segunda-feira, 30 de junho de 2014

QUEM VAI INDENIZAR AS VÍTIMAS DA MÍDIA?




Quem vai indenizar as vítimas da mídia?

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

"Janio de Freitas, que pertence à esquálida cota de pensamento independente da 'Folha', nota em seu artigo de domingo um contraste.

Uma pesquisa mundial do Gallup coloca os brasileiros como um povo essencialmente feliz e otimista. Na imprensa, e em pesquisas dos grandes institutos nacionais, o retrato é o oposto. Somos derrotados, miseráveis, atormentados.

Janio brinca no final dizendo se sentir cansado demais para explicar, ou tentar explicar, tamanha disparidade.

Não é fácil para ele se alongar nas razões, sobretudo porque a "Folha" é uma das centrais mais ativas de disseminação da visão de um Brasil horroroso.

A motivação básica por trás do país de sofredores cultivada pela imprensa é a esperança de que o leitor atribua tanta desgraça – coisas reais ou simplesmente imaginárias - ao governo.

Ponto.

É a imprensa num de seus papeis mais notáveis nos últimos anos: o terrorismo.

A Copa do Mundo foi um prato soberbo para esse terrorismo. A imprensa decretou, antes da Copa, que o Brasil - ou melhor: o governo - daria um vexame internacional de proporções históricas.

Em vez do apocalipse anunciado, o que se viu imediatamente após o início da competição foi uma celebração multinacional, multicolorida, multirracial.

Turistas de todas as partes se encantaram com o Brasil e os brasileiros, e a imprensa internacional disse que esta era uma das melhores Copas da história, se não a melhor.

Note o seguinte: a responsabilidade por um eventual fracasso seria atribuída pela mídia ao governo. O sucesso real, pelo que se lê agora, tem vários pais, entre os quais não figura o governo.

O melhor artigo sobre o caso veio de uma colunista da "Folha" que se proclamou arrependida por ter ouvido o “mimimi” da imprensa.

Ela disse ter perdido a oportunidade de passar um mês desfrutando as delícias que só uma Copa é capaz de oferecer: viagens para ver jogos, confraternizações com gente de culturas diferentes e por aí vai.

É uma oportunidade única na vida - quando haverá outra Copa no Brasil? - que ela perdeu por acreditar na imprensa.

Quem vai indenizá-la? O "Jornal Nacional"? A "Veja"? O "Estadão"? E a tantos outros brasileiros como ela vítimas do mesmo terrorismo?

Para coroar o espetáculo, o "Jornal Nacional" atribuiu a histeria pré-Copa à imprensa internacional...

Pausa para rir.

Mais honesto, infinitamente mais honesto, foi o colunista JR Guzzo, da "Veja" - o maior mestre que tive no jornalismo, a quem tenho uma gratidão eterna e por quem guardo uma admiração inamovível a despeito de nossas visões de mundo diferentes.

É bobagem tentar esconder ou inventar desculpas: muito melhor dizer logo de cara que a imprensa de alcance nacional pecou, e pecou feio, ao prever durante meses seguidos que a Copa de 2014 ia ser um desastre sem limites”, escreveu Guzzo em seu artigo na "Veja" desta semana.

Deu justamente o contrário”, continua Guzzo. “Os 600.000 visitantes estrangeiros acharam o Brasil o máximo e 24 horas depois de encerrado o primeiro jogo ninguém mais se lembrava dos horrores anunciados durante os últimos meses.”

Bem, não exatamente ninguém: o Jornal Nacional se lembrou. Não para fazer uma reflexão como a de Guzzo - mas para colocar a culpa nos gringos.

Recorro, ainda uma vez, e admitindo minha obsessão, a Wellington: quem acredita nisso, acredita em tudo.

O JN parece achar que seus espectadores são completos idiotas."

FONTE: escrito por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo. Transcrito no '"Blog do Miro" (http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/06/quem-vai-indenizar-as-vitimas-da-midia.html#more).

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