segunda-feira, 22 de setembro de 2014

EXCEÇÃO: MARINA SOMENTE NÃO RECUA NA DEFESA DOS INTERESSES DOS BANQUEIROS




Marina promete aos seringueiros defender trabalhadores mas prefere os banqueiros

Por CHICO VIGILANTE

"A promessa, feita para impressionar despreparados, de que "vai governar com a força das ruas", além de perigosa, é vazia. O governo de Marina será moldado para defender os interesses dos banqueiros e do setor financeiro.

O eleitor brasileiro tem menos de 15 dias para decidir em que candidato votar nas eleições presidenciais de 5 de outubro. Aqueles que acreditaram na novidade e na nova política de Marina Silva estão a cada dia mais perplexos com suas mudanças de rumo. Terão que refletir um pouco mais a respeito.

Nem um só dia se passa sem que sejamos surpreendidos com declarações inconsequentes a respeito de pontos ou mudanças do programa de campanha, que de novo nada têm, mas apenas uma tentativa de aplicar aqui discursos econômicos já usados e fracassados em países europeus como Inglaterra e França.

Suas intenções são facilmente desvendadas, basta um olhar atento. A promessa, feita para impressionar despreparados, de que "vai governar com a força das ruas", além de perigosa, é vazia. O governo de Marina será moldado para defender os interesses dos banqueiros e do setor financeiro.

Na semana passada, ela se sentou com dezenas deles para dar maior credibilidade às suas promessas, num jantar onde cada convidado pagou a irrisória quantia de R$ 100 mil reais, organizado por Florian Batunek, da empresa de investimentos "Constellation", ex sócio do "Banco Pactual".

A história da "Constellation" começou em 1999 com a fundação da "Utor Asset Management", fundada pelos antigos sócios do Banco Garantia, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, que em 2002 criaram a "Constellation", com acionistas como a "Lone Pine", um dos mais bem sucedidos fundões de ações dos EUA, com cerca de 18 bilhões de USD sob gestão.

Atualmente, 80% da base de clientes da "Constellation", cujo dono ofereceu o jantar a Marina, é composta por "family offices", investidores institucionais dos EUA, Brasil e Europa, além dos sócios da própria empresa.

Entre os nomes daqueles que se sentaram à mesa com Marina, divulgados pela imprensa, estavam, por exemplo, José Berenguer, do JP Morgan-EUA, Luiz Stuhlberger, do Credit Suisse, José Roberto Moraes, do Grupo Votorantim, Ana Maria Diniz, ex-Pão de Açúcar, Tito Alencastro e Anis Chacur do Banco ABC, Andrea Pinheiro, do BR Partners, e Jair Ribeiro, do Indusval.

O tesoureiro de Marina, Álvaro de Souza (ex-Citibank-EUA) disse para quem quisesse ouvir que o preço de R$ 100 mil pelo jantar era necessário para financiar "a luta de David contra Golias". Ao que tudo indica, Marina Silva, a candidata que promete a "independência do BC", mais do que apenas votos e dinheiro para a campanha fechou uma aliança com o setor .

Cai como uma luva, a declaração sobre Marina, feita por Marcelo Zero, formado em Ciências Sociais pela UnB, em artigo publicado pelo "Brasília 247". Segundo ele, Marina fará “ uma milagrosa reforma, garantida pelos “homens de bem” e pelos “homens de bens” que controlarão o Banco Central".

Em texto publicado no blog do jornalista Paulo Moreira Leite, Marcelo Zero, faz um paralelo das idéias de Marina com as ações desastradas do primeiro ministro inglês, Toni Blair para a economia da Grã Bretanha, cuja primeira grande medida no poder foi dar independência ao Bank of England, o banco central inglês.

Zero mostra como o discurso de Blair, similar ao atual de Marina, de "um Estado minimamente necessário" e um mundo livre das velhas ideologias, resultou na prática no desmonte do sindicalismo britânico, na "flexibilização” do mercado de trabalho, na revisão de alguns direitos previdenciários, nas privatizações e, sobretudo, na crescente "desregulamentação" [liberdade total] do sistema financeiro [internacional], já sob a gerência “independente” do Bank of England.

A trajetória de Marina é clara. Ela ganha adeptos entre os banqueiros e cria arestas dentro do PSB, afinado às ideias socialistas de Celso Furtado - o economista brasileiro mais reverenciado no exterior - ao criticá-lo em mais uma de suas investidas inconsequentes.

Conheço Marina Silva desde quando ela ainda era conhecida por seu nome de batismo, Osmarina. Fui deputado no Congresso Nacional de 1990 a 1998 e foi naquela época que ouvi dela uma história interessante, que vale a pena ser lembrada.

Quando candidata à senadora pelo Acre, ela fez uma reunião com os seringueiros na floresta amazônica, iluminada por lamparinas, pois na época lá não chegava a luz elétrica.

Ela falou, falou, expôs suas idéias, pediu voto. Lá pelas tantas, um velho seringueiro pediu a palavra e disse : nós vamos votar na senhora se nos prometer que vai defender o trabalhador como aquele deputado que ouvimos aqui na voz do Brasil, um tal de Chico Vigilante. Ela disse que podiam ficar tranqüilos que ela defendia as mesmas coisas que ele.

O que eu dizia naquela época nos meus discursos divulgados pela na Voz do Brasil, único contato dos seringueiros com a civilização? Que eu era contra o FMI; contra os banqueiros que só visavam o lucro; que defendia maior distribuição de renda no Brasil; que era preciso acabar com a fome, com a miséria, com a falta de luz e de casa para milhares de brasileiros.

O que eu tenho a dizer agora à Osmarina e a seus eleitores é que eu não mudei de trincheira, continuo acreditando nos mesmos princípios, continuo lutando pela transformação social deste país. No entanto, muito me entristece que ela, agora Marina, não esteja cumprindo o que prometeu ao velho seringueiro. Ela agora prefere garantir os interesses dos banqueiros".

FONTE: escrito por Chico Vigilante no jornal digital "Brasil 247"  (http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/153865/Marina-promete-aos-seringueiros-defender-trabalhadores-mas-prefere-os-banqueiros.htm).

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