Do jornal “Brasil 247”
Por Luiz Flavio Gomes
“O Brasil tem seu lado vitorioso.
Existe o Brasil que deu certo. Nas três últimas décadas, por exemplo,
alcançamos três impressionantes conquistas:
(a) movimento “diretas-já”, em 1984,
que sepultou a ditadura militar e restabeleceu a democracia, nos legando a
Constituição de 1988;
(b) o Plano Real de 1994 [Gov.
Itamar/PSDB] que venceu a inflação e estabilizou a moeda assim como os
referenciais econômicos;
(c) o programa de inclusão social e a
luta contra a miséria, que se transformaram em política de Estado em 2003 (essa iniciativa, de acordo com o IDHM, da
ONU, contribuiu para o Brasil crescer, de 1991 a 2010, 47,5%, em média, nos
itens expectativa de vida, renda per capita e matriculados em escolas).
Essas mudanças aconteceram sob a
batuta de grandes lideranças políticas do MDB, PSDB e PT, respectivamente. São
pontos positivos para o Brasil que deu certo.
Paralelamente, existe também o
Brasil que deu errado ou que ainda não deu certo (é o Brasilquistão). Seus 5
pilares (dentre outros) são:
(a) apartheid (divisão de classes
totalmente discriminatória, fundada em desigualdades aéticas);
(b) guerra civil (violência);
(c) ineficientismo do Estado;
(d) representação política desastrada;
e
(e) "dialética da
malandragem" (Antonio Candido).
Nossos próximos cinco grandes
desafios, sem prejuízo da manutenção do que já foi conquistado, cujos líderes
nem sabemos quem serão, são:
(a) combater nosso apartheid socioeconômico
por meio da educação de qualidade como política nacional prioritária em tempo
integral, das 8 às 18h, obrigatória até aos 18 anos, criando igualdade de
condições e de oportunidades para todos;
(b) enfrentar a questão da
violência/segurança pública, com o firme propósito de acabar com nossa
discriminatória guerra civil;
(c) dotar o Estado de eficiência para
melhorar a qualidade dos serviços públicos nas áreas de saúde, transportes,
justiça etc;
(d) digitalizar e revitalizar a velha
democracia representativa (criando o
Fórum Cidadão, para a implantação da democracia direta digital); e
(d) atacar desde suas raízes a
corrupção, que tem origem cultural na "dialética da malandragem".
Para acabar (reduzir) os males do
Brasilquistão, temos que continuar os protestos de junho. Dez (dentre tantas
outras) razões para isso:
(a) Como podem deputados e senadores
continuarem usando indevidamente os aviões da FAB (para uso recreativo)?;
(b) Como podem os políticos desejarem “flexibilizar”
(na minirreforma eleitoral) suas
responsabilidades, sobretudo na hora das prestações de contas à Justiça
eleitoral, sobrelevando a relevância do poder econômico (que compra o poder político);
(c) Como pode a Revista “Veja” (que produz matérias incríveis, por exemplo,
na área de educação) ser vergonhosamente tendenciosa, ao não dar a primeira
página (principal) para o escândalo da fraude no metrô de São Paulo (confessado
por um dos criminosos, a Siemens), porque ele tem potencial para influenciar as
eleições de 2014 assim como a saúde da democracia brasileira?);
(d) Como pode dois ministros do STF
(Fux e Marco Aurélio) sonharem, como diz a mídia, em transformar suas filhas em
desembargadoras, sem antes terem muitos e muitos anos de trabalho na advocacia?
(e) Como pode Joaquim Barbosa ter usado
o endereço do seu apartamento funcional em Brasília (violando regras federais)
para sediar sua empresa internacional que foi usada para comprar um apartamento
em Miami? [Seria a mesma coisa que a
presidente Dilma, em pleno mandato, criar empresa fictícia em Miami para
comprar imóvel na Flórida registrando a sede da empresa no Palácio da
Alvorada... Ninguém perdoaria. Haveria impeachment. Porém, como JB está
servindo aos interesses demotucanos de voltar ao poder, tudo pode e é perdoado];
(f) Como pode um senador (Lobão Filho)
afirmar que a ética não tem relevância?
(g) Como pode o [hipócrita] PSDB ou
seus representantes, numa espécie de cópia [inflada ou origem] do PT do
mensalão, se locupletarem das propinas da fraude no metrô de SP?
(h) Como pode o STF mudar de critério
em relação à "cassação" do mandato do parlamentar condenado por ele
mesmo por falcatruas no exercício da função pública, não conciliando os incisos
IV e VI do art. 55 da CF?
(i) Como pode empresas e corporações
internacionais de renome, podres de ricas (como Siemens, Alston, Bombardier,
CAF, Mitsui, HSBC, Bank of America etc), incentivarem, por meio da corrupção ou
da lavagem de dinheiro, o fim da concorrência e da competência, que é a espinha
dorsal do capitalismo neoliberal, já enfraquecido e enlameado com os escândalos
da roubalheira financeira de Wall Street de 2008?
(j) Como pode 870 milhões de pessoas
estarem passando fome (e morrendo por causa disso), com tanta abundância de
comida no mundo inteiro?
Como pode...”
FONTE: escrito por Luiz Flavio Gomes, no jornal
online “Brasil 247”. Transcrito no portal de Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/dez-motivos-para-continuar-os-protestos). [Imagens do Google e trechos
entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
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