“Brecht, num de seus melhores momentos, falou que o pior analfabeto é o analfabeto político, que aqui vou tratar por “AP”, por razões de espaço e de facilidade.
Por Paulo Nogueira, no “Diário do Centro do Mundo”
O AP, como sublinhava Brecht, facilita a vida da direita predadora, da plutocracia empenhada apenas em acumular moedas. O AP é facilmente manipulado pelos poderosos.
No Brasil, como se fosse miolo de pão para pombos, a direita – pela sua voz, a mídia corporativa – arremessa ao AP denúncias de corrupção, quase sempre infladas ou simplesmente inventadas.
E o AP é assim manipulado como se estivesse com uma coleirinha. ‘Veja’, ‘Globo’ e ‘Folha’ são mestras na arte de manobrar o AP.
Penso nisso tudo ao ver o drama pelo qual passa José Genoino. Mal saído de uma cirurgia delicada no coração, Genoino foi preso por um capricho de Joaquim Barbosa, um herói do AP.
A filha de Genoino, Miruna, numa entrevista ao blogueiro Eduardo Guimarães, fez um pedido singelo. Pediu aos brasileiros que não se deixassem contaminar pela trinca suprema da canalhice jornalística brasileira – ‘Veja’, ‘Globo’ e ‘Folha’.
Miruna, 32 anos, é uma professora. Herdou do pai a simplicidade. É quase que o contrário de Verônica Serra, a multimilionária filha de Serra.
“Tudo que meu pai fez, desde que saiu do Ceará, foi lutar por justiça social”, disse Miruna.
Compare isso ao que vem fazendo, sistematicamente, ‘Veja’, ‘Globo’ e ‘Folha’. É o oposto. A mídia corporativa teve e tem contribuição bilionária na construção de um país abjetamente desigual.
Em 1964, a mídia tramou contra a democracia e saudou entusiasmadamente a ditadura que mataria tantos brasileiros e colocaria no topo da lista dos ricos as famílias que controlam o noticiário que chega à sociedade.
Dez anos antes, a mídia levou Getúlio Vargas ao suicídio. Nas duas ocasiões, e em várias outras, o AP foi brutalmente manipulado pela imprensa.
O apelo falacioso, cínico e indecente da “corrupção” sempre funcionou. Repito: era e é o miolo de pão atirado aos pombos, ou ao AP.
Agora, vejo na internet alguns leitores dizerem o seguinte: “Pela primeira vez, os poderosos estão na cadeia.”
Pobres AP.
Genoino poderoso? Ora, basta olhar seus bens: uma casa modesta no Butantã, bairro classe média de São Paulo.
Poderosa é a ‘Globo’, poderosa é a ‘Veja’, poderosa é a ‘Folha’, mas o AP é enganado, intoxicado mentalmente por elas.
A ‘Globo’, por exemplo, deve bilhões à Receita Federal [sonegação, de dinheiro público], um crime que dá cadeia e repulsa coletiva em países socialmente avançados.
E o que acontece com ela? Seus acionistas não são presos, e sequer quitam as contas na Receita.
Pior: os múltiplos veículos da ‘Globo’ cobrem a “corrupção” como se a empresa fosse São Francisco de Assis.
O mesmo vale para a ‘Veja’ e para a ‘Folha’. Seus jornalistas rottweilers fingem desconhecer que o dinheiro público é que ergueu a fortuna assombrosa de seus patrões.
Os cofres do BNDES e do Banco do Brasil sempre foram frequentados pelas empresas de mídia como se fossem lupanares.
Os jornalistas fingem desconhecer também – ou é ignorância apenas – que vigora na mídia uma absurda reserva de mercado que veda a empresas estrangeiras entrar no Brasil.
Pesquise na ‘Veja’, na ‘Folha’ e na ‘Globo’ o número de reportagens que clamam por “mercado aberto”. Mas para os outros. Na sombra, elas conseguiram manter um privilégio inacreditável: a reserva.
Vou contar um pequeno exemplo de assalto ao dinheiro público por parte da mídia. Na era de FHC/PSDB, quando todos os anunciantes obtinham descontos enormes das empresas de mídia, apenas as estatais pagavam a tabela cheia.
Importante: estatais federais, estaduais e municipais.
Dinheiro – muito dinheiro — que deveria construir hospitais e escolas acabava na ‘Globo’, na ‘Veja’, na ‘Folha’ etc.
Isso é poder. Isso é corrupção.
E então o pobre Genoino, com sua casa que é menor que a sala dos Marinhos, dos Civitas e dos Frias, é o “corrupto”.
Miruna pede que as pessoas não acreditem na ‘Globo’, na ‘Veja’ e na ‘Folha’.
O AP acredita.
Mas eles são cada vez menos, como se pode ver pelos resultados das eleições, e pelas sistemáticas quedas de audiência da ‘Globo’, da ‘Veja’ e da ‘Folha’.
O brasileiro acordou, e a internet tem um papel decisivo nisso, ao oferecer visões alternativas à voz rouca das ruas.
O AP é um ser extinção, como a própria mídia que o manipula.
E isso é uma notícia extraordinariamente boa para os brasileiros que, como o DCM [Diário do Centro do Mundo], querem que o Brasil seja tão avançado socialmente como a Escandinávia.”
FONTE: escrito por Paulo Nogueira, fundador e diretor editorial do site de notícias e análises “Diário do Centro do Mundo”. Artigo transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=229489&id_secao=1).
Companheiro Genoino.
ResponderExcluirVocê sairá dessa mais fortalecido.
Em seu lugar não me entregaria a essa justiça(?).
Você está sendo perseguido como foi na ditadura.
Minha solidariedade,
Podem me prender, podem me bater, podem eté deixar-me sem comer, que eu não mudo de opinião...
Gerson,
ResponderExcluirConcordo
Maria Tereza