quinta-feira, 17 de abril de 2014

CERVERÓ FRUSTRA A MÍDIA E A OPOSIÇÃO




Pasadena: Cerveró atribui ‘mau negócio’ à descoberta do pré-sal e crise de 2008

Por Daniel Mori, no "Jornal GGN" 

"O ex-Diretor Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró apresentou dados e informações oficiais da estatal sobre a compra da refinaria de Pasadena, em audiência na Câmara dos Deputados. Em resumo, ele defendeu a compra como um bom negócio para a época, mas que deixou de ser após a descoberta do pré-sal e a crise financeira mundial surgida em 2008. Segundo o ex-diretor, a compra da refinaria de Pasadena fazia parte das estratégias da estatal desde meados de 1997 e 1998. "Nós já vinhamos prospectando o mercado norte-americano", disse Cerveró.

Segundo o ex-diretor, a refinaria tem localização estratégica o que também justificava a viabilidade de compra. “Compramos uma posição no mercado de combustíveis. Não compramos só uma refinaria. A "trade Astra" já estava presente no mercado há muito tempo. Compramos a refinaria, uma parte dos investimentos [estoques] e contratos com os principais oleodutos para escoamento da produção. Isso é o que compõe o valor total pago pela refinaria”.

Além da apresentação, Nestor Cerveró teve que responder a perguntas [capciosas] que tentavam colocá-lo contra a presidente Dilma Rousseff, principalmente no que diz respeito à declaração dela dizendo que não tinha conhecimento da cláusula ‘Put Option’, que estabelecia a compra da parte da refinaria pertencente à "Astra" em caso de fim da sociedade. O deputado Wanderley Macris (PSDB-SP) questionou se o ex-diretor havia enganado a presidente Dilma na ocasião.

De forma alguma. Eu apresentei o trabalho desenvolvido por mais de um ano. Não há nenhuma intenção de enganar ninguém. A posição não é só minha, é da direção e do conselho. Essa é uma 'cláusula de saída' comum em sociedades e, na avaliação que nós fizemos, não tem essa representatividade nos negócios. A apresentação que foi ao conselho que a Dilma presidia buscou destacar os principais aspectos. Não são importantes do ponto de vista do negócio a exposição dessas cláusulas”, comentou o ex-diretor.

Em fevereiro de 2006, a diretoria da Petrobrás submeteu a negociação da compra à aprovação final do Conselho de Administração, presidido pela então ministra Dilma Rousseff. Além da compra de 50% da unidade, foi anunciado um plano de negócios que previa uso conjunto da refinaria, reformas e duplicação de capacidade. Cerveró atribui o “mau negócio” ao fato de o projeto não ter sido concluído.

A rentabilidade desse projeto só se daria no momento que se concluísse o projeto de ampliação como ele foi concebido. O que tivemos foi um prejuízo contábil. Uma simples referência do que foi gasto com o que foi arrecadado. Foi um bom projeto para a época”, ressaltou Cerveró, que ainda acrescentou a posterior descoberta do pré-sal como principal mudança na política de investimentos da Petrobras.



Cerveró lembrou aos deputados que, em 2008, estourou a grande crise do mercado americano, o que afetou a "economicidade" do projeto. O ex-diretor afirmou que houve posterior "mudança radical no cenário de consumo". O custo total da refinaria foi de 1,23 bilhões de dólares. Segundo ele, o valor é abaixo do valor de mercado para aquele tipo de unidade.

Ele fez questão de ressaltar a aprovação não só do Conselho Administrativo, mas, principalmente, de consultorias contratadas para analisar e avaliar o negócio. Entre as contratadas está o Citigroup. “Um banco como o Citigroup não coloca seu nome se não tiver certeza da viabilidade do negócio. O projeto estava adequado aos parâmetros de negociação internacional. Pasadena fica no Texas, a capital do petróleo mundial”, afirmou Nestor Cerveró.

Questionado se sentiu rebaixado por Graça Foster ao sair da direção internacional da empresa para dirigir as finanças da BR, Cerveró foi enfático e se emocionou ao dizer que não é mais funcionário da estatal e sim parte da Petrobras. “Não fui rebaixado, fui substituído. Não existe emprego de diretor vitalício na empresa. Na minha saída, foram registrados vários elogios à minha atuação na área internacional. Encerrei minhas atividades na BR, que é a segunda empresa em faturamento no Brasil; estamos [a BR] crescendo em taxas enormes. Tive a satisfação de ver a BR dobrar. Lucro próximo a um bilhão de dólares. Porque eu me sentiria desprestigiado?”, disse o ex-diretor.

Por fim, Nestor Cerveró fez questão de criticar as manchetes e a repetição dos termos ‘malfadado’ e ‘desastroso’ quando se referem à compra de Pasadena. “Me incomoda essa repetição do projeto malfadado. Eu admito que houve equívocos, não foi o melhor projeto do mundo, mas temos hoje um [bom] ativo. Não é justo classificar como causadora de grande prejuízo. Quando se diz que não foi um bom negocio é porque não foi um projeto concluído. É consequência das mudanças [imprevisíveis] que ocorreram e ocorrem no mercado. O mercado muda, a situação muda e não se fez o projeto antes aprovado”, concluiu o ex-diretor da Petrobras que fez questão de dizer que se orgulha de seu trabalho a frente da estatal.

Tenho orgulho de ter dirigido a companhia na área internacional. A internacionalização fez a demanda da Petrobras crescer exorbitantemente. Estávamos em sete e hoje estamos em 26 países em todos os continentes”, finalizou Cerveró."

FONTE: reportagem de 
Daniel Mori, no "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/noticia/pasadena-cervero-atribui-%E2%80%98mau-negocio%E2%80%99-a-descoberta-do-pre-sal-e-crise-de-2008). [Título, ajustes em tempos verbais e trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

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