sábado, 21 de dezembro de 2013

PROGRAMA F-X2: PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A DEFINIÇÃO DO AVIÃO GRIPEN


AQUISIÇÃO DA AERONAVE GRIPEN-NG PARA A FORÇA AÉREA BRASILEIRA (FAB) - (Documento distribuído pelo Ministério da Defesa)

1 – O que motivou a escolha dos caças suecos Gripen NG para a Força Aérea Brasileira (FAB)?

A motivação teve caráter técnico. A partir da análise realizada pela FAB, chegou-se à conclusão de que a aeronave sueca era a melhor opção, tanto do ponto de vista operacional quanto do ponto de vista de custo. Dos três finalistas da concorrência, o caça sueco apresentou o melhor preço. Pesaram também na escolha aspectos relativos à transferência de tecnologia e às contrapartidas comerciais (offsets) oferecidas pela proposta sueca. A propósito do assunto, eis o que dispõe a Estratégia Nacional de Defesa (END):

Consideração que poderá ser decisiva é a necessidade de preferir a opção que minimize a dependência tecnológica ou política em relação a qualquer fornecedor que, por deter componentes do avião a comprar ou a modernizar, possa pretender, por conta dessa participação, inibir ou influir sobre iniciativas de defesa desencadeadas pelo Brasil”.

2 - Quantos caças serão adquiridos e qual o valor total da aquisição?

A oferta vencedora engloba o fornecimento de 36 (trinta e seis) aeronaves. Os investimentos são da ordem de US$ 4,5 bilhões, em cronograma de desembolso que se estenderá até 2023.

3 – Como ocorrerão as negociações contratuais e quando se iniciam os desembolsos?

Com a decisão tomada, iniciam-se agora as discussões relativas aos contratos comercial e de suporte logístico. Também, serão tratados os detalhes do acordo de ‘offset’ entre a FAB e a empresa vencedora. Paralelamente, serão iniciadas as tratativas relativas ao contrato de financiamento, que cobrirá toda a aquisição. O prazo previsto para os acertos relativos a essa primeira etapa é de nove a doze meses. Portanto, não haverá desembolso imediato de recursos orçamentários.

4 – Quando deverá ser assinado o contrato de compra e quando a FAB receberá as primeiras unidades?

A primeira aeronave tem previsão de chegada em torno de 48 meses após a assinatura do contrato de financiamento que deve ocorrer em dezembro de 2014. Considerando que os prazos serão cumpridos, a primeira aeronave deverá ser incorporada à FAB no final de 2018.

5 – E até lá, como será feita a defesa aérea brasileira?

Até a chegada dos Gripen NG, a defesa aérea ficará, principalmente, a cargo dos caças F5-M que foram recentemente modernizados pela Embraer. Além disso, existe a possibilidade de o país vencedor do FX-2 colocar à disposição da FAB, como solução intermediária, um quantitativo de caças Gripen, modelo C/D, para reforço da proteção do espaço aéreo brasileiro, em condições e prazos a serem definidos.

6 – O contrato de aquisição cobre apenas a compra dos aviões?

O contrato cobrirá, também, a logística inicial, o treinamento de pilotos e mecânicos e a aquisição de simuladores de voo. O contrato também contempla, como visto, os projetos de transferência de tecnologia e de ‘offset’, alinhado com o que dispõe a Estratégia Nacional de Defesa (END).

7 – O contrato prevê o desenvolvimento dos aviões de combate de 5ª geração?

A 5ª geração já existe em alguns países, mas os custos de desenvolvimento são naturalmente altos. O importante é que os aviões que estão sendo comprados no âmbito do FX-2 atendem, plenamente, as necessidades de defesa aérea do nosso País nesse momento. Obviamente, o Brasil estará atento ao desenvolvimento nessa área, inclusive no que se refere a potenciais parceiros.

8 – Qual a função dos novos caças no contexto da defesa aérea brasileira?

