A GUERRA E O DÓLAR
Por Valentin Katasonov
"Apesar de muitos funerais terem sido feitos para o dólar americano, ele ainda continua vivo. Nas proximidades do colapso do sistema monetário de Bretton Woods, o dólar constituía quase que 80% das reservas cambiais mundiais (em 1970, ele totalizava 77,2%, e em 1972 – 78,6% das reservas mundiais).
Depois da transição ao sistema negociado na Conferência de Jamaica, em 1976, essa percentagem foi diminuindo gradativamente, alcançando o seu mínimo – 59,0% – em 1995. Nas águas da "globalização financeira", a posição do dólar se fortificou de novo (alcançando 70-71 % entre 1999 e 2001), mas outro declínio, quanto à posição do dólar na composição das reservas cambiais internacionais, foi visto de novo – a sua posição caiu abaixo de 61%, em 2014. De qualquer maneira, isso ainda estava acima do nível de 1995.
De acordo com o "Banco de Compensações Internacionais", em abril 2010, 84,9% das transações no mercado das reservas cambiais internacionais tinham sido feitas em dólares, e essa cifra tinha crescido a 87% em abril de 2013. Como comparação, tem-se que a percentagem das transações conduzidas em euros, nesse mesmo período, tinham caído de 39,1 a 33,4 %.
Essas disparidades são muito semelhantes às do panorama econômico internacional do final do século 19 e começo do século 20. Naquela época, a constelação da liderança econômica internacional estava sendo remodelada. Os Estados Unidos estavam em primeiro lugar quanto ao volume da sua produção industrial e agrícola. A Alemanha estava se dirigindo ao segundo lugar em algumas categorias. O Reino Unido, o qual, na maior parte do século 19, tinha sido considerado como “a manufactura do mundo” tinha começado a sua descida para o terceiro lugar. Entretanto, a libra esterlina britânica continuava a ser a moeda internacional, que servia então como um fundo de reserva, assim como para pagamentos internacionais.
Aqui segue uma especificação das reservas monetárias, em percentagem do total da reserva mundial, para as relevantes moedas, em 1913, nas proximidades da 1ª Guerra Mundial: a libra esterlina tinha 47% do total; o franco francês 30%; o marco alemão 16%; enquanto o U.S. dólar tinha 2%, e outras moedas 5% do total. (Officer, Lawrence H. Between the Dollar-Sterling Gold Points: Exchange Rates, Parity, and Market Behavior.Cambridge: Cambridge University Press, 1996).
Como se vê, a parte mantida pelo U.S. dólar era extremamente baixa. A discrepância entre o nível de desenvolvimento econômico dos Estados Unidos e a posição do dólar no sistema financeiro internacional nessa época era similar à discrepância dos nossos dias entre o desenvolvimento econômico da China e a posição do yuan.
Há cem anos, os banqueiros que tinham apostado no dólar estavam precisando de uma guerra mundial para que o dólar pudesse encontrar seu lugar ao sol. No final de 1913, o Congresso dos EUA, sob grande pressão feita pelas “malas carregadas de dinheiro”, votou a favor da criação do "Sistema Federal de Reserva", que começou em 1914 a imprimir notas como moeda nacional unificada dos Estados Unidos. Seis meses mais tarde, a primeira guerra mundial começou. A guerra veio a mudar a balança de poder entre as mais poderosas nações e suas moedas. Em 1928, as reservas cambiais do mundo estavam distribuídas, em termos de percentagem, da seguinte maneira: a libra sterlina tinha 77% do total; o U.S. dólar 21%; e o franco francês 2%. (Officer, Lawrence H.).
Tecnicamente falando, a posição do dólar no mundo hoje em dia é medianamente boa, mas os grandes acionistas do "Sistema da Reserva Federal" devem ficar confundidos pela crescente discrepância entre o PIB americano e a posição do dólar, o qual está se tornando mais instável. Se poucos poderosos países assim o desejassem, eles poderiam coordenar seus esforços, juntar seus recursos, começar a descarregar suas reservas de dólares, e causar o colapso do dólar. Entretanto, o poder dos mestres da "Reserva Federal" dos Estados Unidos reside no fato de que eles sempre souberam como agir em precaução. Tem-se então que agora se vê sinais de que eles já estão tomando medidas práticas para a proteção do dólar, preparando-se para uma grande guerra.
