domingo, 18 de janeiro de 2015

ECONOMISTAS DOS EUA CRITICAM "AJUSTE" E PEDEM PROTEÇÃO PARA OS POBRES




“Ajuste”: neolibelês e Bacha levam uma surra

Viva Piketty: economistas americanos criticam “ajuste” e pedem intervenção para proteger os pobres ! 

Do portal "Conversa Afiada"


“Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo!” (Lucas, 23:34)

O ansioso blogueiro recomenda enfaticamente o trabalho comissionado pelo CAP, "Center for American Progress", sobre a desigualdade de renda nos países avançados, especialmente nos Estados Unidos e seus efeitos (desastrosos) sobre as perspectivas de longo prazo.

O CAP é um "think tank" americano, inspirado pelos Clinton, para enfrentar a maciça produção intelectual da Direita americana (os institutos Millenium, Casa das Garças, no Brasil).

Lançado na quinta-feira (15/01), o trabalho pode ser lido como uma elegante e competente resposta ao furacão que passou pela comunidade acadêmica e política americana, com o lançamento do livro do Piketty, aquele que o Levy não leu.

No Brasil, como se sabe, o Piketty é um best-seller, mas ninguém ousa comentá-lo.

Porque é irrefutável: quando a renda sobe mais que o produto, o pobre se lasca, o rico se farta e a Democracia vai pro saco !

Piketty é o melhor remédio para fulminar os parvos do “ajuste”.

Outra boa maneira de fulminar esse tipo de parvo será, daqui para a frente, o trabalho do CAP, como demonstra essa reportagem de David Leonhardt, no New York Times:
http://www.nytimes.com/2015/01/15/upshot/trying-to-solve-the-great-wage-slowdown.html?ref=economy&abt=0002&abg=1

Alguns pontos de Leonhardt/CAP:

- depois de 15 anos de estagnação econômica, há razão para o pessimismo nos Estados Unidos;
- a renda e a classe média estagnaram em dois governos dos republicanos (Bush-II) e democratas (Obama);
- a grande onda de redução de salários do Século XXI frustrou os americanos;
- o Canadá e a Austrália – também estudados pelo CAP – não sofreram disso;
- esse é um problema econômico que ameaça os sistemas políticos e a própria Democracia (olha o Piketty aí, amigo navegante !);
- muita gente acha que (a crescente desigualdade) recomenda regimes antidemocráticos (como o da China, sem citar a China);
- como sair dessa ? Fazer como no Canadá e na Austrália (e no Brasil trabalhista – PHA) e promover a massificação da Educação;
- intervir !!! Atenção, Urubóloga !
- intervir no mercado livre para proteger a classe média e os pobres !


Que horror, Urubóloga ! Melhor não ler o Piketty…

Até esses americanos ficaram bolivarianos – PHA

- a classe média conseguiu se proteger melhor onde os sindicatos são mais fortes!!!

Que horror !

- é preciso tornar o sistema tributário mais progressivo: menos impostos para a classe média e mais para os ricos !

Que horror, família Marinho…

Quem botou essas ideias extravagantes no papel ?

Quem são esses Democratas alucinados ?

Afrancesados ?

Maldito Piketty !

É um grupo de economistas americanos, ingleses, canadenses, suecos liderados por Larry Summers, que foi Secretário do Tesouro de Clinton e Reitor de Harvard.

Obama, diga-se de passagem, não levou Summers para o Banco Central, provavelmente porque, àquela altura, Summers se identificava demais com os neolibelês do “ajuste”.

Veja, amigo navegante, o que faz esse Piketty (quando é lido, além de comprado …)

Summers abre a introdução assim (parece uma elegia à notável Ministra Tereza Campello, responsável pelo consagrado mundialmente Bolsa Família):

A História nos diz que as sociedades funcionam quando os frutos do progresso são amplamente distribuídos. Na verdade, nenhuma sociedade jamais deu certo sem que houvesse uma grande, próspera classe média, que abraçasse a ideia do progresso. Hoje, como nunca, se questiona a capacidade se as Democracias de livre mercado podem entregar e compartilhar a prosperidade…
… precisamos de novas instituições políticas e econômicas para fazer o capitalismo do Século XXI funcionar para os muitos e não para os poucos.

… acreditamos que a Democracia deve servir ao bem-comum, à causa da justiça social e às aspirações dos pais e seus filhos.


(Olha o Bolsa aí, minha gente !)

(Note bem: o título do Piketty é “O Capital do Século XXI…)

No capítulo “Políticas” há alguns tópicos que mereceriam a atenção dos neolibelês tupiniquins e do ministro Levy, por exemplo (sem querer acrescentá-lo aos ilustres neolibelês patrícios).

Tópicos que o ansioso blogueiro selecionou para oferecer à Urubóloga em suas matinais divagações:

- a austeridade reduziu a perspectiva de crescimento de longo prazo dos Estados Unidos e da Eurozona;

A austeridade !

