domingo, 11 de maio de 2014

HOJE, COMO NA 2ª GUERRA, OS EUA NECESSITAM DE "INIMIGO CRÍVEL" PARA INTERVIR NO MUNDO


2ª Guerra Mundial: “Dê-me um inimigo crível, que movimento o mundo”

"Há exatos 69 anos chegava ao fim a Segunda Guerra Mundial, restava derrotado o nazi-fascismo na Europa. Ainda que esse resultado tenha sido uma obra colossal de várias nações, inclusive a brasileira, é inegável o peso decisivo da URSS para a vitória, primeiro estado socialista da história.

Por Bruno Barbosa, especial para o "Portal Vermelho"

Pois agora estamos novamente no dia 9 de maio, acompanhando minuta a minuto o desenvolvimento dos fatos na Ucrânia (ex-URSS) onde neste domingo a população do leste do país pretende realizar referendum por maior autonomia federativa em oposição ao governo golpista de Turtchynov.

Graças à internet, é possível furar o cerco midiático e vejo que, enquanto escrevo este artigo, parcelas das forças armadas da Ucrânia e regimentos da recém-criada Guarda Nacional, composta por voluntários de organizações neonazistas, reiniciaram combates contra as populações das cidades do leste do país que antagonizam o governo instalado em Kiev.

Ao mesmo tempo, há informações de que Vladimir Putin acompanhou pessoalmente as demonstrações do Dia da Vitória realizadas em Moscou e Sebastopol, cidade da reincorporada Crimeia, onde viu desfilar as revigoradas forças armadas russas: tropas rearmadas, jatos e blindados modernos, misseis nucleares estratégicos.

Desfiles que acontecem inclusive após meses de intensivos exercícios militares russos, inclusive com testes balístico/nucleares, e não somente na fronteira da Ucrânia como largamente noticiado. Uma clara demonstração de força para recordar os desavisados.

Mas por que tudo isso?

A ascensão do nazi-fascismo ao poder na Ucrânia merece ser compreendida, ampliando-se o olhar para as questões internacionais, como uma peça tática aplicada pelos EUA com vistas a obter seu objetivo estratégico central: um inimigo crível que permita repor a hegemonia estadunidense.

Desde o fim do bloco socialista no início dos anos 1990, e que se reunia militarmente no Pacto de Varsóvia, a OTAN passou a viver considerável crise de identidade mesmo permanecendo válida para todos os efeitos. Efeitos que, convenhamos, não passam de “assuntos periféricos” como combates a certas nações de terceiro mundo ou agrupamentos insurrecionais locais ou temáticos. Nada mais sério, apesar da eloquência de alguns grupos inimigos.

Sem adversários declarados à altura da OTAN, imersos em profunda crise econômico-financeira, vendo iniciar um movimento de nações soberanas pelo multilateralismo (leia-se BRICS) e, pior ainda, percebendo a aproximação econômica política da Alemanha com a Rússia e desta com a China, os EUA decidiram que era hora de agir para conquistar um regresso na história, reviver a "guerra fria", tão necessária a seu hegemonismo já meio decadente... De outra forma, como recolocar o mundo debaixo da bota?

Dai, retomamos, é necessário um inimigo crível. Inimigo cuja ameaça não deixe dúvidas, que tenha musculatura para valer, que tenha alcance internacional em seu desafio, que permita o giro do maquinário da indústria bélica ao ponto de impulsionar economias estagnadas. Principalmente, que permita pelo pavor realinhamentos de povos e nações a uma nova bipolaridade; e que condicione à adesão, sem maiores questionamentos. as nações integrantes da OTAN.

Renovada em seus propósitos, a OTAN permanecerá sendo um instrumento do hegemonismo estadunidense. Com a palavra, John Kerry, em discurso para o Conselho do Atlântico/Washington, DC:

Depois de duas décadas incindindo principalmente sobre nossas missões expedicionárias, a crise da Ucrânia agora nos chama de volta para o trabalho que deu origem a esta aliança (OTAN)”.
(...)

Todo nosso modelo de liderança global está em jogo. Se ficarmos juntos, tirarmos exemplos do passado, e nos recusarmos a sermos complacentes no presente, então confio que a OTAN, a aliança mais forte do planeta, pode enfrentar os desafios, pode aproveitar as oportunidades que estão se apresentando nesta crise”. (fonte: "Russia Today")

Qual o "inimigo crível" mais à mão? Rússia ou China? Ambos! Mas as oportunidades históricas dirão o ritmo em cada agenda.

Daí explicam-se os recentes acordos militares dos EUA, firmados durante o giro de Obama (prêmio Nobel da Paz!) pela Ásia, todos realizados com Países que enfrentam contendas territoriais históricas coma a China.

Mas o caso mais dramático e premente é mesmo o ucraniano. O patrocínio dos EUA e aliados europeus mais próximos ao golpe fascista em Kiev e o estímulo da CIA ao lançamento dos “bucha de canhão” nazis contra as maiorias russas do leste da Ucrânia dá razão aos que apostam que o adversário militar mais potente na atualidade, a Rússia, escolhida para inimiga do “mundo livre”. E incrivelmente crível!

[Neste] domingo haverá plebiscito? Não sabemos ainda, mas já há violência contra civis no leste da Ucrânia, barbarizados pelas hordas neonazistas e seus velhos métodos. Putin cairá na armadilha e atacará em defesa dos falantes de russo, assumindo aos olhos do mundo o papel esperado pelos EUA? Ou Putin moverá suas peças melhor e obterá mais uma vitória, como o surpreendente caso da Crimeia? Ou ainda, os acontecimentos podem ir além se a estratégia dos EUA descarrilhar, arrastando o mundo de forma precipitada para uma terceira guerra, quente? Quanta irresponsabilidade tem o Imperialismo!

Veremos a partir da semana que vem."


FONTE: escrito por Bruno Barbosa, especial para o "Portal Vermelho"  (http://www.vermelho.org.br/noticia/241827-9).

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