Durante essa guerra não declarada, os mestres do dinheiro (os acionistas da "Reserva Federal" dos Estados Unidos, FED) irão resolver todos os problemas que o dólar vem acumulando... Por exemplo, sob o subterfúgio de lutar contra o terrorismo e o “dinheiro sujo”, os Estados Unidos poderão fazer uma “reforma monetária”. Em essência, essa poderia ser muito simples. A "Reserva Federal" poderia produzir "dólares novos" e providenciar para que os velhos dólares tivessem que ser trocados por esses novos. Nessa ocasião, os que tivessem em suas mãos os velhos dólares precisariam de apresentar provas dignas de fé quanto à legalidade da origem de seus dólares. Filtros rigorosos poderiam ser postos para garantir que a maioria das notas dos velhos dólares não iriam passar nesse “exame” e ficariam assim sem valor nenhum. Dessa maneira, o problema do Tio Sam, o de estar sucumbindo abaixo do peso da “bagagem-dólar”, seria eliminado. Entretanto, essa não seria a melhor opção dos EUA – um tal inesperado roubo do mundo inteiro poderia fazer com que outros países passassem a usar suas próprias moedas nas suas transações internacionais, criar moedas regionais, ou completa e simplesmente rejeitar o dólar.
Dessa mesma maneira, outros métodos econômicos poderiam ser usados nessa terceira guerra mundial não declarada. Por exemplo, apesar de que a Terra está inundada com as “verdinhas”, o poder de compra do dólar no mercado de "commodities" é bastante elevado. Não se vê no horizonte nenhuma ameaça de superinflação. É tudo muito simples. A maioria do que se imprime em notas vai para o mercado financeiro. De qualquer modo, existem centenas de maneiras de se diminuir o tamanho, ou mesmo eliminar, esses mesmos mercados financeiros, o que faria com que as “verdinhas” fossem inundar o mercado de "commodities".
Nesse cenário, poderemos ver uma superinflação comparável à experimentada na República Weimar no começo de 1920. Na melhor das hipóteses, nesse caso, o dólar poderia vir a manter só 1% do seu atual poder de compra. Um desastre? Depende de como se olhe para isso. É verdade que os que tivessem em suas mãos trilhões de dólares se encontrariam com nada mais do que fragmentos de papéis [verdinhos]. Só a China tem reservas em ouro que já ultrapassaram US$ 4 trilhões e de “verdinhas” num valor de, pelo menos, 1/3 dessa soma. ["pivot to Asia, anyone?"]
Depois, a América poderia fazer uma reforma monetária e introduzir os "novos dólares". Há mais ou menos cinco anos atrás, falava-se muito a respeito da possibilidade de introduzir uma tal “reforma monetária”, e uma proposta denominada “amero” estava legalmente programada a se tornar o "novo dólar". Essa era uma proposta de unificação das moedas de três países – EUA, Canadá e México. A opção de repor o dólar com o “amero” poderia ser ressuscitada, mas Washington teria que usar força bruta para a impor.
Em todo caso, não há razão para se esperar que a instabilidade global diminua. Essa instabilidade é resultado da fraqueza do dólar e da luta de vida ou morte dos donos das máquinas de impressão da "Reserva Federal". Entretanto, assim como um animal ferido, eles irão lutar até o fim. Apesar das recentes afirmações de que Washington estaria disseminando “caos controlado” através do mundo, podemos agora constatar que esse caos já está praticamente fora de controle. De qualquer maneira, nem mesmo as duas primeiras guerras mundiais acabaram da maneira que os banqueiros que a iniciaram esperavam.
