sexta-feira, 11 de outubro de 2013

MENTIRAS E VERDADES QUE VEICULAM NOS EUA


Mentiras e verdades sobre o "fechamento" do governo dos EUA

Conheça alguns mitos (alguns bizarros), mentiras e verdades sobre o chamado "shutdown" do governo dos EUA.

Por Dodô Calixto, no "Opera Mundi"

"O fechamento parcial de agências federais dos Estados Unidos não vislumbra uma solução a curto prazo devido à intransigência das partes envolvidas no conflito.


Mentiras e controvérsias

1 - Obama fechou o oceano. O republicano, David Schweikert, usou o twitter na semana passada para anunciar que o presidente norte-americano tinha "fechado o oceano para navegação e atividades econômicas relacionadas ao mar". Para o congressista do Arizona, as medidas foram reflexos do "shutdown". O que aconteceu, na verdade, foi uma restrição de acesso para pescadores por falta de funcionários de vigilância. Apenas o Estado da Flórida teve de adotar a restrição.

2- Obamacare é uma ameaça à liberdade e foi colocada goela abaixo na população. Este é o principal argumento do Partido Republicano para vetar o plano orçamentário e impedir o funcionamento do governo. O A"ffordable Care Act" (popularmente chamado de "Obamacare") prevê plano assistencial para mais de 30 milhões de norte-americanos - que atualmente não têm nenhum tipo de seguro de saúde.

Nos EUA, o atendimento médico, mesmo em hospitais públicos, tem valores muito altos para quem não tem plano assistencial. O objetivo da reforma da saúde, de acordo com Washington, é atender essas pessoas. Para estimular a adesão de famílias com renda -- que geralmente contratam serviços particulares --, o "Obamacare" “multará” aqueles que não comprarem planos de saúde do governo.

Na verdade, a taxa começará a ser cobrada no dia 1.º de janeiro de 2014 e será em média 1% do rendimento familiar ao ano. O porcentual será gradativamente elevado até alcançar 2,5% em 2016. A medida despertou o ódio dos setores conservadores dos EUA. Para eles, o "Obamacare" representa uma interferência indevida na vida dos cidadãos e é uma ameaça ao "American Dream" e à liberdade. Mesmo com 42 sessões de debate no Senado e aprovação da Suprema corte norte-americana, os republicanos insistem em dizer que o assunto não foi discutido.

3 - Obama está pessoalmente pagando para um museu de cultura muçulmana continuar aberto. Uma apresentadora da "Fox News" -- emissora conservadora dos EUA -- afirmou que o presidente se ofereceu para "pagar do próprio bolso" para manter aberto o "Museu Internacional da Cultura Muçulmana". Ao mesmo tempo, Obama teria se recusado a permitir que veteranos da Segunda Guerra Mundial visitassem o museu de ex-combatentes em Washington. Horas depois, a própria emissora precisou desmentir a informação.

4- A NASA não irá alertar pessoas sobre o fim do mundo. O observatório de "ameaças de asteróides" divulgou que, graças ao fechamento do governo, em caso de fim do mundo, a NASA nada poderia fazer ou sequer alertar a população. Alguns congressistas republicanos do Arizona e Texas aproveitaram a informação para "pressionar" Obama. O governo afirmou que apenas alguns setores da NASA não estão funcionando. Em caso de um meteoro no caminho da terra, por exemplo, a equipe seria suficiente para um alerta global.

5- Shutdown do governo é "normal". "Existe uma histeria coletiva sobre um processo que fazer parte do processo constitucional. O governo já fechou 12 vezes durante a democracia. O "shutdown" já aconteceu duas vezes apenas no período que estive no governo", afirmou Newt Gingrich, ex-porta-voz do Congresso norte-americano.

Antes de tentar transferir a responsabilidade para os democratas, os republicanos tentaram convencer a população que o fechamento do governo é algo absolutamente "normal". Na verdade, outros "shutdowns" tiveram menor duração (a maioria foi durante finais de semana) e justificativas de menor proporção. Nenhum deles teve impactos econômicos e sociais tão vastos como o atual. Por exemplo, em 1982 o governo foi fechado por um dia pois o então presidente Reagan decidiu convidar congressistas para um churrasco na Casa Branca, atrasando a votação.

Verdades e controvérsias

1- Com o shutdown, o governo é obrigado a parar com os serviços considerados “não essenciais”. Basicamente, a administração não tem autorização legal para pagar suas contas internas e, por isso, apenas atividades como as de policiais, médicos, Forças Armadas, tráfego aéreo e sistema penal continuam a ter fundos para funcionar.

No entanto, dizem especialistas, o grande problema está na definição de "não essencial". Por exemplo, a agência de proteção ao meio-ambiente não é considerada essencial. Portanto, trabalhos de vigilância ambiental e proteção de parque nacionais estão fechados. Pesca, agricultura e agropecuária têm graves problemas de operação em função do "shutdown" do governo, pois não conseguem licenças e vistorias essenciais para o funcionamento.

Comunicações, Comitê de Segurança e Relações Internacionais, Departamento do Tesouro, Desenvolvimento Urbano são também considerados não essenciais e estão com graves problemas operacionais.

2- Departamento de Segurança Nacional desfalcado. Muitos dos funcionários considerados não essenciais trabalham nos aeroportos dos EUA. Portanto, a tarefa de passar pela imigração e pela revista -- que já são naturalmente difíceis em solo norte-americano -- ganha contornos dramáticos.

3- Calote da dívida norte-americana pode abalar mercado financeiro. A última vez que o governo dos EUA não honrou um compromisso financeiro foi há 225 anos. A economia global e o mercado financeiro das principais potências dependem do pagamento de compromissos financeiros de Washington. Em caso de calote, em função do "shutdown" do governo, pode ser lançada uma nova versão da crise mundial.

4- Partido Democrata tem sua parcela de culpa. Cientistas políticos e especialistas concordam que o partido do presidente Barack Obama poderia ter esclarecido melhor as diretrizes da proposta do "Obamacare", evitando o apoio de parte da população aos republicanos e ao fechamento do governo. Há dúvidas e incertezas na população (até mesmo entre democratas) sobre como aderir ao projeto e do funcionamento operacional. O "shutdown" ganhou respaldo popular no primeiro momento pelo simples fato de muitos não entenderem o projeto.

5- Com o fechamento do governo, EUA ganhou (da noite para o dia) um milhão de desempregados. Dentro dos serviços considerados não essenciais, estão quase um milhão de funcionários públicos e outros profissionais ligados às atividades do governo que não receberão seus salários como consequência do fechamento. Caso a crise política se estenda, o "desemprego massivo" pode afetar a economia interna."

FONTE: escrito por Por Dodô Calixto, no "Opera Mundi". Transcrito no portal "Vermelho"  
(http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=226438&id_secao=9).

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