulsão nuclear. A AMAZUL, ao tornar possível o domínio de todas as etapas de construção de submarinos nucleares, atendendo à lógica da dissuasão, propiciará ao Brasil ter condições de negar o uso do mar a qualquer interesse escuso que afronte a soberania nacional em águas brasileiras.”

FONTE: escrito por Fernanda Corrêa, no site “DefesaNet”. A autora é historiadora, estrategista e pesquisadora do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (http://www.defesanet.com.br/prosub/noticia/11889/A-Defesa-em-Debate----AMAZUL--tecnologia-nuclear-e-submarinos-do-Brasil/).

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