Propostas para um debate político
Por Miguel do Rosário
"O gráfico acima, extraído do 'Blog Estadão Dados', serve para nos dar um parâmetro da profunda revolução, muitas vezes silenciosa, experimentada pelo Brasil nos últimos anos.
Os dados referem-se à 2010, mas o processo avançou ainda mais em anos mais recentes, porque as políticas que permitiram o avanço foram aprofundadas. O salário mínimo continuou aumentando. Os programas sociais foram ampliados. O desemprego caiu. E a taxa média de juros nos últimos 4 anos foram as mais baixas em décadas.
Evidentemente, o cenário sócio-econômico nacional, após séculos de atraso político, manipulação da mídia, medidas “impopulares” e hegemonia do mercado financeiro nas decisões macroeconômicas, deixou um rastro de destruição que levará algumas décadas para ser revertido completamente.
Mas agora há não apenas esperança de que é possível mudar. Há um conjunto de grandes obras de infraestrutura em andamento que mudarão, efetivamente, o nosso quadro sócio-econômico.
Muito se fala, por exemplo, da “desindustrialização”, um problema de fato grave em nosso país, mas não se analisa as suas causas, nem se discute o que estamos fazendo para superá-lo. Não se menciona que a construção de gigantescas refinarias no país tem como objetivo criar um novo boom industrial. Ao redor das novas refinarias, instalar-se-ão cinturões industriais para converterem os derivados de petróleo num número sem-fim de produtos manufaturados.
Em seguida, ao redor dessas indústrias, surgirão outras fábricas, para usar os produtos manufaturados em objetos para consumo final, num ciclo virtuoso. É assim que as coisas funcionam na economia. A refinaria produz, a partir do petróleo, polímeros sintéticos, que por sua vez serão matéria-prima para indústrias de produtos plásticos e similares, essenciais para projetos de infraestrutura e outros fins industriais.
É preciso uma indústria de base, e as novas refinarias de petróleo serão a nossa indústria de base.
A transposição do São Francisco e a construção das hidrelétricas também permitirão o surgimento de novos pólos industriais, aproveitando-se da água e da energia produzidas.
A construção de novas linhas férreas, cruzando as regiões brasileiras, reduzirão o custo dos fretes. A construção do trem-bala, VLT e metrôs, se o governo vencer as barreiras criadas pelos lobbies que sempre se opuseram (e conseguiram destruir) à implantação de um sistema ferroviário nacional, obrigará o país a criar uma indústria ferroviária própria, e aí novamente teremos outro pólo industrial, com geração de empregos de alta remuneração.
Quem destruiu não apenas o sistema ferroviário nacional, como a própria ideia de que ele seria fundamental para o processo de infraestrutura do país? Foi a ditadura, e as empresas (sobretudo as de mídia, que vivem dos anúncios das fábricas de carro) que a sustentaram.
O Brasil vive um momento de tensão porque as obras mais grandiosas, iniciadas ainda no governo Lula, precisam ser completadas.
O sistema de informação no país precisa ser modernizado, adequando-se mais à nossa diversidade e complexidade. A tentativa de tachar qualquer debate sobre mídia como “censura” apenas revela o espírito obtuso, antidemocrático e antimoderno de nossas grandes empresas de comunicação, todas consolidadas na ditadura e no período de profunda crise econômica que vivemos durantes as décadas de 80 e 90.
Que forças políticas poderão levar adiante esse projeto de país? Quais forças que, com todos os seus erros políticos ou mesmo administrativos, estão mais comprometidas com a soberania do Brasil e da América Latina?
Essa é a pergunta que as urnas deverão responder em outubro."
FONTE: escrito por Miguel do Rosário no blog "Tijolaço" (http://tijolaco.com.br/blog/?p=20658).
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