quinta-feira, 28 de novembro de 2013

BASTARIA OS RICOS IREM PARA O INTERIOR PARA OS MÉDICOS IREM TAMBÉM


IPEA: "MÉDICOS ESTÃO ONDE ESTÃO OS MAIS RICOS"

Do jornal online “Brasil 247”

Os dados [coletados pelo IPEA] mostram com clareza que os médicos estão onde estão os recursos, e não onde estão as pessoas, principalmente as mais pobres. Há uma concentração geográfica desses profissionais em determinadas áreas de maior poder aquisitivo”, disse o ministro Marcelo Neri, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, ao apresentar panorama sobre a oferta e a demanda de médicos no Brasil.


DO IPEA:

Os médicos brasileiros concentram-se nas regiões em que há mais recursos, e não naquelas que mais necessitam do seu trabalho. Foi o que demonstrou o ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência (SAE/PR) e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Marcelo Neri, durante audiência pública sobre o “Programa Mais Médicos” realizada na terça-feira, 26 de novembro, no Supremo Tribunal Federal (STF) [em processo onde a oposição e as entidades corporativas querem apoio do STF para acabar com o programa]. Coordenada pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello, a audiência pública discutiu a problemática em torno da decisão do governo federal de trazer para o país médicos estrangeiros no “Programa Mais Médicos”, diante da concentração de profissionais de saúde nas regiões mais ricas do país.

Os dados mostram, com clareza, que os médicos estão onde estão os recursos, e não onde estão as pessoas, principalmente as mais pobres. Há concentração geográfica desses profissionais em determinadas áreas de maior poder aquisitivo”, disse o ministro ao apresentar um panorama sobre a oferta e a demanda de médicos no Brasil sob a perspectiva econômica do programa, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do IPEA.

A maior presença de médicos, segundo o levantamento, está concentrada nas regiões Sul e Sudeste e no Distrito Federal. A pesquisa mostrou que Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e o Espírito Santo, juntamente com o Distrito Federal, são os estados que possuem maior quantidade de médicos por habitantes. Na outra ponta, Piauí, Rondônia, Pará, Amapá e Maranhão são as localidades que menos possuem a oferta desses profissionais. “Há desigualdade regional bastante forte, e os médicos precisam estar onde as pessoas estão”.

Ao aprofundar a pesquisa, os dados também apontaram para maior concentração de graduados em medicina nos municípios das regiões Sul e Sudeste, entre eles Niterói, Vitória, Porto Alegre, Florianópolis e Santos. “Se pegarmos os seis municípios mais ricos do Brasil, esses cinco estarão presentes. Se olharmos os municípios com maior presença de internet e maior quantidade de carros por habitantes, que são indicadores de riqueza, são esses mesmos municípios que aparecem. Ou seja, os médicos estão concentrados nas áreas mais ricas do país”, destacou o ministro.

Em relação à percepção da sociedade sobre o tema, o ministro da SAE disse que a saúde é a principal preocupação dos brasileiros, seguida da educação. Porém, ao abordar a população em relação à qualidade dos serviços prestados, a saúde recebe avaliação inferior à educação. 58% da população e colocou a falta de médicos no Brasil como o principal problema.

Quando a população é questionada sobre a sua principal prioridade, a saúde aparece em todas as pesquisas como a principal prioridade da população brasileira”, disse Marcelo Neri. 

De acordo com as pesquisas, 47% dos brasileiros apontam a necessidade de aumentar o número de médicos no país. Da mesma forma, a população não parece preocupada com o fato de tais profissionais serem ou não brasileiros. 74% dos brasileiros se dizem favoráveis à vinda de imigrantes qualificados de um modo geral, não apenas médicos.

As informações colhidas na audiência pública vão subsidiar o julgamento das “Ações Diretas de Inconstitucionalidade” ajuizadas pela “Associação Médica Brasileira” (AMB) e pela “Confederação Nacional dos Trabalhadores Universitários Regulamentados” (CNTU), que questionam o “Programa Mais Médicos”. Os principais questionamentos dessas ADI dizem respeito à "dispensa da exigência de revalidação dos diplomas dos médicos formados em instituições estrangeiras" e às condições trabalhistas da contratação dos profissionais por meio de bolsas. 
[Omitem o fato de que os médicos brasileiros seriam em grande parte reprovados se também fossem obrigados ao "Revalida", segundo avaliações realizadas em São Paulo com voluntários. Por isso, há a recusa de obrigatoriedade desse exame para os médicos brasileiros. Na área do direito, tal índice elevado de reprovação também ocorre nos exames da OAB]” 

FONTE: jornal online “Brasil 247”  (http://www.brasil247.com/pt/247/saudeebemestar/122081/Ipea-m%C3%A9dicos-est%C3%A3o-onde-est%C3%A3o-os-mais-ricos.htm). [Título e trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

Um comentário:

  1. Acho que deveríamos entender o porquê desta aparente "repulsa médica" pelo interior. Especialmente no nordeste. Trabalho assim há uns 15 anos, como especialista. Enfrentamos quase sempre atrasos salariais e instabilidade profissional e isso é mais evidente nas "festas" eleitorais. Poucos são concursados, a maioria "serviços prestados" (sem férias, décimo - terceiro e tal). Que segurança um médico terá num interior carente? Depender do gosto de políticos desonestos, isso no mínimo é um desrespeito. Bastaria que políticos honestos fossem para os interiores, que tivéssemos nestes lugares (onde a carência é convenientemente mantida por estes ladrões protegidos...). Ser médico - e dedicado - num curral eleitoral onde nem a justiça coloca as mãos não é para qualquer um. meu sonho acabou e me preparo para trabalhar num centro maior - não porque os "ricos" abundam por ali (detesto clinicas particulares), mas porque currais eleitorais nordestinos não são lugares onde dignidade profissional e condições de trabalho correto são cultivados. Que venham os cubanos, eles ficarão um tanto surpresos com as condições de trabalho. E que Conselho e Justiça continuem mantendo esta corja de corruptos desavergonhados.

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