RESUMO
FONTE: escrito por Valentin Katasonov, com o título “War and the Dollar”, no "Strategic Culture Foundation". Transcrito no "Patria Latina" com tradução de Anna de Malm, correspondente de "Pátria Latina na Europa" (http://www.strategic-culture.org). Anna Malm (http://artigospoliticos.wordpress.com www.facebook.com/anna.malm.1238). (http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=cc535d6609c5a9ed0fec0f30ba78b7fd&cod=14996).[Título, imagem do google, trechos entre colchetes e ajustes de forma ao longo do texto introduzidos por este blog 'democracia&política'].
De acordo com o "Banco de Compensações Internacionais", em abril 2010, 84,9% das transações no mercado das reservas cambiais internacionais tinham sido feitas em dólares, e essa cifra tinha crescido a 87% em abril de 2013. Como comparação, tem-se que a percentagem das transações conduzidas em euros, nesse mesmo período, tinham caído de 39,1 a 33,4 %.
A discrepância entre a posição do U.S. dólar nas finanças internacionais vs a posição dos Estados Unidos na economia internacional não pode ser negligenciada. A parte dos Estados Unidos do PIB mundial é atualmente de cerca de 20%. A China já ultrapassou a América em termos de PIB (baseado na paridade do poder de compra das moedas), mas, no mercado de câmbio internacional, só 2,2% das transações foram feitas com o yuan em abril de 2013. Não há dados específicos quanto à parte das reservas cambiais internacionais mantidas em yuan, mas peritos estimam que essa não seria muito maior do que 1%.
Essas disparidades são muito semelhantes às do panorama econômico internacional do final do século 19 e começo do século 20. Naquela época, a constelação da liderança econômica internacional estava sendo remodelada. Os Estados Unidos estavam em primeiro lugar quanto ao volume da sua produção industrial e agrícola. A Alemanha estava se dirigindo ao segundo lugar em algumas categorias. O Reino Unido, o qual, na maior parte do século 19, tinha sido considerado como “a manufactura do mundo” tinha começado a sua descida para o terceiro lugar. Entretanto, a libra esterlina britânica continuava a ser a moeda internacional, que servia então como um fundo de reserva, assim como para pagamentos internacionais.
Aqui segue uma especificação das reservas monetárias, em percentagem do total da reserva mundial, para as relevantes moedas, em 1913, nas proximidades da 1ª Guerra Mundial: a libra esterlina tinha 47% do total; o franco francês 30%; o marco alemão 16%; enquanto o U.S. dólar tinha 2%, e outras moedas 5% do total. (Officer, Lawrence H. Between the Dollar-Sterling Gold Points: Exchange Rates, Parity, and Market Behavior.Cambridge: Cambridge University Press, 1996).
Como se vê, a parte mantida pelo U.S. dólar era extremamente baixa. A discrepância entre o nível de desenvolvimento econômico dos Estados Unidos e a posição do dólar no sistema financeiro internacional nessa época era similar à discrepância dos nossos dias entre o desenvolvimento econômico da China e a posição do yuan.
Há cem anos, os banqueiros que tinham apostado no dólar estavam precisando de uma guerra mundial para que o dólar pudesse encontrar seu lugar ao sol. No final de 1913, o Congresso dos EUA, sob grande pressão feita pelas “malas carregadas de dinheiro”, votou a favor da criação do "Sistema Federal de Reserva", que começou em 1914 a imprimir notas como moeda nacional unificada dos Estados Unidos. Seis meses mais tarde, a primeira guerra mundial começou. A guerra veio a mudar a balança de poder entre as mais poderosas nações e suas moedas. Em 1928, as reservas cambiais do mundo estavam distribuídas, em termos de percentagem, da seguinte maneira: a libra sterlina tinha 77% do total; o U.S. dólar 21%; e o franco francês 2%. (Officer, Lawrence H.).
