sexta-feira, 21 de março de 2014

DILMA, PASADENA E OS ATAQUES ESPECULATIVOS À PETROBRAS





Por MIGUEL DO ROSÁRIO 
no "O Cafezinho"

"A Petrobras tem sido a empresa que mais tem encontrado novas reservas. Não ver isso é fazer o jogo sujo de especuladores que usam a mídia para baixar o preço de uma empresa com objetivo de comprar barato suas ações

A história da refinaria de Pasadena, adquirida pela Petrobrás em 2006 não é um assunto novo.

O então presidente da Petrobrás, José Gabrielli, já participou de audiência pública no Senado, em agosto do ano passado, explicando a decisão. Segundo Gabrielli, foi um negócio normal, segundo os parâmetros e cenários disponíveis à época.

Não podemos esquecer o contexto. Em primeiro lugar, a decisão favorável à compra da refinaria se deu em fevereiro de 2006. Apenas ao final de 2006, teríamos notícias das primeiras reservas gigantes do pré-sal, o que acarretaria numa reviravolta completa dos planos da Petrobrás e do governo. A confirmação destas reservas, e a descoberta de outras, se daria apenas nos anos seguintes.

Uma coisa são erros cometidos por má fé, outra são mudanças de cenário que invalidam uma decisão anterior.

Antes do pré-sal, o foco dos investimentos em energia, por parte do governo e da Petrobrás, era o biodiesel e a construção de refinarias adequadas ao petróleo pesado produzido no país.

De 1999 a 2005, a meta da companhia era ampliar a capacidade de refino no exterior, para ampliar o escoamento do nosso petróleo para os principais mercados consumidores, como os EUA. O mercado americano vinha aumentando, de maneira bastante vigorosa, o consumo de petróleo pesado, gerando uma demanda maior de refinarias. Foi aí que a Petrobrás entrou. Ela tinha um plano de investimento, e dinheiro separado especialmente para aquisição de refinarias no exterior. Quando houve a oportunidade, a Petrobrás não perdeu tempo.

A mídia está distorcendo, por exemplo, os custos da refinaria de Pasadena, porque está incluindo no preço os estoques de petróleo e derivados que vieram juntos na compra, e que foram usados.

Para saber se o preço foi alto ou baixo, é preciso estabelecer uma unidade de comparação. Essa unidade existe, é o preço por barril. Depois se compara outras aquisições no mesmo ano. A Petrobrás adquiriu os 100% da refinaria de Pasadena por US$ 4.860 por barril. No mesmo ano, 2006, o preço médio de refinarias adquiridas na América do Norte foi de US$ 9.734 por barril. Em maio de 2007, um fundo de investidores do Canadá adquiriu a 'Lima Refinery' da Valero, por US$ 11.515 por barril.

Os preços das refinarias continuariam crescendo até a eclosão da crise de 2008, considerada a maior já vivida pelo capitalismo mundial desde o 'crash' de 1929. A partir daí, o consumo de petróleo pesado pelos EUA começa a declinar. A 'Astra Oil', então, premida pela crise, resolve sair de seu negócio em Pasadena, repassando sua parte à Petrobrás.

Surgem variáveis novas no mercado do petróleo: descoberta do pré-sal no Brasil, com petróleo ultraleve; início das operações com xisto nos EUA; crise financeira mundial, reduzindo consumo de petróleo e fazendo as cotações da commodity despencarem nas bolsas.

Gabrielli observa, no entanto, que a refinaria de Pasadena não é um negócio perdido. Ela continua extremamente bem localizada, próxima ao golfo do México e com acesso privilegiado aos grandes corredores de abastecimento dos EUA.

Independente das investigações sobre os problemas na Petrobrás, é certo que há uma guerra especulativa contra a empresa, e que agora ganha contornos políticos e eleitorais. O colunista Elio Gaspari publicou hoje um texto, por exemplo, violentíssimo contra a gestão da Petrobrás. Na mesma página, editorial do Globo adota linha igual, e critica a política de compra de conteúdo nacional da empresa, os 30% que a lei do petróleo garante à Petrobrás em todo o pré-sal, e pede “visão empresarial”, o que, no contexto do artigo, equivale a defender a privatização da companhia.

Gaspari inicia o artigo informando, em tom de denúncia, a ação da Petrobrás valia R$ 29 no início da gestão de Dilma e hoje vale R$ 12,60. É uma afirmação mistificadora, porque o petróleo é a 'commodity' mais volátil no mundo. O preço da ação da Petrobrás pode voltar a R$ 29 em pouco tempo. Para isso basta, por exemplo, uma nova guerra na Crimeia, que prejudique o fluxo de petróleo vindo da Rússia, hoje a maior exportadora do planeta.

A Petrobrás tem sido a empresa que mais tem encontrado novas reservas, e uma das que mais tem investido, com sucesso, em produção e refino. É um dos pilares centrais da indústria e do desenvolvimento científico no país. Não ver isso é fazer o jogo sujo de especuladores que usam a mídia para baixar o preço de uma empresa com objetivo de comprar barato suas ações."

FONTE: escrito pelo jornalista Miguel do Rosário no seu blog "O Cafezinho". Transcrito no "Brasil 247" (http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/133809/Dilma-Pasadena-e-os-ataques-especulativos-%C3%A0-Petrobras.htm) e (http://www.ocafezinho.com/2014/03/20/a-historia-de-pasadena-que-a-midia-nao-contou/)

COMPLEMENTAÇÃO 1

Presidente da Editora Abril ["Veja"] também endossou compra da refinaria

Do "Jornal GGN"

"A então Ministra das Minas e Energia Dilma Rousseff presidia o Conselho de Administração da Petrobras, quando autorizou a compra da refinaria Pasadena, nos Estados Unidos.

Mas faziam parte do Conselho, também, Fábio Coletti Barbosa, atual presidente da Abril S/A ["Veja"], Jorge Gerdau Johanpetter, Silas Rondeau e outros.

O quadro de conselheiros e diretores era o seguinte:



FONTE da complementação 1: "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/presidente-da-editora-abril-tambem-endossou-compra-da-refinaria).

COMPLENTAÇÃO 2

Jorge Gerdau defende Conselho da Petrobras no episódio Pasadena


COMUNICADO:

"Jorge Gerdau Johannpeter, membro do Conselho de Administração da Petrobras, gostaria de esclarecer que, ao aprovar em 2006 a operação de compra de 50% de participação na refinaria Pasadena, não tinha conhecimento, como os demais Conselheiros, das cláusulas contratuais 'Marlim' e 'Put Option'. O Conselho de Administração da Petrobrás baseou-se em avaliações técnicas de consultorias com reconhecida experiência internacional, cujos pareceres apontavam para a validade e a oportunidade do negócio, considerando as boas perspectivas de mercado para os anos seguintes. Entretanto, a [posterior] crise global de 2008 alterou drasticamente o potencial de crescimento do mercado nos anos subsequentes.

Jorge Gerdau, assim que teve conhecimento das cláusulas contratuais, posicionou-se a favor da desistência do negócio, assim como os demais membros do Conselho."


FONTE da complementação 2: "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/noticia/jorge-gerdau-defende-conselho-da-petrobras-no-episodio-pasadena).

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