sábado, 20 de dezembro de 2014

A MUITO ESTRANHA "LISTA DA PROPINA" VAZADA PELO "ESTADÃO"





[OBS deste blog 'democracia&política': 

Além de lista do "Estadão" ser muito estranha, também são intrigantes esses vazamentos do processo secreto, com informações seletivas "conseguidas" pela imprensa. 

Segundo tem sido divulgado, o Congresso e suas CPMI, a Presidência da República e outros órgãos dos três poderes ainda estão impedidos de ter acesso ao processo ultrassigiloso. 

Contudo, a "Veja", o "Jornal Nacional", agora o "Estadão", volta e meia, publicam trechos e áudios extraídos do processo. Será que há grave corrupção na compra e venda dessas informações vazadas? Ou é simples gentileza com a imprensa, por pura ideologia partidária dos delegados da Operação Lava-Jato, que já se declararam publicamente (no facebook) radicais aecistas e antiPT, antiDilma ? Ou o padrão no Brasil é esse mesmo e azar do que é certo? Creio que esses fatos e dúvidas aparentemente gravíssimos merecem investigação rigorosa, no mínimo explicação à população. 

Vejamos o interessante artigo de Fernando Brito]:
   
Na “lista da propina”, falta dinheiro, ou faltam políticos ou falta verdade

Por Fernando Brito

"Muito estranha a lista dos beneficiários de dinheiro de empreiteiras que trabalhavam para a Petrobras, divulgada ontem (19) pelo Estadão.

Dos valores citados, chega-se á conclusão que os maiores foram para políticos de oposição, em valores [elevados] que, de forma alguma, poderiam ser confundidos com doações eleitorais: Eduardo Campos/PSB (R$ 20 milhões) e Sérgio Guerra/PSDB (R$ 10 milhões).

Supõe-se que, embora hoje ambos estejam mortos, Costa tem os meios de demonstrar como e por que meios foram feitos os repasses. [Aliás, a lista do "Estadão" também é muito estranha porque os únicos apontados fora da base aliada, 
Eduardo Campos e Sérgio Guerra, estão mortos...]

Aliás, o mesmo deve se aplicar àqueles que, diz o jornal, “segundo o ex-diretor de Abastecimento, recebiam repasses com frequência ou valores que chegaram a superar R$ 1 milhão”.

Mas, estranhamente, a reportagem afirma que “sobre vários políticos, o ex-diretor da estatal apenas mencionou o nome. Não revelou valores que teriam sido distribuídos a eles ou a suas agremiações”.

Muito pouco para quem quem está “enojado”, “arrependido” e disposto a “entregar tudo”.

E para quem vai sair livre depois de ter roubado – com todo esse “nojo” alegado – R$ 23 milhões de dólares, com a ajuda da família, também perdoada.

Não tenho a menor simpatia por nenhum dos citados – muito ao contrário, na maioria dos casos – mas é preciso discernir entre o que é pedir para conseguir doações [eleitorais] e negociar contratos para receber propina.

Porque, se pedir doações eleitorais de empresas for crime, dos 513 deputados e 81 senadores sobraria uma dúzia, se tanto.

Nenhuma empresa doará se não se lhe pedir, não é?

Goste-se ou não (viu, Ministro Gilmar Mendes?) é assim que funcionam eleições com financiamento privado de campanhas.

É algo completamente diferente, senão do ponto de vista moral, do ponto de vista jurídico.

O tráfico de influência, juridicamente, liga o pedido à promessa de uma vantagem.

Dizem as metáforas jurídicas que teria vindo de um certo Vetronio Turino, que vendia supostos favores do imperador romano Alessandro Severo e que foi executado com fumaça, pois fumaça vendia.

Não duvido que os demais políticos citados tenham pedido a Paulo Roberto Costa que conseguisse doações de empreiteiras para suas campanhas.

Centenas de candidatos a deputado, a senador, a governador, a vereador pediram diretamente ou solicitaram a alguém que pedisse dinheiro a empreiteiras. No mínimo, aceitaram que alguém pedisse em seu nome.

Será que as empreiteiras, as citadas na Lava Jato e outras, foram bater na porta de Aécio Neves
/PSDB e dizer “queremos te doar R$ 50 milhões”?

Será que a Odebrecht (diretamente ou através de sua controlada Foz do Jaceaba) doou mais de R$ 7 milhões a Aécio, sem contar os R$ 4 milhões da Braskem, da qual é sócia?

Será que os candidatos mandam pedir ao contínuo das empresas?

Se essa lista for tratada sem hipocrisia, ela é muito pequena.

Se for olhada frente à realidade política que faz as campanhas mergulharem na tenebrosa promiscuidade,  pode incluir quem não fez nada além de pedir que pedisse, sem prometer ou acenar com vantagem.

E se for olhada pelo ângulo do dinheiro, está faltando, se chegou à casa dos bilhões que se diz ter chegado.

Tem contra-sensos evidentes, como dar 20 milhões de reais à campanha de um governador e, supostamente, um décimo disso a uma campanha presidencial. Aliás, a Odebrecht deu o mesmo valor às campanhas de Dilma e de José Serra, naquele ano…

Ou será que foi Costa que prometeu conseguir doações para construir uma teia de simpatias para que ele próprio pudesse, “enojadamente”, roubar a Petrobras?

De qualquer forma, a registrar que o “vazamento seletivo”, antes circunscrito aos Ministério Público Federal do Paraná, chegou à Procuradoria-Geral da República.

A ver como reagirá o Procurador-Geral Rodrigo Janot a isso.

Porque, se ele mantém esses depoimentos a sete chaves, deve saber quem deles poderia “catar” nomes.

Ou se quem os enviou a ele está fazendo isso, traindo seu dever funcional."


FONTE: escrito Por Fernando Brito em seu blog "Tijolaço"  (http://tijolaco.com.br/blog/?p=23838).[Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].

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