Tecnicamente falando, a posição do dólar no mundo hoje em dia é medianamente boa, mas os grandes acionistas do "Sistema da Reserva Federal" devem ficar confundidos pela crescente discrepância entre o PIB americano e a posição do dólar, o qual está se tornando mais instável. Se poucos poderosos países assim o desejassem, eles poderiam coordenar seus esforços, juntar seus recursos, começar a descarregar suas reservas de dólares, e causar o colapso do dólar. Entretanto, o poder dos mestres da "Reserva Federal" dos Estados Unidos reside no fato de que eles sempre souberam como agir em precaução. Tem-se então que agora se vê sinais de que eles já estão tomando medidas práticas para a proteção do dólar, preparando-se para uma grande guerra.
Os “mestres do dinheiro” (os donos da por assim dizer impressoras de dinheiro da Reserva Federal) têm várias razões para deslanchar uma grande guerra:
1. Os donos das impressoras de dinheiro precisam manter a demanda e os preços de seus produtos.
A voluntária fuga para os dólares por parte da Europa terminou há cerca de 50 anos. Globalmente, vê-se poucos incentivos econômicos racionais para comprá-lo. Afinal de contas, a "Reserva Federal" está correntemente imprimindo muito mais dólares do que os criados pela economia. As reservas de ouro dos Estados Unidos, mesmo sendo a maior do mundo (acima de 8.000 toneladas), só chegam para apoiar uma fração da oferta dos dólares. Isso só deixa um caminho de ação: o de impor forçosamente ao mundo os “bens” sendo produzidos pela "Reserva Federal". Hoje em dia, só as forças armadas dos Estados Unidos são capazes de dar apoio ao dólar, e a sua principal função está sendo a de assegurar a procura dessas suas notas verdes. O clássico "complexo militar-industrial" americano já de há bom tempo foi transformado em "complexo militar-bancário".
Depois do colapso do sistema monetário de Breton Woods, esse foi substituído por um novo sistema o qual foi projetado na Conferência de Jamaica, 1976. Esse é um sistema de petróleo + dólar, "petrodólar", uma vez que o dólar ficou ligado ao ouro negro, ou seja, ao petróleo, nos meados dos anos 70, quando o comércio do petróleo começou a ser feito exclusivamente em dólares. O petróleo ainda continua sendo a base fundamental do sistema do dólar. Mesmo que os Estados Unidos hoje em dia estejam quase independentes da importação do petróleo, eles continuam a controlar os países exportadores de petróleo. Esse controle é para impedir qualquer movimento na direção de comercializr o “ouro negro” em qualquer outra moeda que não seja o dólar. Para fazer isso, Washington teve que recorrer a operações militares nos países produtores de petróleo, quando necessário para seu objetivo. Isso foi, principalmente, feito no Oriente Médio. Moamar Kaddafi foi deposto e brutalmente assassinado exatamente porque ele mudou dos dólares para o euro em suas transações, planejando mais tarde começar a usar um “dinheiro ouro”.
2. Quando a sua moeda começa a enfraquecer, os Estados Unidos empregam todos os meios possíveis para fortalecer o dólar
Depois do colapso do sistema monetário de Breton Woods, esse foi substituído por um novo sistema o qual foi projetado na Conferência de Jamaica, 1976. Esse é um sistema de petróleo + dólar, "petrodólar", uma vez que o dólar ficou ligado ao ouro negro, ou seja, ao petróleo, nos meados dos anos 70, quando o comércio do petróleo começou a ser feito exclusivamente em dólares. O petróleo ainda continua sendo a base fundamental do sistema do dólar. Mesmo que os Estados Unidos hoje em dia estejam quase independentes da importação do petróleo, eles continuam a controlar os países exportadores de petróleo. Esse controle é para impedir qualquer movimento na direção de comercializr o “ouro negro” em qualquer outra moeda que não seja o dólar. Para fazer isso, Washington teve que recorrer a operações militares nos países produtores de petróleo, quando necessário para seu objetivo. Isso foi, principalmente, feito no Oriente Médio. Moamar Kaddafi foi deposto e brutalmente assassinado exatamente porque ele mudou dos dólares para o euro em suas transações, planejando mais tarde começar a usar um “dinheiro ouro”.
