O "CAOS" ALARMADO PELA MÍDIA: "TEMPESTADE EM COPO D’ÁGUA"
Por CLÁUDIO PUTY
"Os arautos do caos – a oposição neoliberal e conservadora – não param de profetizar sobre a "tempestade perfeita" que estaria prestes a desabar sobre a economia brasileira.
Dia e noite, eles nos bombardeiam, pela mídia, com previsões catastrofistas. Dizem que a inflação está à espreita, que as expectativas de crescimento econômico são pífias, que o desemprego está aumentando, as contas públicas estourando e a dívida crescendo.
Quem lê tanta notícia negativa tem razão para se assustar. Mas, quando se olha de perto os números reais da economia, percebe-se facilmente que estamos diante de situação totalmente diversa, com estabilidade, crescimento e queda do desemprego, mesmo dentro de um quadro de crise internacional persistente.
De onde se conclui que a questão fundamental é de natureza política, não econômica. O fato é que os conservadores buscam interditar o debate sobre a política econômica, classificando como "populista" qualquer desvio da ortodoxia econômica.
Vamos, então, aos números. De acordo com documento divulgado este mês pelo "Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social", verifica-se tendência de estabilidade nos principais indicadores econômicos da economia brasileira. Desde a crise financeira, o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, tem sido constante.
Se considerarmos 100 o índice de dezembro de 2007, ele apresenta curva ascendente desde 2009, atingindo 117,7 no 4º trimestre de 2013. É mais ou menos a mesma curva da Coreia do Sul. Para se ter uma ideia, o México, que também ostenta PIB crescente, atingiu o índice 110,2; os EUA, 106,3. Já na a área do Euro, o índice é de 97,9.
Em relação ao desemprego, podemos verificar verdadeiro mergulho, do pico de cerca de 13% em 2003 para 5% no final do ano passado. Segundo os parâmetros internacionais, esse índice configura praticamente situação de pleno emprego.
Já as reservas internacionais estão estabilizadas no patamar de US$ 378 bilhões desde 2012, enquanto que a dívida externa líquida ficou em - US$ 92,7 no mesmo período.
Quanto aos investimentos estrangeiros diretos, desde 2011 eles estão na faixa dos US$ 66 bilhões ao ano. Podemos supor, sem medo de errar, que se o capital externo tivesse a mesma percepção que alguns setores do empresariado brasileiro, não se arriscaria a continuar investindo no Brasil.
No que diz respeito à política fiscal, a redução da dívida líquida do setor público prossegue com sua longa trajetória de queda, de 39% em 2010 para cerca de 33% do PIB em 2013.
Esse resultado vem sendo obtido em razão de um superávit primário acima da média dos países do G-20 (Grupo dos 20). Enquanto em 2013 o Brasil atingiu superávit primário de 1,9% do PIB, outros países do grupo tiveram déficit, como Japão (-8,8); Reino Unido (-4,7%); EUA (-3,6%); França (-2,0%) e México (-1,2%). Entre os que tiveram superávit primário, a Itália atingiu 2% e a Alemanha, 1,7%.
E a inflação? Longe de estar fora de controle, a projeção para o "Índice de Preços ao Consumidor Ampliado" (IPCA) mostra que, do pico de quase 17% em dezembro de 2002 [governo FHC/PSDB], esse índice caiu consideravelmente e vem se mantendo estável, apesar de toda pressão, inclusive internacional, em torno de 6%.
É sempre bom lembrar que Lula recebeu de FHC uma inflação de mais de 12% ao ano. É de se imaginar o tamanho escarcéu que a oposição, os neoliberais e a direita fariam se, nos governos Lula e Dilma, o IPCA chegasse perto de tal patamar.
A imagem do caos econômico ventilada pela oposição conservadora não é a tempestade perfeita, mas uma tempestade em copo d'água – na verdade, é uma tentativa de constranger o governo federal a abandonar os mecanismos de política econômica voltados ao desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo, voltando a subordinar as ações do Estado às necessidades do capital financeiro, principalmente especulativo."
FONTE: escrito por Cláudio Puty e publicado bo jornal on line "Brasil 247" (http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/138190/Tempestade-em-copo-d%E2%80%99%C3%A1gua.htm).
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