A tarefa primordial da FAB no contexto amplo da defesa é manter a soberania no espaço aéreo nacional para defender o País, impedindo o uso desse espaço para a prática de atos hostis ou contrários aos interesses nacionais. Para realizar essa tarefa, a Força precisa dispor de capacidade de vigilância, controle e defesa do espaço aéreo, com recursos de detecção, interceptação e destruição. Os caças Gripen NG são aviões supersônicos multimissão que cumprirão tarefas de interceptação, interdição e eventual destruição de alvos que possam atentar contra a soberania nacional. As aeronaves são projetadas para emprego em missões ar-ar, ar-mar e ar-solo. Elas também são dotadas de um sistema de reabastecimento em voo que permitirá a realização da defesa do espaço aéreo nos pontos mais remotos do Brasil.

9 – A aeronave já existe? Quais outros países a operam?

O Gripen existe, hoje, nas versões A, B C e D. O Gripen NG (NEW GENERATION) é uma evolução tecnológica dessas duas últimas consagradas versões. O desenvolvimento do modelo NG deverá proporcionar à indústria brasileira ganhos diversos advindos da transferência de tecnologia inédita para o setor aeroespacial. Um dos aspectos a serem destacados nesse campo é a abertura dos códigos-fonte dos sistemas de armas que serão utilizados na aeronave. Entre os países cujas forças aéreas já operam com o Gripen, podemos citar a Suécia, Hungria, República Tcheca, África do Sul e Tailândia.”

FONTE: documento distribuído pelo Ministério da Defesa do Brasil. Transcrito no site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/fx2/noticia/13523/Perguntas-&-Respostas-sobre-a-definicao-do-Programa-F-X2/).


COMPLEMENTAÇÃO

ALGUNS DADOS PARA AJUDAR NA DISCUSSÃO SOBRE OS CAÇAS GRIPEN

Por junior50, no "Jornal GGN"

ALGUMAS EXPLICAÇÕES, SEM COMPROMETER

1. " os americanos vão embargar com os motores" ou melhor dizendo: "não vão querer vender e depois integrar e fornecer manutenção ao conjunto propulsor "

Resposta: Papo furadissimo. O fornecimento dos GE F414 ao governo brasileiro já foi autorizado desde 2008, pelo congresso dos Estados Unidos (é item não sensível, fomos liberados junto com a Índia), alem do que, há mais de dois anos, escrevi neste espaço, que o Centro de Pesquisas e Ddesenvolvimento da GE, Ilha do Fundão -RJ, já se encontra preparado para manter esses motores e as mais de 200 turbinas GE utilizadas no Brasil pela Petrobrás.

2. "O Gripen é um projeto/protótipo" e "não foi testado em combate"

Resposta: Verdades parciais e vantajosas, pois sendo um "não congelado" ou "prateleira", nossa participação no desenvolvimento será maior - e foi testado em combate durante a intervenção NATO na Libia, onde apresentou 100% de disponibilidade operacional - o Rafale chegou á 80% - e o JAS 39 C/D conseguiu somente aparecer nas telas dos AWACS da Nato, quando ligava seu Link 12/16.

3. " Não é páreo para os SU-30MKV venezuelanos, armados com os R-77"

Resposta: Verdade também parcial, pois o ambiente NCW venezuelano não consegue ficar operacional (os chineses, vendedores dos radares em terra não querem fornecer os códigos de comunicação com os sistemas S-300/SAM), e os vetores em questão são diferentes; um é uma plataforma de misseis para intervenções a longo alcance; outro é um caça otimizado para defesa aérea em ambiente NCW composto, e a evolução européia do R-77 (RVV-AE) e do R-73 - atualmente considerados alguns dos melhores misseis ar-ar - o Iris-T e o Meteor, já se encontram incorporados a aviônica de missão do JAS39.

4. Aquisição da versão "navalizada": O JAS39E, é o único que consegue operar com peso bruto total com as catapultas do NAE São Paulo (A-12); portanto, com pequenas modificações no trem de pouso (reforços), ele pode substituir futuramente (2020) os AF-1M, sem necessitar de outro porta-aviões.