2. Quando a sua moeda começa a enfraquecer, os Estados Unidos empregam todos os meios possíveis para fortalecer o dólar
Meios como, por ex., desestabilizar a situação política de outros países, e mesmo a instigação de guerras civis e regionais. Nesse contexto, os Estados Unidos, apesar da sua crescente deterioração, estão tornando-se uma artificial “ilha de estabilidade”. O capital internacional precipita-se aos Estados Unidos levantando a inflação nas taxas de câmbio do dólar.
Por que os Estados Unidos precisam de um dólar forte? Isso é fácil de responder.
Em primeiro lugar, isso dá aos Estados Unidos acesso à importação barata, o que aumenta o consumo doméstico. Tem-se aqui que uma máquina de imprimir dinheiro, ligada a uma moeda supervalorizada, cria condições perfeitas para uma entidade ou estado parasita.
Em segundo lugar, com a ajuda do alto preço do dólar, os Estados Unidos (ou melhor dizendo os mestres da "Reserva Federal") têm a oportunidade de comprar recursos naturais por todo o mundo, na barateira, assim como também negócios, imóveis e outros bens. Os mestres da "Reserva Federal" precisam do corrente sistema do dólar até que o mundo inteiro esteja abaixo de seu controle.
3) ”Os mestres do dinheiro” (os maiores acionistas da "Reserva Federal") poderão exigir não só na destabilização regional, mas na global, ou em outras palavras, uma guerra mundial.
Em primeiro lugar, isso dá aos Estados Unidos acesso à importação barata, o que aumenta o consumo doméstico. Tem-se aqui que uma máquina de imprimir dinheiro, ligada a uma moeda supervalorizada, cria condições perfeitas para uma entidade ou estado parasita.
Em segundo lugar, com a ajuda do alto preço do dólar, os Estados Unidos (ou melhor dizendo os mestres da "Reserva Federal") têm a oportunidade de comprar recursos naturais por todo o mundo, na barateira, assim como também negócios, imóveis e outros bens. Os mestres da "Reserva Federal" precisam do corrente sistema do dólar até que o mundo inteiro esteja abaixo de seu controle.
3) ”Os mestres do dinheiro” (os maiores acionistas da "Reserva Federal") poderão exigir não só na destabilização regional, mas na global, ou em outras palavras, uma guerra mundial.
Essa destabilização irá levar não só à destruição mútua, ou pelo menos ao enfraquecimento de todos os competidores dos Estados Unidos. Washington, ou melhor dizendo, a "Reserva Federal", exige um modelo do mundo exclusivamente monocêntrico. Entretanto, um tal modelo não pode ser construído sem uma grande guerra. Uma guerra global iria resolver muitos problemas econômicos para os Estados Unidos, problemas econômicos esses que estão ameaçando tornar-se problemas críticos dentro de um período de tempo não muito distante.
Por exemplo, no final de 2013, a sua dívida pública em relação ao PIB era de 104,5%. Essa relação é mais baixa até na Europa, onde se vive uma crise da dívida já há alguns anos. A dívida da eurozona em relação ao seu PIB só totalizava 92,6% no final de 2013.
O problema da dívida externa é um problema de igual gravidade para Washington. Em agosto de 2014, a dívida externa equivalia a 107% do PIB. Um aumento da percentagem dos dividendos seria necessário para servir essas dívidas. Correntemente, só uma pequena percentagem do orçamento dos Estados Unidos (cerca de 7%) é gasto em pagamento de juros para a dívida pública, mas, como se sabe, os juros nos Estados Unidos têm sido simplesmente simbólicos, como resultado do programa denominado como "flexibilização quantitativa" [impressão de dinheiro].
