sábado, 27 de setembro de 2014

A ENTREVISTA DE DILMA COM BLOGUEIROS



Foto Reprodução do "Muda Mais'


Em entrevista a blogueiros, Dilma diz que Brasil está “maduro” para regulação econômica da mídia.  600 mil acessaram a transmissão.

Por Luiz Carlos Azenha

"Em entrevista ontem, [sexta-feira] à tarde, a blogueiros, em Brasília, a presidente Dilma Rousseff defendeu o cumprimento do parágrafo quinto do capítulo 220 da Constituição de 1988.

Ele diz: “§ 5º – Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”.

No Brasil se confunde regulação com controle de conteúdo, que é coisa de país ditatorial”, afirmou Dilma ao responder ao blogueiro Altamiro Borges.

Ela lembrou que a existência de oligopólio ou monopólio em qualquer setor da economia cria uma “assimetria” não só entre os cidadãos, mas entre as instituições. Disse também que estimula a “prepotência”.

A candidata à reeleição disse que a regulação econômica já existe em outras áreas fundamentais, como os portos, o setor elétrico e o do petróleo.

Não há por que ser ser diferente. O Brasil tem de regular”, afirmou. Outros objetivos de um eventual segundo mandato serão o de promover a regionalização da produção de conteúdo e a diversidade cultural na mídia.

Eu acho que está maduro para fazer a regulação econômica” da mídia, disse a presidente.

Em resposta à blogueira Conceição Lemes, editora do "Viomundo", Dilma disse que pretende promover a integração dos sistemas público e privado de saúde para garantir o atendimento de especialistas a usuários do SUS, numa rede integrada por clínicas públicas, privadas e filantrópicas.

Lembrou que desde que a CPMF — o imposto do cheque que arrecadava dinheiro para a Saúde — foi derrubada por ação do PSDB no Congresso, com a ajuda de aliados, o governo federal deixou de arrecadar R$ 470 bilhões.

Ainda assim, segundo Dilma, não houve recuo nos investimentos federais na Saúde, como tem dito José Serra, candidato ao Senado pelo PSDB em São Paulo e ex-ministro da Saúde. Segundo a candidata, os números indicam aumento de 77,4% nos investimentos em Saúde desde o início do governo Lula, em 2002.

[Clique aqui para ver o que Serra tem dito na propaganda eleitoral]

Ao longo de duas horas de entrevista, a candidata petista usou suas respostas para alguns disparos contra adversários políticos e a própria mídia:

– “Meu discurso na ONU foi integralmente distorcido”, disse Dilma, sobre as acusações de que teria fraquejado no combate ao terrorismo. Segundo ela, os ataques ao Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria já demonstraram que a ação militar não é o caminho para resolver questões políticas. Dilma condenou as ações bárbaras do Estado Islâmico do Iraque, mas lembrou também que a fragilidade do governo iraquiano, dividido entre sunitas e xiitas, foi um dos fatores que determinaram o crescimento do ISIS. A coalizão que governa o Iraque chegou ao poder depois da invasão promovida pelos Estados Unidos para derrubar Saddam Hussein.

[Clique aqui para ouvir a íntegra do discurso]

– Dilma definiu como “discussão estarrecedora” o embate que teve com a jornalista Miriam Leitão, durante entrevista ao "Bom Dia Brasil", sobre o crescimento econômico da Alemanha. Na ocasião, a jornalista global disse que o Brasil crescia a taxa de 0,3%, contra 1,5% da Alemanha. “Não, a Alemanha não está crescendo 1,5%. A Alemanha está crescendo 0,8%, e há dúvidas a respeito da continuidade. Tanto é que o índice, aquele Zeus, que mede a confiança do empresariado na economia cai pelo nono mês consecutivo”, disse a presidente na ocasião.

– “Há pessoas que gostam de aparecer como vítima, eu não. Eu não posso dar ao Brasil essa demonstração”, afirmou a petista, numa referência óbvia à candidata Marina Silva, que se tem queixado das críticas que recebe do PT ao longo da campanha.

– Sobre reforma política, Dilma definiu como melhor caminho um plebiscito para perguntar aos cidadãos se eles aprovam ou não o financiamento público de campanhas. Segundo ela, nem uma Assembleia Constituinte ficaria livre da influência do poder econômico. “Se a gente não acreditar na força do povo brasileiro, a gente não tem mais nada pra acreditar”, disse.

– “Ninguém desmonta uma empresa como a Petrobras”, afirmou. Lembrou que a petrolífera brasileira, a sexta maior do mundo, valia R$ 15,5 bilhões em 2002 e hoje vale R$ 110 bilhões. A candidata afirmou que, por trás dos ataques à empresa, estão interesses dos que pretendem mudar o sistema de exploração para beneficiar empresas estrangeiras.

– Dilma disse que, num eventual segundo mandato, seu foco será em usar a renda do pré-sal para investimentos na educação. Seria um novo passo, depois da ênfase do ex-presidente Lula em programas sociais e em garantir renda e emprego para a maioria dos brasileiros. Também prometeu a expansão da rede de banda larga. Disse aos blogueiros que, ganhando a eleição, fará um segundo mandato politicamente “mais combativo” e que as entrevistas como a de hoje passarão a ser feitas “de forma sistemática”.

PS do Viomundo: Segundo o site "Muda Mais", que providenciou a transmissão pela internet, a entrevista teve 600 mil acessos. [Vídeo a seguir, com a íntegra do encontro, obtido no "Blog do Miro"]:




FONTE: escrito pelo jornalista 
Luiz Carlos Azenha em seu portal "Viomundo"  (http://www.viomundo.com.br/entrevistas/dilma-brasil-esta-maduro-para-obedecer-constituicao-de-88-e-fazer-regulamentacao-economica-da-midia.html).

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