terça-feira, 30 de dezembro de 2014

OTAN É A MÃE DO CAOS NA LÍBIA





OTAN: A inegável mãe do caos na Líbia 2014 

"Cairo (Prensa Latina): [Apesar da] falta de maior sinceridade dos chanceleres de países europeus Itália e França, [mesmo assim] reconheceram no fim deste ano 2014 que a agressão militar da OTAN, da que ambos são membros, desatou o caos na Líbia. 

Por suposto que a culpa é parcial: nem Paolo Gentiloni, nem Laurent Fabius questionaram "a agressão militar" contra um governo constitucional, mas sim que "os resultados" não têm sido os apetecidos, já que, na Líbia, hoje, o único fato real é o caos.

Dois governos paralelos disputam o poder: um em Trípoli, a capital, encabeçado por Omar al Hassi, legado da Irmandade Muçulmana; e outro, liderado por Abdallah al Thinni, em uma remota localidade do leste do país, próxima à fronteira com Egito, com cujo apoio conta.

Os sinais de agravamento da tormenta líbia surgiram com a deposição, por uma moção de censura, em julho, do premiê Alí Zeidane, submetido a assédio político por legisladores islamistas e cuja autoridade se derrubou quando um barco carregou petróleo em dois portos sob controle de forças secessionistas.

O deslocado premiê foi substituído por Abdallah al Thinni, ministro de Defesa do  seu gabinete, que renunciaria pouco depois depois de ser alvo de um atentado junto a sua família, ainda que permaneceu no cargo até agosto na espera da formação de um gabinete aceitável para todas as forças.

Nesse caso, foram convocadas eleições legislativas após o surgimento na cena política, no princípio do ano, de Jalifa Haftar, ex-alto oficial do Exército de Gadafi feito prisioneiro na guerra contra o Chade e libertado a pedido dos Estados Unidos, país onde residiu durante duas décadas na qualidade de refugiado.

A plataforma de Haftar foi clara desde o princípio: liquidar a influência das milícias islamistas, às quais qualifica de "escória", como única saída à crise perene que vive o país do norte africano.

As eleições deram um resultado surpreendente: a perda de influência dos candidatos da Irmandade Muçulmana que, como era de esperar, não os aceitaram e nomearam um gabinete que conseguiu a sua aprovação no parlamento em uma votação ilegal.

O resultado não se fez esperar: o surgimento de dois governos e uma nova erupção de violência depois das tentativas frustradas do autoproclamado Exército Nacional Libio, comandado por Haftar, de assumir o controle do aeroporto internacional e de outros centros estratégicos de Trípoli.

As forças do ex-militar retornaram a lamber suas feridas em seus bastiões de Bengasi. Este, a recuperar forças e, sobretudo, a negociar com Thinni uma aliança contras as milícias islamistas, admitida pelo premiê semanas atrás quando declarou que o ENL atua por conta de seu Governo.

Nesse contexto, é preciso inserir as influências regionais que gravitam sobre a crise líbia, com o Sudão unido por estreitos laços políticos e econômicos à Irmandade Muçulmana, e o Egito, a Némesis dessa confraria, exercendo pressões em sentido oposto.

Em um plano mais discreto, França e Estados Unidos, que se recusam envolver de maneira mais forte no conflito, por temor a se verem atacados em um pântano, observam os acontecimentos desde distância prudente, mas existem indícios de que apoiam o gabinete de Thinni.

Assim mesmo, existe a quase certeza de que o Sudão está suprindo armas e equipes às milícias islamistas através de sua fronteira norte, que colinda com o sul líbio.

Há poucos dias do fim de 2014, a crise líbia está em seu apogeo, com uma ofensiva de Haftar sobre posições da milícia islamista Fajr Líbia em vários pontos do país e tentativas  do enviado da ONU Bernardino León em procura de uma saída negociada.

O louvável esforço desse diplomata espanhol, alvo de um frustrado atentado à dinamite em novembro, registra como únicos avanços anúncios das partes em conflito de disposição de entabular negociações, cujo destino é mais que incerto."

FONTE: do Correspondente-Chefe da "Prensa Latina" no Egito (http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=4b77dd47a0fdceb8afde02dd6cae9ddf&cod=14866).

Nenhum comentário:

Postar um comentário