sexta-feira, 20 de setembro de 2013

TRÊS GRANDES MULTIS FOGEM DO LEILÃO DE ‘LIBRA’: SERÁ QUE ESTÁ CAINDO A FICHA, PESSOAL?

Por Fernando Brito

“Para entender o que é isso, peço sua paciência para uma introdução necessária sobre o que significa essa desistência.

Compreendo todas as boas e patrióticas intenções de alguns – só de alguns – brasileiros que desejam ver adiado o leilão do megacampo de petróleo de ‘Libra’.

Acho, apenas que não deveriam dizer adiar ou suspender, mas cancelar e anular, porque o que querem – e eu também quereria, se fosse possível – é a entrega direta do campo à Petrobras, como sugeriu o geólogo Guilherme Estrela, o maior responsável pela descoberta do pré-sal e um homem a quem este país deveria homenagear em praça pública.

O caso é o seguinte: a Petrobras não tem dinheiro, sozinha, para uma empreitada dessas.

Tem todo o resto: tecnologia, capacidade operacional, condições de projetar e encomendar equipamentos e de gerir e administrar sua instalação.

Mas para o dinheiro, não tem solução sozinha.

Tomar emprestado em bancos ou lançando títulos no mercado internacional é endividar a companhia acima do limite prudente. Muito acima, aliás.

A outra alternativa é a composição de um consórcio empresarial onde ela, operadora exclusiva, é ressarcida de investimentos e gastos operacionais na proporção da sociedade ou até maior, com a eventual transferência de parcela da produção futura.

O que vai definir a qualidade dessa composição são o tipo do interesse do parceiro e seu ‘timming’.

É por isso, e não por informação privilegiada, que há tempos se está afirmando aqui que uma associação dos chineses é o caminho natural. Eles têm sobrando capital e faltando petróleo seguro, por conta de seu crescente consumo e sua dependência, em pouco mais de 50%, de petróleo árabe (Arábia Saudita, Irã, Iraque, Omã e outros).

É nesse quadro que entra a crise aberta com os Estados Unidos por conta da espionagem no Brasil.

As empresas americanas e a eles associadas – Chevron, Exxon, BP, Shell, as remanescentes das “Sete Irmãs” - ficaram sem condições políticas de formar um consórcio exclusivo capaz de enfrentar o capitaneado pelo Brasil. Tanto é assim que a “Folha”, ontem à tarde, anunciou a decisão da BP, BG e Exxon de não participarem do leilão. 

[Além disso, há muita crítica na midia culpando a desistência das grandes multis por conta do modelo "com muito Estado" e "muita Petrobras" estabelecido para o leilão. Essas críticas também encobrem a mágoa e a frustração porque a norte-americana Chevron não se candidatou. Logo ela, para a qual, segundo o Wikileaks,  Serra/PSDB secretamente prometera, caso eleito, entregar a exploração do pré-sal afastando a Petrobras].

E desistiram por uma única razão: sabem que não vão levar. Como as demais sabem que não irão, se não forem procurar um espacinho na composição entre a Petrobras e os chineses.

A pergunta é: quando haverá condições políticas tão favoráveis ao Brasil num leilão desse porte? E se amanhã os entreguistas não estiverem tão emporcalhados como hoje ou até, Deus nos livre, voltem ao poder?

É por isso que este “Tijolaço” defende o leilão já. Se fosse possível, amanhã.

Porque adiar é meio caminho andado para perder.”

FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog “Tijolaço”  (http://tijolaco.com.br/index.php/tres-multis-fogem-do-leilao-de-libra-sera-que-esta-caindo-a-ficha-pessoal/). [Trecho entre colchetes em azul adicionado por este blog 'democracia&política']

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