Quando essa impressão de dinheiro diminuir, o custo de pagamento da dívida pública, assim como também de outros tipos de dívidas, vão ter grande subida. Quando isso acontecer, o pequeno clube de poderosos nos Estados Unidos irá provavelmente lembrar-se da história de cem anos atrás. Nas proximidades da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos lideravam o mundo quanto à produção industrial, mas também tinham enormes dívidas externas, principalmente para com a Grã Bretanha. A Primeira Guerra Mundial veio dramaticamente mudar isso. Os seus maiores aliados nessa guerra – Inglaterra e França – ficaram devendo enormemente aos Estados Unidos. No final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos tinham 70% das reservas mundiais de ouro (excluindo-se a União Soviética). Esse fortalecimento dos Estados Unidos possibilitou a legitimização da posição do dólar como moeda internacional, depois das decisões tomadas na conferência de Bretton Woods, em 1944).
Se os EUA se tornassem o único beneficiário por uma terceira guerra mundial, o seu problema com as velhas dívidas iria desaparecer. Washington ficaria na condição de, unilateralmente, apagar as suas dívidas com outros países da sua folha de balancete, através de, arbitrariamente, determinar quais os países que eram os “culpados” pela guerra. Quaisquer exigências feitas por países “culpados” contra os Estados Unidos seriam canceladas por definição, o que foi exatamente o que os "Países Ententes" fizeram contra a Alemanha na Conferência da Paz, em Paris, em 1919. Além do mais, "o vitorioso", ou seja, no caso do cenário aqui estudado, os Estados Unidos, poderiam ser capazes de exigir compensações e restituições das partes “culpadas”. Exatamente também como os "Países Ententes" fizeram na mesma conferência em Paris em 1919. ["Países Ententes" referem-se aos países no “Triplo Entente” – o grupo das principais nações que lutaram no mesmo lado na 1ª Guerra Mundial – (europeanhistory.about)].
A Terceira Guerra Mundial será fundamentalmente diferente de tudo o que o mundo já viu. Ela irá começar sem nenhuma declaração oficial. Apesar de que possamos não ficar conscientes até ao fim, essa guerra, provavelmente, já começou.
Ela incluirá o uso de mercenários (empreiteiros militares particulares), o apoio por parte de 5ª colunas de certos países [no Brasil, já há muitos deles em atuação, na mídia, nos partidos de direita da oposição e em setores da pseudoelite, tradicionalmente antinacionais e americanófilos], o uso ativo da tecnologia “Maidan” ["Euromaidan Revolution", estratégia usada na Ucrânia], o envolvimento da mídia controlada por Washington, a proclamação de sanções econômicas etc. Essa guerra não declarada está sendo escalada com subterfúgios como "guerra contra terrorismo", contra o “Islã Radical”, contra a “Agressão Russa”, contra “Violações dos Direitos Humanos” etc etc.
Por exemplo, no final de 2013, a sua dívida pública em relação ao PIB era de 104,5%. Essa relação é mais baixa até na Europa, onde se vive uma crise da dívida já há alguns anos. A dívida da eurozona em relação ao seu PIB só totalizava 92,6% no final de 2013.
O problema da dívida externa é um problema de igual gravidade para Washington. Em agosto de 2014, a dívida externa equivalia a 107% do PIB. Um aumento da percentagem dos dividendos seria necessário para servir essas dívidas. Correntemente, só uma pequena percentagem do orçamento dos Estados Unidos (cerca de 7%) é gasto em pagamento de juros para a dívida pública, mas, como se sabe, os juros nos Estados Unidos têm sido simplesmente simbólicos, como resultado do programa denominado como "flexibilização quantitativa" [impressão de dinheiro].
Quando essa impressão de dinheiro diminuir, o custo de pagamento da dívida pública, assim como também de outros tipos de dívidas, vão ter grande subida. Quando isso acontecer, o pequeno clube de poderosos nos Estados Unidos irá provavelmente lembrar-se da história de cem anos atrás. Nas proximidades da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos lideravam o mundo quanto à produção industrial, mas também tinham enormes dívidas externas, principalmente para com a Grã Bretanha. A Primeira Guerra Mundial veio dramaticamente mudar isso. Os seus maiores aliados nessa guerra – Inglaterra e França – ficaram devendo enormemente aos Estados Unidos. No final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos tinham 70% das reservas mundiais de ouro (excluindo-se a União Soviética). Esse fortalecimento dos Estados Unidos possibilitou a legitimização da posição do dólar como moeda internacional, depois das decisões tomadas na conferência de Bretton Woods, em 1944).
