domingo, 1 de junho de 2014

O AGORA NÃO EXISTE




Sobre o presente

Por Marcelo Gleiser


"O aqui e o agora não existem de forma concreta: são uma representação criada a partir de um truque cognitivo

Como já disse Gilberto Gil, "o melhor lugar do mundo é aqui e agora". Todo mundo sabe exatamente o que isso significa, "aqui" e "agora". Mas se paramos para pensar sobre o assunto, descobrimos que nenhum dos dois existe, ao menos de forma concreta. O que existe é uma representação do aqui e do agora em nossas mentes, criada a partir de um truque cognitivo. 
No fim das contas, o aqui e o agora são invenções do nosso cérebro, e não entidades que existem, como você ou a cadeira em que você se senta.

A nossa percepção do real, da realidade, é produto de uma integração extremamente complexa feita por nossos cérebros. São incontáveis estímulos sensoriais, imagens, sons, cheiros, tato, que são recolhidos pelos nossos órgãos, transferidos por impulsos nervosos ao nosso cérebro e lá, em regiões diversas, integrados para criar o que chamamos de realidade. O aqui e o agora são exemplos dessa integração, aproximações que criamos para que seja possível funcionar no mundo: sem uma noção do "aqui", como nos posicionarmos no espaço? Sem uma noção do "agora", do "presente", como ligar passado e futuro?

Que o cérebro constrói a realidade não deve ser surpresa para ninguém. Basta alterar seu funcionamento, após algumas cervejas, uma noite sem dormir ou com o uso de drogas, que nossa percepção do "real" é profundamente afetada. Ninguém dá muita bola para isso, até que acontece alguma coisa. Num caso mais extremo, a demência leva à destruição do indivíduo, do que chamamos de "eu". Quem você é e como você se relaciona com o mundo externo depende exclusivamente de como o seu cérebro integra informação sensorial e as memórias registradas do passado.

O presente, em particular, é uma construção cognitiva fascinante. O tempo flui continuamente, ou assim o percebemos. Mas não temos um relógio dentro das nossas cabeças; o que temos são impulsos externos, estímulos que vêm de fora para dentro, aliados a mecanismos internos, como o bater do coração. Quando vemos algo, fótons de luz são recebidos pela retina de nossos olhos, e um impulso é transmitido pelo nervo óptico até a região posterior do cérebro, onde é analisado e transformado numa imagem. Vemos o mundo de dentro para fora de nossas cabeças! E o que chamamos de presente é uma ilusão.

Quando olhamos em torno, vemos objetos a distâncias diferentes ao mesmo tempo. Mas sabemos que a luz tem uma velocidade finita: o tempo que demora para viajar de um objeto mais distante é maior. Portanto, quando olhamos, por exemplo, para uma árvore e uma nuvem no céu, e vemos os dois objetos ao mesmo tempo, estamos, na verdade, vendo a árvore antes da nuvem; objetos mais distantes estão num passado mais longínquo. Mesmo o seu laptop ou o jornal que você lê não estão sendo vistos agora, mas um bilionésimo de segundo no passado, que é aproximadamente o tempo que a luz demora para ir da tela até os seus olhos.

Quando nos referimos ao presente, estamos, na verdade, nos referindo a uma ilusão construída por nossos cérebros. Nunca vemos nada como é "agora". O presente existe apenas em nossas cabeças."

FONTE:
escrito p
or Marcelo Gleiser, professor de física teórica no "Dartmouth College", em Hanover (EUA), e autor de "Criação Imperfeita". Artigo publicado na "Folha de São Paulo"  (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saudeciencia/167590-sobre-o-presente.shtml).

Um comentário:

  1. Eu acreditava que enquanto estamos no estado de vigilia nossos corpos obedecem ao ritmo e à concecutividade do tempo linear característico desse plano de 3a. dimensão onde vivemos. E que poderiamos apenas fazer uma "viagem" no tempo utilizando nossos corpos sutis, como o corpo etérico por exemplo... E ao nos desligarmos da matéria e adentrar outros planos poderiamos verificar que os 80 ou 90 anos vividos num corpo de carne não significaram nada em nossa existencia eterna, e não estiveram nem no passado nem no futuro pois o tempo linear só existe nos planos de 3a. dimensão. Mas depois de estudar certas matérias não muito divulgadas da NASA vi que certos Discos Voadores tinham tecnologia para se transportarem no espaço-tempo utilizando a tal "Dobra Temporal" Isso muda tudo. Certa vez tive a oportunidade de avistar um OVNI nos ceus da madrugada de SP, se moviam com uma velocidade espantosa. No entanto em dado momento este objeto deu um salto de um ponto a outro que desafia todas as leis da física pois num movimento desses os corpos dos tripulantes seriam "esmagados" contra as paredes da nave virando paçoca. Mais tarde descobri que na verdade, nessa manobra não há movimento, mas sim a utilização da dobra temporal. Dessa forma eles não de deslocaram mas sim saltaram de uma coordenada para outra sem necessidade de movimento. É muito interessante esse assunto no entanto não se encontra nada em específico na internet. Se alguem conhece alguma matéria a respeito gostaria que postasse aqui...

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