Oh, que espanto! O Brasil tem ódio e luta de classes
Por BOB FERNANDES
"Paulo Roberto Costa, delator no escândalo da Petrobras, diz que o PSDB recebeu propina de R$ 10 milhões para encerrar a CPI, exatamente a da Petrobras, em 2009.
Ainda não são conhecidas as provas. Nem contra PSDB, nem contra PT, PMDB, PSB e PP, citados pelo delator e por Youssef, o doleiro.
O escândalo deu o tom para ataques e contra-ataques nos debates e horário eleitoral, para a artilharia pesada neste segundo turno.
Por toda parte espanto, ou simulação, e críticas ao que chamam de "ataques" e "ondas de ódio".
Como se isso brotasse do nada, e não seja conhecido já há 2 séculos como…"luta de classes". Não é demais recordar história e relações entre poderosos e vassalos no Brasil.
Em 1500 o Brasil tinha estimados 5 milhões de índios. Hoje tem 890 mil.
Em 350 anos, 4/5 da história, 4 milhões de humanos aqui viveram como escravos. Moldou-se assim a cultura da Casa Grande e da Senzala. Do Senhor e do servo.
Há 12 anos, instituídas por lei federal as cotas raciais como reparação, o que se assistiu, além do necessário debate? Ondas de preconceito e mesmo ódio nas redes e na linguagem.
O mesmo em relação à Bolsa Família… agora objeto de disputa pela paternidade.
Como espantar-se com ódio na linguagem num país de 50 mil homicídios/ano? País que assistiu ao assassinato de 1 milhão e 300 mil pessoas nos últimos 33 anos.
A enorme maioria dos assassinados, jovens pobres, tantas vezes negros.
Como não supor que, ao longo de séculos, se acumulariam recalques e ressentimentos de quem pouco ou nada tem?
Estranho não é que em seus fortins ou comunidades as classes lutem, movidas por seus interesses ou purgando frustrações.
Incomum na história do mundo não é quem está abaixo na escala social ressentir-se, invejar quem está acima.
Incomum, e estranho, é os que tudo ou muito têm, temerem, até mesmo odiarem os que nas duas últimas décadas subiram alguns degraus desde a miséria.
Quem vencer no domingo encontrará o Brasil dividido, dividido por sua secular história de desigualdade.
FONTE: escrito e apresentado por BOB FERNANDES em seu portal "Terra Magazine". O autor fFoi redator-chefe de CartaCapital. Trabalhou em IstoÉ (BSB e EUA) e Veja. Repórter da Folha de S.Paulo e JB, fez "São Paulo, Brasil" no GNT/TV Cultura. Comentarista da TVGazeta e Rádio Metrópole (BA) (http://terramagazine.terra.com.br/bobfernandes/blog/2014/10/21/oh-que-espanto-o-brasil-tem-odio-e-luta-de-classes/).[Título acrescentado por este blog 'democracia&política'].
"Paulo Roberto Costa, delator no escândalo da Petrobras, diz que o PSDB recebeu propina de R$ 10 milhões para encerrar a CPI, exatamente a da Petrobras, em 2009.
Ainda não são conhecidas as provas. Nem contra PSDB, nem contra PT, PMDB, PSB e PP, citados pelo delator e por Youssef, o doleiro.
O escândalo deu o tom para ataques e contra-ataques nos debates e horário eleitoral, para a artilharia pesada neste segundo turno.
Por toda parte espanto, ou simulação, e críticas ao que chamam de "ataques" e "ondas de ódio".
Como se isso brotasse do nada, e não seja conhecido já há 2 séculos como…"luta de classes". Não é demais recordar história e relações entre poderosos e vassalos no Brasil.
Em 1500 o Brasil tinha estimados 5 milhões de índios. Hoje tem 890 mil.
Em 350 anos, 4/5 da história, 4 milhões de humanos aqui viveram como escravos. Moldou-se assim a cultura da Casa Grande e da Senzala. Do Senhor e do servo.
Há 12 anos, instituídas por lei federal as cotas raciais como reparação, o que se assistiu, além do necessário debate? Ondas de preconceito e mesmo ódio nas redes e na linguagem.
O mesmo em relação à Bolsa Família… agora objeto de disputa pela paternidade.
Como espantar-se com ódio na linguagem num país de 50 mil homicídios/ano? País que assistiu ao assassinato de 1 milhão e 300 mil pessoas nos últimos 33 anos.
A enorme maioria dos assassinados, jovens pobres, tantas vezes negros.
Como não supor que, ao longo de séculos, se acumulariam recalques e ressentimentos de quem pouco ou nada tem?
Estranho não é que em seus fortins ou comunidades as classes lutem, movidas por seus interesses ou purgando frustrações.
Incomum na história do mundo não é quem está abaixo na escala social ressentir-se, invejar quem está acima.
Incomum, e estranho, é os que tudo ou muito têm, temerem, até mesmo odiarem os que nas duas últimas décadas subiram alguns degraus desde a miséria.
Quem vencer no domingo encontrará o Brasil dividido, dividido por sua secular história de desigualdade.
Isso é complicado hem.
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