Se os EUA se tornassem o único beneficiário por uma terceira guerra mundial, o seu problema com as velhas dívidas iria desaparecer. Washington ficaria na condição de, unilateralmente, apagar as suas dívidas com outros países da sua folha de balancete, através de, arbitrariamente, determinar quais os países que eram os “culpados” pela guerra. Quaisquer exigências feitas por países “culpados” contra os Estados Unidos seriam canceladas por definição, o que foi exatamente o que os "Países Ententes" fizeram contra a Alemanha na Conferência da Paz, em Paris, em 1919. Além do mais, "o vitorioso", ou seja, no caso do cenário aqui estudado, os Estados Unidos, poderiam ser capazes de exigir compensações e restituições das partes “culpadas”. Exatamente também como os "Países Ententes" fizeram na mesma conferência em Paris em 1919. ["Países Ententes" referem-se aos países no “Triplo Entente” – o grupo das principais nações que lutaram no mesmo lado na 1ª Guerra Mundial – (europeanhistory.about)].
A Terceira Guerra Mundial será fundamentalmente diferente de tudo o que o mundo já viu. Ela irá começar sem nenhuma declaração oficial. Apesar de que possamos não ficar conscientes até ao fim, essa guerra, provavelmente, já começou.
Ela incluirá o uso de mercenários (empreiteiros militares particulares), o apoio por parte de 5ª colunas de certos países [no Brasil, já há muitos deles em atuação, na mídia, nos partidos de direita da oposição e em setores da pseudoelite, tradicionalmente antinacionais e americanófilos], o uso ativo da tecnologia “Maidan” ["Euromaidan Revolution", estratégia usada na Ucrânia], o envolvimento da mídia controlada por Washington, a proclamação de sanções econômicas etc. Essa guerra não declarada está sendo escalada com subterfúgios como "guerra contra terrorismo", contra o “Islã Radical”, contra a “Agressão Russa”, contra “Violações dos Direitos Humanos” etc etc.
Durante essa guerra não declarada, os mestres do dinheiro (os acionistas da "Reserva Federal" dos Estados Unidos, FED) irão resolver todos os problemas que o dólar vem acumulando... Por exemplo, sob o subterfúgio de lutar contra o terrorismo e o “dinheiro sujo”, os Estados Unidos poderão fazer uma “reforma monetária”. Em essência, essa poderia ser muito simples. A "Reserva Federal" poderia produzir "dólares novos" e providenciar para que os velhos dólares tivessem que ser trocados por esses novos. Nessa ocasião, os que tivessem em suas mãos os velhos dólares precisariam de apresentar provas dignas de fé quanto à legalidade da origem de seus dólares. Filtros rigorosos poderiam ser postos para garantir que a maioria das notas dos velhos dólares não iriam passar nesse “exame” e ficariam assim sem valor nenhum. Dessa maneira, o problema do Tio Sam, o de estar sucumbindo abaixo do peso da “bagagem-dólar”, seria eliminado. Entretanto, essa não seria a melhor opção dos EUA – um tal inesperado roubo do mundo inteiro poderia fazer com que outros países passassem a usar suas próprias moedas nas suas transações internacionais, criar moedas regionais, ou completa e simplesmente rejeitar o dólar.
Dessa mesma maneira, outros métodos econômicos poderiam ser usados nessa terceira guerra mundial não declarada. Por exemplo, apesar de que a Terra está inundada com as “verdinhas”, o poder de compra do dólar no mercado de "commodities" é bastante elevado. Não se vê no horizonte nenhuma ameaça de superinflação. É tudo muito simples. A maioria do que se imprime em notas vai para o mercado financeiro. De qualquer modo, existem centenas de maneiras de se diminuir o tamanho, ou mesmo eliminar, esses mesmos mercados financeiros, o que faria com que as “verdinhas” fossem inundar o mercado de "commodities".
