A MÉDICA DA "FOLHA" E A SEMANA DE 128 HORAS
Por André Borges Lopes.
"É difícil saber se essa polêmica do "Mais Médicos" está fazendo mais estragos na reputação dos médicos ou na dos jornalões brasileiros.
Sexta-feira (30) – não por coincidência – dois jornalões (Folha e O Globo) deram destaque à triste história da Dra. Junice Maria Moreira, médica do programa "Saúde da Família", que estaria sendo sumariamente demitida para "dar lugar a um cubano" em Murici, povoado da cidade de Sapeaçu, BA. A denúncia foi plantada na imprensa pelo CRM da Bahia.
Os links:
Folha: "Disseram que eu tinha que dar lugar a um cubano"
O Globo: Prefeituras substituem médicos por profissionais do programa do governo.
Muito bem. Aí a gente acessa o serviço CNESNet da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde e pede uma busca pelo nome da doutora Junice Maria Moreira .
Descobre-se que essa médica tem quatro vínculos empregatícios ativos, dois deles de 40 horas no "Programa de Saúde da Família" e mais dois, de 24 horas cada, como médico clínico. Total de 128 horas semanais (improváveis 18 horas e meia por dia, de segunda a segunda). Com um detalhe: os vínculos públicos são com prefeituras de três cidades diferentes (Murici, Queimadas e Jiquiriçá no interior baiano) distantes 357 km entre si, 4h40 de viagem segundo o Google Maps.
Com essa carga de trabalho insana e atendendo em três municípios distantes é de se supor que a Dra. Junice encontrasse dificuldades para cumprir seus horários contratados. Pois foi exatamente isso que constatou a repórter Louise Lobato do jornal "Correio", ao seguir o princípio básico de dar voz ao outro lado (relegado ao mero registro de um desmentido formal nas matérias da Folha e d'O Globo).
Da matéria da Louise:
"O secretário de Saúde da cidade, Raul Molina, desmentiu as alegações. 'Ela disse que está sendo substituída por um médico estrangeiro, mas isso não é verdade. A demissão aconteceu não para economizar recursos da prefeitura, e sim porque essa médica não está cumprindo o contrato. Ela se recusa a cumprir a carga horária determinada, de 40 horas, e, ao invés disso, trabalha somente durante um turno, duas vezes na semana. Ou seja, apenas 12 horas', afirmou. 'Há três meses, nós comunicamos para a cooperativa que ela não estava cumprindo a carga horária, e pedindo a substituição. Contudo, a cooperativa disse que não tinha nenhum outro médico disponível para substituí-la. Por causa disso, demos entrada no pedido para participar do 'Mais Médicos', relata o secretário Molina."
Bem, se a Dra. Junice é uma amostra do tipo de profissional da saúde pública que está sendo trocado pelos médicos cubanos, continuo achando que o Brasil está fazendo um excelente negócio em trazer los hermanos.”
FONTE: escrito por André Borges Lopes, professor universitário e produtor gráfico. Texto publicado originalmente na página do Facebook do autor. Transcrito no site “Carta Maior” (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22603&alterarHomeAtual=1). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
Por André Borges Lopes.
"É difícil saber se essa polêmica do "Mais Médicos" está fazendo mais estragos na reputação dos médicos ou na dos jornalões brasileiros.
Sexta-feira (30) – não por coincidência – dois jornalões (Folha e O Globo) deram destaque à triste história da Dra. Junice Maria Moreira, médica do programa "Saúde da Família", que estaria sendo sumariamente demitida para "dar lugar a um cubano" em Murici, povoado da cidade de Sapeaçu, BA. A denúncia foi plantada na imprensa pelo CRM da Bahia.
Os links:
Folha: "Disseram que eu tinha que dar lugar a um cubano"
O Globo: Prefeituras substituem médicos por profissionais do programa do governo.
Muito bem. Aí a gente acessa o serviço CNESNet da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde e pede uma busca pelo nome da doutora Junice Maria Moreira .
Descobre-se que essa médica tem quatro vínculos empregatícios ativos, dois deles de 40 horas no "Programa de Saúde da Família" e mais dois, de 24 horas cada, como médico clínico. Total de 128 horas semanais (improváveis 18 horas e meia por dia, de segunda a segunda). Com um detalhe: os vínculos públicos são com prefeituras de três cidades diferentes (Murici, Queimadas e Jiquiriçá no interior baiano) distantes 357 km entre si, 4h40 de viagem segundo o Google Maps.
Com essa carga de trabalho insana e atendendo em três municípios distantes é de se supor que a Dra. Junice encontrasse dificuldades para cumprir seus horários contratados. Pois foi exatamente isso que constatou a repórter Louise Lobato do jornal "Correio", ao seguir o princípio básico de dar voz ao outro lado (relegado ao mero registro de um desmentido formal nas matérias da Folha e d'O Globo).
Da matéria da Louise:
"O secretário de Saúde da cidade, Raul Molina, desmentiu as alegações. 'Ela disse que está sendo substituída por um médico estrangeiro, mas isso não é verdade. A demissão aconteceu não para economizar recursos da prefeitura, e sim porque essa médica não está cumprindo o contrato. Ela se recusa a cumprir a carga horária determinada, de 40 horas, e, ao invés disso, trabalha somente durante um turno, duas vezes na semana. Ou seja, apenas 12 horas', afirmou. 'Há três meses, nós comunicamos para a cooperativa que ela não estava cumprindo a carga horária, e pedindo a substituição. Contudo, a cooperativa disse que não tinha nenhum outro médico disponível para substituí-la. Por causa disso, demos entrada no pedido para participar do 'Mais Médicos', relata o secretário Molina."
Bem, se a Dra. Junice é uma amostra do tipo de profissional da saúde pública que está sendo trocado pelos médicos cubanos, continuo achando que o Brasil está fazendo um excelente negócio em trazer los hermanos.”
FONTE: escrito por André Borges Lopes, professor universitário e produtor gráfico. Texto publicado originalmente na página do Facebook do autor. Transcrito no site “Carta Maior” (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22603&alterarHomeAtual=1). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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