- acentuaram-se o aumento da desigualdade de renda e a regressividade do sistema tributário;
- o sistema tributário americano subsidia a riqueza herdada !
Viva o imposto sobre fortunas do Piketty, ministro Levy.

Aquele que os filhos do Roberto Marinho detonaram.

Outros interessantes tópicos: a desigualdade de renda pode afetar a demanda, a longo prazo;

Ou seja, o pobre não vai ter grana para comprar.

- a demora em completar a recuperação pode reduzir o potencial de crescimento das economias avançadas, no longo prazo.

Ou seja, quanto mais a Eurozona insistir no “ajuste”, mais vai para o saco.

O ansioso blogueiro dedica essas reflexões ao brilhante economista Edmar Bacha, hoje comandante da Casa das Garças e, em recente passado, “economista de banco”.

Bacha foi um dos responsáveis pelo lado saudável do Plano Real.

(Sobre o “não saudável” aspecto do Plano Real, leia histórica entrevista com Luis Nassif sobre o – desastroso – papel de André Haras Resende no lançamento do Plano.)

Bacha preencheu uma página inteira no PiG cheiroso (ver no ABC do C Af), na quarta-feira (14/01).

Um desastre ferroviário, diria o Mino Carta.

Primeiro, ele diz: “ninguém é mais ortodoxo que o Levy”.

Mas, não diz por quê.

Como o Ministro Levy não escreveu um décimo das obras do Bacha, ninguém sabe o que ele pensa.

O que se sabe, com certeza, é que, como Bacha, Levy foi até pouco tempo “economista de banco”.

Como o mensalão do PT, e o Neymar, a ortodoxia do Levy ainda está por provar-se.

Mas, o pior não é isso.

Bacha se oferece como um formulador do neo-neolibelismo brasileiro.

Como dar ao neolibelismo brasileiro uma única, mísera ideia nova, original !

Essa a função da copiosa entrevista.

E se comprova que o Bacha e os neolibelês não têm nada a oferecer.

Melhor: têm, sim !

A completa, irremediável mexicana, panamenha, porto-riquenha submissão do Brasil aos Estados Unidos.

Antes, ela admirava a Bélgica.

Foi ele quem disse – quando era de esquerda, como o FHC e o Cerra – que o Brasil era a Belíndia, mistura de Bélgica – pequena e rica – e a gigantesca e miserável Índia.

Hoje, ele reveria o conceito.

Porque Bélgica acabou e a Índia é uma potência …

Como o Brasil …

Os dois estão nos BRICS.

Quá, quá, quá !

Mas, voltando ao "Valor".

O que Bacha tem a propor é a Dilma sugerir ao Obama a volta da ALCA.

Ou seja, a integração do Brasil à economia americana.

Como o NAFTA incorporou o México aos Estados Unidos, para sempre.

Uma ALCA que o Lula e o Celso Amorim detonaram e, hoje, não interessa mais nem aos Estados Unidos !

É como se ele recomendasse que a Dilma equipasse a Força Aérea com uns 14-Bis.

O Obama agora se concentra num Pacto do Pacifico, para incorporar os rivais da China e os sul-americanos que queiram ter dupla militância – no Mercosul e no colo americano.

Quando os neolibelês tucanos – como o FHC, Aécio e Bacha – falam em o Brasil “se integrar às correntes mundiais de comércio”, é isso: entrar no Pacto do Pacífico e derrubar a proteção brasileira.

Entra todo mundo para detonar a produção nacional.

Abrir !

Como queria o 'jênio' do Gustavo Franco.

Abre tudo, mas antes tira os sapatos.

Se, no passado, o Bacha admirava a Bélgica, hoje idolatra o México.

Esse México glorioso, livre do narcotráfico, que não executa estudantes de escolas rurais e que preserva o monopólio da PEMEX.

Ele quer o México.

Quer fazer da Petrobras uma Petrobrax !

Embora diga que não se deve mexer na Petrobras porque “é muito simbólica”.

“Desde que eficiente” !

Mas, logo o México, que voltou à condição de “ditadura perfeita”, como diria o Vargas Llosa ?

Mas, claro, o México é o queridinho das agências de risco (americanas).

O México é estruturalmente dependente dos Estados Unidos.

E, por isso, perdeu a identidade como Nação.

Por isso, os neolibelês estão felizes com o México.

E, na Casa das Garças, só se come tortillas com tequila reposado.

Clique aqui para lerGoverno mexicano participou do ataque contra estudantes de Ayotzinapa”.

Me poupe, diria o Piketyy !


Como disse o Piketty àqueles outros “economistas de banco” que lhe apareceram na USP: me poupem !

Tenham uma única, mísera ideia original !

Como esses Democratas americanos do Larry Summers: chega de “ajuste” !

Ou como diz aquele amigo navegante: todos os neolibelês pensam a mesma coisa.

São um Paul Samuelson mal copiado.

Me poupem !"

FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim n
o seu portal "Conversa Afiada" (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2015/01/16/%E2%80%9Cajuste%E2%80%9D-neolibeles-e-bacha-levam-uma-surra/).

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