Nesse cenário, poderemos ver uma superinflação comparável à experimentada na República Weimar no começo de 1920. Na melhor das hipóteses, nesse caso, o dólar poderia vir a manter só 1% do seu atual poder de compra. Um desastre? Depende de como se olhe para isso. É verdade que os que tivessem em suas mãos trilhões de dólares se encontrariam com nada mais do que fragmentos de papéis [verdinhos]. Só a China tem reservas em ouro que já ultrapassaram US$ 4 trilhões e de “verdinhas” num valor de, pelo menos, 1/3 dessa soma. ["pivot to Asia, anyone?"]
Depois, a América poderia fazer uma reforma monetária e introduzir os "novos dólares". Há mais ou menos cinco anos atrás, falava-se muito a respeito da possibilidade de introduzir uma tal “reforma monetária”, e uma proposta denominada “amero” estava legalmente programada a se tornar o "novo dólar". Essa era uma proposta de unificação das moedas de três países – EUA, Canadá e México. A opção de repor o dólar com o “amero” poderia ser ressuscitada, mas Washington teria que usar força bruta para a impor.
Em todo caso, não há razão para se esperar que a instabilidade global diminua. Essa instabilidade é resultado da fraqueza do dólar e da luta de vida ou morte dos donos das máquinas de impressão da "Reserva Federal". Entretanto, assim como um animal ferido, eles irão lutar até o fim. Apesar das recentes afirmações de que Washington estaria disseminando “caos controlado” através do mundo, podemos agora constatar que esse caos já está praticamente fora de controle. De qualquer maneira, nem mesmo as duas primeiras guerras mundiais acabaram da maneira que os banqueiros que a iniciaram esperavam.
RESUMO
A Terceira Guerra Mundial será fundamentalmente diferente de tudo o que o mundo já viu. Ela irá começar sem nenhuma declaração oficial. Apesar de que possamos não ficar conscientes até ao fim, essa guerra provavelmente já começou. Ela virá a incluir o uso de mercenários (empreiteiros militares particulares); o apoio por parte das 5ª colunas de certos países [no Brasil, já há muitos deles, na mídia, partidos da oposição direitista e em setores da pseudoelite, tradicionalmente antinacionais e americanófilos]; o uso ativo da tecnologia “Maidan” ["Euromaidan Revolution", estratégia usada na Ucrânia]; o envolvimento da mídia controlada por Washington; a proclamação de sanções econômicas etc. Essa guerra não declarada já está sendo perpetrada utilizando subterfúgios como "guerra contra o terrorismo", contra o “Islã Radical”, contra a “Agressão Russa”, contra “Violações dos Direitos Humanos” etc. etc. Durante essa guerra não declarada, os mestres do dinheiro (os acionistas da "Reserva Federal" dos Estados Unidos, FED) iriam resolver todos os problemas que o dólar vem acumulando …
Não há nenhuma razão para que se espere que a instabilidade global diminua. Essa instabilidade é sinal da fraqueza do dólar, e do campo de vida ou morte dos donos da máquina de impressão de dinheiro da "Reserva Federal". Assim como um animal ferido, eles irão lutar até o fim…"
FONTE: escrito por Valentin Katasonov, com o título “War and the Dollar”, no "Strategic Culture Foundation". Transcrito no "Patria Latina" com tradução de Anna de Malm, correspondente de "Pátria Latina na Europa" (http://www.strategic-culture.org). Anna Malm (http://artigospoliticos.wordpress.com www.facebook.com/anna.malm.1238). (http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=cc535d6609c5a9ed0fec0f30ba78b7fd&cod=14996).[Título, imagem do google, trechos entre colchetes e ajustes de forma ao longo do texto introduzidos por este blog 'democracia&política'].
Muito bom artigo.
ResponderExcluirdicas que vão te ajudar nas finanças. Está com problemas financeiros? Calma! Nós separamos algumas dicas simples para você praticar no dia a dia e que Clique Aqui
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