5. Defesa Aeroespacial: O "pilar" central de nossa defesa aeroespacial, que voa, são os E-99 do esquadrão Guardião. Equipados com o Radar Ericsson Erieye (atualmente em processo de up-grade nacional), e os datalinks BR-2 (DCTA/ITA) e sistemas Rohde & Schawrz criptografados por software NOSSO C4I SECOS, podem se comunicar, sem fonia, com os A-29, F-5EM, A-1M, AF-1M e os Gripen - se adquiríssimos os Rafale, somente com mais uns US$ 100 milhões isso seria possível (seria necessária toda alteração na aviônica de missão), com os F/A18 EFG nem pagando ( teríamos que utilizar os Datalinks NATO 12/16), e quanto aos celebrados, por muitos, os russos - sem chance, como já ocorre com os helicópteros MI-35M (AH-2 Sabre), pois eles não abrem seus datalinks - um problema que estamos tentando resolver referente aos Pantsyr é a abertura dos sistemas de comunicação por dados SECOS (secure comunication) através de softwares próprios com "salto de frequência" e IFF (identificação codificada eletrônica amigo ou inimigo), e retirar dos Pantsyr os radares originais (primários) e substituí-los por uma versão do Saber M-100 ou M-200 [nacionais]..

DISSEMINAÇÃO TECNOLÓGICA - PEQUENA EMPRESA

Em 2010, um amigo engenheiro químico, que trabalha em uma pequena empresa paulistana (80 empregados), foi contatado pelo nascente "Consórcio T-1" (Akaer/INBRA/SAAB), para o fornecimento de rebolos diamantados destinados ao acabamento de peças autoclavadas feitas de ligas de carbono, que, na indústria de defesa/aeroespacial, têm que respeitar uma tolerância máxima de 0,02 microns - tecnologia inexistente a época.

Dois técnicos da empresa foram para a Suécia, aprender como fazer, e hoje as peças da Akaer e da Inbra (inclusive as fornecidas para Helibrás) já são "desbastadas" por rebolos nacionais. Portanto, uma pequena empresa pode participar e ter dividendos tecnológicos, mesmo em um projeto dessa magnitude - basta dizer que, no caso indiano do SU-30 MKI, os consórcios de fornecedores indianos, liderados por 4 ou 5 grandes empresas, recebem peças e/ou suprimentos de mais de 2.000 empresas indianas.

E uma das razões que o "Caça do PT/SP" (JAS39 E/F), foi o escolhido, é que a SAAB iniciou seu "road show" para fornecedores muito antes das outras (2008). O da Boeing foi somente no ano passado. Em 2010, o Luiz Marinho (PT/SP), prefeito de SB do Campo, já tinha garantido investimentos na região pela SAAB de R$ 300 milhões e 1,8 mil empregos diretos - as cifras são grandes. A Inbra, do Dr. Jairo Candido ( Comdefesa - FIESP - ABIMDE), somente em 2008, recebeu da SAAB R$ 7 milhões, a titulo de pesquisa e transferência de tecnologia iniciais.

Outra razão foi o comprometimento com a inovação, através das bolsas do "ciência sem fronteiras", das bolsas CISB/SAAB, e das bolsas integrais "Desafio Suécia 2014" - todas iniciativas do CISB ( Centro de Inovação Sueco-Brasileiro) www.cisb.org.br

Quanto a Selex-Galileo (Atmos) e o Raven ES05 AESA, a Atmos já participa do desenvolvimento desse radar desde 2010, na parte teórica: quanto à industrial - promessa da Selex à SAAB e ao governo brasileiro - ainda dependerá de conversações governo-governo, apoio a universidades e empresas da área eletroquímica (os terminais de arseneto de gálio -tecnologia sensível não exportável), mas existe uma grande vantagem: conhecemos muito bem como funcionam os sistemas da Selex e como é realizada sua integração de hardware e software, afinal ela é parceira da Embraer e da AEL em vários sistemas já operacionais, como os Grifo dos F-5EM, os Seaspray dos Linx e dos P-95M, além de "prime-contractor" (com códigos abertos) do futuro conjunto radar +eletrônica embarcada do KC-390.

O JAS39E/F sempre foi o escolhido da "engenharia", das indústrias, das universidades. Quanto à opinião de pilotos ( capitães/majores/ten cel), pouco importa. Treinando, eles voam o que aparecer.”

FONTE da complementação: “Jornal GGN”  (http://jornalggn.com.br/noticia/alguns-dados-para-ajudar-na-discussao-sobre-os-cacas-gripen).

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